Momento da vitória em Jebel Hafeet (Fotografia: Facebook Volta a Abu Dhabi) |
Qualquer vitória conquistada ao mais alto nível no ciclismo nada tem de simples. A utilização desta palavra prende-se com o facto de o triunfo de Rui Costa na etapa rainha da Volta a Abu Dhabi não ser apenas mais uma na sua carreira. As implicações são importantes para o ciclista português e para o futuro da equipa. Mas para começar, ser o primeiro em Jebel Hafeet confirma um sensacional início de temporada. Também venceu a etapa rainha na Volta a San Juan e foi segundo na geral na Volta a Omã.
Primeira grande diferença desta vitória em Abu Dhabi: a corrida pertence este ano ao calendário World Tour. Logo muitos pontos e também muito prestígio, neste último caso reforçado pelo facto de estarmos a falar de um pelotão que nem nas grandes voltas se vê. Basicamente, só a Sky, FDJ e Cannondale-Drapac "faltaram à chamada". No caso da equipa britânica só levou seis dos oito ciclistas que compõem as equipas. Já as formações francesa e americana nem viajaram para o Médio Oriente. Nairo Quintana, Alberto Contador, Vincenzo Nibali, Fabio Aru, Bauke Mollema, Ilnur Zakarin... praticamente todos os principais candidatos a vencer ou a top dez de uma grande volta este ano estão em Abu Dhabi. E se alguns casos a preparação está numa fase inicial, outros estão já em bons momentos, pois estão a preparar a Volta a Itália.
O que é que isto tudo quer dizer? Rui Costa bateu os melhores e bateu-os num jogo táctico perfeito. O próprio admite que a vitória foi mais com a cabeça do que com as pernas. O grupo de luxo que ficou para discutir o subida final contava com os grandes nomes. As atenções estavam, naturalmente, em Quintana e Contador. E foi aqui que Rui Costa demonstrou porque é um dos ciclistas mais inteligentes do pelotão. O português sabia que teria dificuldades em aguentar prováveis ataques e contra-ataques, por isso, atacou ele e aproveitando a cerrada marcação entre o colombiano e o espanhol e com os restantes ciclistas na expectativa, foi-se embora. Primeiro teve dois ciclistas a tentarem acompanhá-lo, mas seria com Ilnur Zakarin (Katusha-Alpecin) que formaria uma aliança para levar o esforço até final.
Contador resolveu que iria apostar em manter-se na roda de Quintana. O colombiano ainda atacou, mas com o espanhol apenas a segui-lo, resolveu não ser ele a puxar o adversário. Enquanto Rui Costa e Zakarin entendiam-se às mil maravilhas, outros começaram a perceber que não podiam esperar pela dupla maravilha de Abu Dhabi. Foram atacando, mas já era tarde. O timing é tudo numa corrida tão táctica e com tantos corredores de qualidade. Rui Costa e depois Zakarin foram perfeitos.
Ao resistir a umas tentativas de aumentar de ritmo de Zakarin, ao sprint o russo não teve hipóteses, como já sabia. Rui Costa venceu, saltou para a liderança e será preciso algo muito anormal para lhe tirar a vitória na geral de Abu Dhabi, já que a etapa de domingo volta a ser plana.
Vamos então às implicações da vitória. Para Rui Costa é a confirmação que é o líder da equipa. Com a Lampre-Merida a relação não correu de feição, mas a mudança de dono e apesar da estrutura ser a mesma, a verdade é que o português reencontrou a melhor forma e o caminho das vitórias. Este é um Rui Costa motivado, alegre e confiante, como há muito não se via. De recordar que antes da etapa de San Juan, não vencia desde os Campeonatos Nacionais de 2015. A nível de corridas do World Tour, a última conquista foi também em 2015, quando a 12 de Junho venceu uma etapa no Critérium du Dauphiné.
Louis Meintjes ganhou o estatuto de líder para a Volta a França que Rui Costa sempre preparou a época em redor. Diego Ulissi era aposta para as provas de um dia e a contratação de Ben Swift trouxe à equipa mais um homem que não veio apenas para ajudar os outros. Com este início de temporada, Rui Costa dá garantias desde cedo que é a escolha certa para se apostar nas corridas em que participar. E este ano há objectivos diferentes definidos, principalmente na estreia agendada para a Volta a Itália, a que se juntará a grande ambição que tem em ganhar a Liège-Bastogne-Liège. Se vai ao Giro para tentar um top dez ou para ganhar etapas ainda não se sabe, mas com esta forma de correr e como parece que tomou novamente o gosto pelo triunfos, é muito provável que Rui Costa vá ao ataque de conquistar etapas.
Abu Dhabi é a terra natal da sua equipa. Aliás, até ao início desta semana, a formação chamava-se UAE Abu Dhabi. Porém, garantiu um patrocinador de peso, a companhia aérea Fly Emirates, e passou a chamar-se UAE Team Emirates. Certamente que havia pressão para fazer um bom resultado "em casa". A vitória? Desejar certamente que os responsáveis desejavam, mas com o pelotão presente era vista como complicada, mas, claramente, não impossível.
A felicidade do patrão Matar Suhail Al Yabhouni Al Dhaheri pode traduzir-se numa aposta cada vez maior neste projecto. Afinal, foi chegar e vencer graças ao português. E claro, ter este resultado mal entrou a Fly Emirates é algo que deixará os directores desportivos muito mais tranquilos e confiantes para a restante temporada. O dinheiro está a entrar e os resultados a aparecerem. É uma vitória que não poderá ficar por aqui. Vão sempre ser exigidas mais. Contudo, Rui Costa deu vida a uma equipa que esteve perto de fechar portas quando o patrocinador chinês não apareceu com o investimento prometido. Rui Costa demonstrou que a UAE Team Emirates oferece condições para se lutar por triunfos e que não está no World Tour apenas como uma aposta momentânea de um investidor.
A felicidade do patrão Matar Suhail Al Yabhouni Al Dhaheri pode traduzir-se numa aposta cada vez maior neste projecto. Afinal, foi chegar e vencer graças ao português. E claro, ter este resultado mal entrou a Fly Emirates é algo que deixará os directores desportivos muito mais tranquilos e confiantes para a restante temporada. O dinheiro está a entrar e os resultados a aparecerem. É uma vitória que não poderá ficar por aqui. Vão sempre ser exigidas mais. Contudo, Rui Costa deu vida a uma equipa que esteve perto de fechar portas quando o patrocinador chinês não apareceu com o investimento prometido. Rui Costa demonstrou que a UAE Team Emirates oferece condições para se lutar por triunfos e que não está no World Tour apenas como uma aposta momentânea de um investidor.
Aos 30 anos, Rui Costa está a sentir-se um líder vencedor, como queria quando deixou a Movistar no final de 2013, poucos meses depois de se ter sagrado campeão do mundo. Se conseguir manter este nível, o português tem garantindo um lugar de destaque numa estrutura que precisava de líder ganhador, mas falta saber se a outra parte irá também aparecer: ciclistas que o apoiem incondicionalmente. Em Abu Dhabi, não se viu, até porque Diego Ulissi e Louis Meintjes não só têm as suas agendas, como ainda estão muitos furos abaixo da forma de Rui Costa.
"Estou satisfeitíssimo com o meu início de época", escreveu Rui Costa no seu blog. E não é para menos. Foi uma travessia no deserto, mas o português está de volta ao seu melhor e com estas vitórias, as expectativas são enormes. Mais pressão? Nunca pareceu ser algo que o preocupasse ou o influenciasse. E agora que voltou às vitórias, a confiança e motivação que precisava estão em alta.
Veja aqui os resultados da terceira etapa da Volta a Abu Dhabi, ganha por Rui Costa.
»»Equipa de Rui Costa com novo patrocinador de peso««
»»A longa espera terminou. Rui Costa voltou às vitórias e bem ao seu estilo««
Veja aqui os resultados da terceira etapa da Volta a Abu Dhabi, ganha por Rui Costa.
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