26 de fevereiro de 2017

Volta a Abu Dhabi: uma aposta ganha pela organização e por Rui Costa

(Fotografia: Facebook Volta a Abu Dhabi)
Foram apenas precisas duas edições para que a Volta a Abu Dhabi mostrasse à UCI que tinha lugar entre o calendário World Tour. A terceira realizou-se poucos meses depois da última, pois em 2016 a corrida realizou-se em Outubro, com o Emirado a receber também a gala de fim de temporada. O pouco tempo para preparar a prova não foi um problema e passar a realizar-se em Fevereiro só trouxe benefícios para todos. Sprinters e trepadores têm mais uma oportunidade para preparar a temporada num local com uma meteorologia mais simpática. Bom... quase sempre: este domingo um dilúvio marcou a última etapa. Um pelotão de luxo esteve em Abu Dhabi e estamos a falar de um conjunto de ciclistas que dificilmente se juntam numa grande volta, já que acabam por se dividir entre Giro, Tour e Vuelta. O resultado foi uma corrida que gerou muito interesse, teve uma grande exposição mediática, o que faz com que seja um exemplo de sucesso de uma nova prova do calendário World Tour, depois da Volta ao Qatar ter sido cancelada, a Volta a Turquia ter sido adiada, enquanto outras organizações estão a queixar-se do investimento que poderá não ser recompensado.

E claro, para os portugueses a Volta a Abu Dhabi também ficará para história do ciclismo. A terceira edição fica marcada pelo regresso do campeão do mundo de 2013 às vitórias no World Tour e à conquista de uma prova por etapas. Rui Costa está de regresso ao seu melhor e numa altura perfeita. Venceu na casa da sua equipa (a UAE Team Emirates), do novo patrocinador que salvou a formação de um final abrupto depois do investidor chinês não ter concretizado o apoio prometido.

O ciclista português teve de enfrentar um dia de muita chuva no circuito Yas Marina, onde se realiza o Grande Prémio de Fórmula 1, mas ninguém tentou ameaçar a liderança de Rui Costa. Depois dos 4 Dias de Dunkerque (2009) e de três Voltas à Suíça (2012/13/14), o poveiro volta a conquistar uma corrida por etapas, naquela que é a terceira vitória do ano, depois das etapas rainhas na Volta a San Juan e na de precisamente em Abu Dhabi.

Voltando à organização. As novas competições do World Tour não são de presença obrigatória para as equipas do principal escalão, ao contrário do que acontece com as mais antigas. No entanto, têm de garantir no mínimo dez formações para assegurar a continuidade no calendário em 2018. Das 18 equipas, só a FDJ e a Cannondale Drapac não marcaram presença e das 16 que competiram, só a Sky não apresentou nenhum líder. Aliás, só foram seis dos oito ciclistas que deveriam compor a equipa.

Coincidindo com o início da época das clássicas, pode-se dizer que a Volta a Abu Dhabi foi um estrondoso sucesso. Não contou, naturalmente, com classicistas, nem com contra-relogistas, já que não conta com uma etapa de esforço individual. Mas tendo em conta os ciclistas que lá estiveram... Não será uma preocupação. A ASO, que organiza a Volta a França, encontrou o equilíbrio perfeito para mais uma competição. Mesmo obrigando as equipas a uma deslocação longa ao Médio Oriente, as formações vêem vantagens nessa viagem. Abu Dhabi chegou ao World Tour para ficar e a primeira vitória da corrida ao mais alto nível será sempre recordada como sendo de Rui Costa. Já agora, os anteriores vencedores foram Johan Esteban Chaves e Tanel Kangert.

Classificação final da Volta a Abu Dhabi.


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