Tom Boonen tirá toda uma equipa a apoiá-lo para que consiga despedir-se com o sonhado quinto triunfo no Paris-Roubaix (Fotografia: Facebook Tom Boonen) |
Isto para dizer que se escreverá sobre Boonen no domingo, talvez como o ciclista que conseguiu a despedida perfeita com uma inédita quinta vitória no Paris-Roubaix, talvez como o ciclista que não conseguiu a inédita vitória, mas que teve uma carreira que o colocam como um dos melhores que a modalidade teve. Se o belga diz que está a tentar não se deixar emocionar pelo que irá viver na sua corrida de eleição, então vamos também guardá-la para o final em Roubaix. Por isso, hoje falar-se-á dos outros. Os "outros" não é de todo uma forma pejorativa de tratar os candidatos, mas é que este Paris-Roubaix será uma edição em que as atenções se centram num ciclista que nem é o principal favorito. Boonen tem quatro vitórias e uma Quick-Step Floors 100% concentrada em levar o belga ao triunfo. Até Philippe Gilbert ficou de fora, admitindo que não seria a ajuda ideal, dado não ter muita experiência no Inferno do Norte. Mas os principais favoritos são, e repetindo a expressão utilizada no texto sobre a Volta a Flandres, os suspeitos do costume.
Boonen é sempre um candidato, mas, mais uma vez, é em Peter Sagan e Greg van Avermaet que se centram as apostas. Nenhum venceu em Roubaix e enquanto o primeiro já tem um monumento - a Volta a Flandres, em 2016 - o outro continua a busca pelo monumento que tanto lhe foge. A pressão é naturalmente grande para os dois, mas enquanto o belga da BMC realizou uma excelente fase das clássicas do pavé, com a tripla Omloop Het Nieuwsblad, E3 Harelbeke e Gent-Wevelgem, Sagan (Bora-Hansgrohe) só venceu a Kuurne-Bruxelles-Kuurne. Apesar de normalmente estar na luta - excepto quando abdicou para passar a mensagem que não irá trabalhar mais para outros depois lhe ganharem ao sprint -, a verdade é que só um triunfo nesta fase de clássicas sabe a pouco.
Peter Sagan caiu na Volta a Flandres e a ver vamos como estará fisicamente. O bicampeão do mundo não esconde algum desconforto, mas não é uma situação inédita para o eslovaco, que só não vai com tudo para uma corrida se realmente não conseguir, como aconteceu na Strade Bianche.
Sagan e Avermaet dispensam apresentações prolongadas, tal como John Degenkolb e Alexander Kristoff. Mas quando se fala de pressão, então estes dois ciclistas carregam muita. O alemão venceu o Paris-Roubaix e a Milano-Sanremo em 2015, teve um 2016 para esquecer depois do atropelamento na pré-época, mudou-se para a Trek-Segafredo e apesar de ser notório que até está numa boa forma, está a falhar corrida após corrida nos momentos chaves. Nem chega a estar na discussão. A equipa americana contratou-o a pensar que seria o substituto ideal para Fabian Cancellara. Não se pode dizer que estaria à espera que tivesse o sucesso do suíço, mas na equipa já não se esconde a desilusão e chegou a última oportunidade para salvar esta fase das clássicas.
A chama de Kristoff vai-se apagando a cada corrida que passa. Onde está aquele super norueguês de 2014 e 2015, que venceu a Milano-Sanremo, Volta a Flandres, duas etapas no Tour?... O homem da Katusha-Alpecin vai vencendo, mas não convence e continua a passar ao lado das grandes competições. Na Volta a Flandres até entrou inicialmente no grupo que deixou para trás Sagan e Avermaet, mas foi enorme o esforço fez para se manter nele, sem sucesso. Tony Martin prometeu que a equipa tem umas surpresas para o Paris-Roubaix. Que venham elas e que sejam boas para um Kristoff, que vai desaparecendo da lista de principais candidatos. É difícil acreditar que aos 29 anos já se viu o melhor do norueguês, mas está de facto difícil recuperar a sua melhor versão.
Oliver Naesen (AG2R), Ian Stannard e Luke Rowe (Sky), Jurgen Roelandts (Lotto Soudal) - e porque não André Greipel -, Dylan Groenewegen (Lotto-Jumbo), Arnaud Démare (FDJ) e Edvald Boasson Hagen (Dimension Data) são, sem grande surpresa, mais alguns nomes a ter em conta. Mas vamos juntar também Mathew Hayman. Recorda-se dele? O veteraníssimo australiano que surpreendeu Tom Boonen, quem seguia a corrida e ele próprio ao vencer o Paris-Roubaix no ano passado.
Hayman, um homem de trabalho por excelência, que semanas antes do Paris-Roubaix tinha partido um braço, aproveitou a oportunidade que lhe surgiu e conquistou a maior vitória da sua carreira. E só foram duas. Este ano Hayman disse que a preparação foi bastante diferente, até porque tem estado em competição, enquanto no ano passado esteve na sua garagem a fazer treinos de rolos devido ao braço partido. O australiano de 38 anos foi pai de gémeos, situação que também provocou grandes mudanças na sua vida. Mas regressar ao palco do seu grande sucesso é um momento importante e Hayman sentir-se-á orgulhoso quando colocar o dorsal número 1. "No ano passado não coloquei muita pressão sobre mim e talvez isso seja algo que possa transportar para este domingo. Vou tentar apreciar o dia e apreciar quando colocar o dorsal", referiu Hayman, citado pela sua equipa, a Orica-Scott. E para marcar este dia especial, Hayman teve direito a uma bicicleta personalizada (ver fotografias).
Dizer que Mathew Hayman é um candidato, talvez seja ir longe de mais. Mas o australiano é mais um exemplo como no Paris-Roubaix ser candidato nada garante, pois se há corrida que é rica em surpresas, é esta. Niki Terpstra e Johan Vansummeren são mais dois dos casos recentes de como é possível surpreender os favoritos.
Não se poderia deixar de referir os portugueses. Tal como na Volta a Flandres, Nuno Bico e Nelson Oliveira estarão presentes, ambos pela Movistar. O primeiro terá a oportunidade de continuar a sua evolução ao mais alto nível e logo neste icónico monumento. Já Nelson Oliveira tem mais experiência, foi 18ª na Flandres - Bico abandonou - e o quatro vezes campeão nacional de contra-relógio gosta do Paris-Roubaix. Portanto, é de ficar atento ao ciclista.
Veja aqui a lista de inscritos da 115ª edição do Paris-Roubaix.
Quanto ao percurso, serão 257 quilómetros com 55 em pavé, divididos por 29 sectores, três de cinco estrelas: floresta de Arenberg, onde normalmente se começa a fazer as escolha dos melhores, Mons-en-Pévèle e Carrefour de l’Arbre. O primeiro sector surge aos 98,5 quilómetros. Até aí a corrida deverá ser percorrida com o pelotão a preparar-se para enfrentar o Inferno do Norte, certamente com alguém a arriscar uma fuga. Mas as verdadeiras selecções chegarão com o pavé e será em Arenberg que se espera que se comece a perceber quem tem pedalada para aquela que é considerada a clássica mais dura do ciclismo.
Abram as portas do Inferno do Norte... Mas antes é irresistível voltar a Boonen. Fica aqui este vídeo, no qual alguns colegas da Quick-Step Floors falam deste ciclista que deixará saudades.
Sagan e Avermaet dispensam apresentações prolongadas, tal como John Degenkolb e Alexander Kristoff. Mas quando se fala de pressão, então estes dois ciclistas carregam muita. O alemão venceu o Paris-Roubaix e a Milano-Sanremo em 2015, teve um 2016 para esquecer depois do atropelamento na pré-época, mudou-se para a Trek-Segafredo e apesar de ser notório que até está numa boa forma, está a falhar corrida após corrida nos momentos chaves. Nem chega a estar na discussão. A equipa americana contratou-o a pensar que seria o substituto ideal para Fabian Cancellara. Não se pode dizer que estaria à espera que tivesse o sucesso do suíço, mas na equipa já não se esconde a desilusão e chegou a última oportunidade para salvar esta fase das clássicas.
A chama de Kristoff vai-se apagando a cada corrida que passa. Onde está aquele super norueguês de 2014 e 2015, que venceu a Milano-Sanremo, Volta a Flandres, duas etapas no Tour?... O homem da Katusha-Alpecin vai vencendo, mas não convence e continua a passar ao lado das grandes competições. Na Volta a Flandres até entrou inicialmente no grupo que deixou para trás Sagan e Avermaet, mas foi enorme o esforço fez para se manter nele, sem sucesso. Tony Martin prometeu que a equipa tem umas surpresas para o Paris-Roubaix. Que venham elas e que sejam boas para um Kristoff, que vai desaparecendo da lista de principais candidatos. É difícil acreditar que aos 29 anos já se viu o melhor do norueguês, mas está de facto difícil recuperar a sua melhor versão.
Oliver Naesen (AG2R), Ian Stannard e Luke Rowe (Sky), Jurgen Roelandts (Lotto Soudal) - e porque não André Greipel -, Dylan Groenewegen (Lotto-Jumbo), Arnaud Démare (FDJ) e Edvald Boasson Hagen (Dimension Data) são, sem grande surpresa, mais alguns nomes a ter em conta. Mas vamos juntar também Mathew Hayman. Recorda-se dele? O veteraníssimo australiano que surpreendeu Tom Boonen, quem seguia a corrida e ele próprio ao vencer o Paris-Roubaix no ano passado.
(Fotografias: Orica-Scott) |
Dizer que Mathew Hayman é um candidato, talvez seja ir longe de mais. Mas o australiano é mais um exemplo como no Paris-Roubaix ser candidato nada garante, pois se há corrida que é rica em surpresas, é esta. Niki Terpstra e Johan Vansummeren são mais dois dos casos recentes de como é possível surpreender os favoritos.
Não se poderia deixar de referir os portugueses. Tal como na Volta a Flandres, Nuno Bico e Nelson Oliveira estarão presentes, ambos pela Movistar. O primeiro terá a oportunidade de continuar a sua evolução ao mais alto nível e logo neste icónico monumento. Já Nelson Oliveira tem mais experiência, foi 18ª na Flandres - Bico abandonou - e o quatro vezes campeão nacional de contra-relógio gosta do Paris-Roubaix. Portanto, é de ficar atento ao ciclista.
Veja aqui a lista de inscritos da 115ª edição do Paris-Roubaix.
Quanto ao percurso, serão 257 quilómetros com 55 em pavé, divididos por 29 sectores, três de cinco estrelas: floresta de Arenberg, onde normalmente se começa a fazer as escolha dos melhores, Mons-en-Pévèle e Carrefour de l’Arbre. O primeiro sector surge aos 98,5 quilómetros. Até aí a corrida deverá ser percorrida com o pelotão a preparar-se para enfrentar o Inferno do Norte, certamente com alguém a arriscar uma fuga. Mas as verdadeiras selecções chegarão com o pavé e será em Arenberg que se espera que se comece a perceber quem tem pedalada para aquela que é considerada a clássica mais dura do ciclismo.
Abram as portas do Inferno do Norte... Mas antes é irresistível voltar a Boonen. Fica aqui este vídeo, no qual alguns colegas da Quick-Step Floors falam deste ciclista que deixará saudades.
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