(Fotografia: Facebook Volta ao Qatar) |
Era a corrida do Médio Oriente mais antiga. Realizava-se desde 2002, com o Qatar a apostar no ciclismo para promover a região. Com uma ajuda dos petrodólares, a organização foi aos poucos convencendo equipas do World Tour a participarem e por isso conta com vencedores como Tom Boonen e Mark Cavendish no palmarés da prova. Em 2017 chegaria finalmente ao nível World Tour, depois de este ano o Qatar ter realizado uns Mundiais de muita polémica. As paisagens marcadas pelo deserto, não só de areia, mas também da ausência de público tornaram-se uma imagem de marca. Naturalmente nada atractiva. Quando parecia que o Qatar queria definitivamente afirmar-se na modalidade, afinal acabou por ser o fim de uma história... sem grande história.
Para fugir ao Inverno europeu, sprinters e ciclistas que tinham como objectivo as clássicas, aproveitavam o sol e os percursos planos do Qatar para começarem as temporadas. O interesse das corridas não era entusiasmante, mas lá aparecia o vento que provocava cortes no pelotão. Ainda assim, o mais normal era ter de esperar pelo sprint final para acontecer algo emocionante. Com a Amaury Sport Organisation (responsável pela Volta a França) a ajudar na organização e com Eddy Merckx a ser uma espécie de padrinho, a Volta ao Qatar foi conquistando o seu lugar no calendário e em 2017 seria uma das novas provas do World Tour, com Tom Boonen a já ter confirmado que iria lá estar.
Num curto (mesmo muito curto) comunicado, a UCI limitou-se a escrever: "Parece que a decisão acontece na sequência de dificuldades em atrair um patrocinador para apoiar financeiramente." Problemas de dinheiro é algo estranho quando se fala do Qatar, mas, se calhar, em causa estará mesmo a falta de interesse mediático na competição e as polémicas do Mundial poderão ter contribuído para afastar potenciais patrocinadores.
Em Fevereiro o intenso calor não é um problema tão grande como foi em Outubro durante os Mundiais. No entanto, a polémica que poderá ter sido decisiva foi a falta de público. Foram uns Mundiais com um cenário desolador. Na zona da meta lá apareceram algumas pessoas, uns holandeses e até foi fotografado um francês. A organização tentava publicar fotografias nas redes sociais com pessoas a apoiar, mas não enganavam ninguém. Os ciclistas sentiram a falta de ambiente e expressaram a sua desilusão por competirem sem ter ninguém a apoiá-los na estrada, numa das competições mais importantes do ano.
Se na Volta ao Qatar tal nunca foi um problema durante tantos anos, agora que seria uma corrida World Tour, a atenção seria outra. Não basta organizar uma competição de forma a mostrar a região ao mundo, através da transmissão televisiva. O ciclismo sem público passa uma imagem desoladora.
A UCI fica agora com um problema de datas em provas World Tour. A entrada de competições permitiu compor o calendário, mas com a saída do Qatar - que se deveria realizar entre 6 e 10 de Fevereiro -, ficará quase um mês sem uma corrida do nível World Tour. Também as senhoras perdem uma das suas competições, pois foram canceladas a prova masculina e feminina.
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