2017 será um ano especial para José Mendes. O ciclista português chega ao World Tour aos 31 anos, envergando a camisola de campeão nacional e ao lado de alguns dos melhores corredores do mundo, com destaque, claro, para Peter Sagan. Há quatro anos que José Mendes está nesta estrutura alemã que apostou muito forte com a chegada de um novo patrocinador, pois não só quer estar no escalão máximo, como quer rapidamente tornar-se numa formação vencedora. "O próximo ano promete muito. A equipa vai sofrer uma grande remodelação, vai dar um grande salto. Conseguiu o Peter Sagan - para mim um dos símbolos máximos do ciclismo actual - assim como Rafal Majka. Regressa o Leopold König... a equipa conseguiu formar um grupo muito forte e estamos muito entusiasmados com a próxima temporada", salientou José Mendes ao Volta ao Ciclismo.
O ciclista português tem sido uma das peças fundamentais no crescimento da então NetApp Endura, agora Bora-Argon 18 e que em 2017 será a Bora-Hansgrohe. José Mendes referiu precisamente a qualidade da estrutura ao longo dos anos, admitindo que se sente muito bem nela. Assistiu a todas estas mudanças nos últimos meses com "grande entusiasmo", sabendo que ia fazer parte do salto para o World Tour. O nível será outro, mas a função na equipa será idêntica. "O meu papel vai continuar o mesmo. Sou um trabalhador para os líderes, principalmente nas etapas de montanha, mas se surgirem oportunidades como as que a equipa me tem dado, tenho que corresponder dentro do possível. Não sou um ciclista ganhador, não tenho grandes vitórias, mas quando é para trabalhar penso que tenho ajudado. Quando a equipa precisa de mim no papel de líder, também consigo resultados no top 10. Penso que a equipa está satisfeita com o meu trabalho", afirmou.
E deverá estar certamente, perante a aposta em José Mendes para fazer parte de uma estrutura tão ambiciosa. Uma das maiores provas de confiança foi a atribuição do dorsal número 1 da formação na Volta a Espanha: "Foi um orgulho e uma responsabilidade que eu assumi. A equipa recebeu convite para duas grandes voltas num ano e apostou os líderes assumidos no Tour e deram-me essa oportunidade na Vuelta."
"A lesão no joelho não me impediu de terminar [a Vuelta], mas limitou-me muito. E aquelas chegadas muito inclinadas prejudicaram ainda mais"
Sem receio e com autoridade, José Mendes rapidamente se foi mostrando no difícil percurso da Volta a Espanha, mas um problema no joelho acabaria por lhe limitar e dificultar a possibilidade de atingir os objectivos traçados. "Penso que no início estava a corresponder com o que estava a ser pedido, mas depois surgiram alguns problemas físicos que me impediram de render o máximo", contou. A José Mendes tinha sido pedido tentar ganhar uma etapa e, se possível, juntar um top 20, sendo que o principal seria sempre a vitória numa das tiradas. Em alguns dias ainda se chegou a ver o português a fazer tudo para se manter no grupo dos favoritos, mas os dias foram passando e o joelho foi limitando cada vez mais as suas prestações.
"A lesão no joelho não me impediu de terminar, mas limitou-me muito. E aquelas chegadas muito inclinadas prejudicaram ainda mais porque era um esforço muito grande para o corpo, mas na parte do joelho senti ainda mais. Chegou a um certo ponto que percebi que não seria possível o top 20. Restava-me tentar entrar numa fuga e talvez conseguir a etapa. Havia essa esperança", referiu. José Mendes não conquistou a desejada etapa e ficou na 54ª posição na geral a 2:05 horas do vencedor Nairo Quintana. Porém, lutou até final, mesmo limitado, naquela que foi considerada por muitos uma das grandes voltas mais difíceis de sempre.
"Gostava de participar no Giro e assim ter a possibilidade de dizer que estive nas três grandes voltas"
"Esta foi a minha segunda Vuelta e foi mais dura do que a outra [em 2013]. Em conversas com colegas no pelotão, eles diziam que não havia o chamado descanso, a etapa tranquila, em que se fosse a um ritmo cómodo para depois disputar o sprint. Houve muitas chegadas em alto e quando assim não era, o percurso era muito sinuoso e havia sempre uma equipa que queria fazer alguma coisa... Foi sem dúvida dura também devido a isso", explicou. E depois da Vuelta e também de duas presenças no Tour, José Mendes tem esperança de estar no Giro: "É a única que ainda não fiz e gostava de participar e assim ter a possibilidade de dizer que estive nas três grandes voltas!"
E porque não um Giro ao lado de Rafal Majka, ou talvez Leopold König, dois possíveis líderes? Já Peter Sagan estará no Tour e nas clássicas. Perante estes nomes de respeito - König é um velho conhecido, pois esteve na estrutura antes dos dois anos na Sky - José Mendes garante que não ficará intimidado. "Não me intimida estar ao lado de Sagan e Majka. Motiva-me. Só tenho a melhorar com a presença deles. Espero fazer muitas corridas com eles e aprender e ajudar", realçou.
O sorriso que a camisola de campeão nacional provoca
Momento da vitória nos Nacionais em Braga
(Fotografia: Federação Portuguesa de Ciclismo)
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Um dos objectivos para 2017 será precisamente tentar repetir o triunfo no Campeonato Nacional, ainda que para já tenha de aguardar pelo planeamento da equipa. "Para mim o Campeonato Nacional é uma obrigatoriedade. Só se houver algum impedimento é que não correrei."
Foi também segundo no contra-relógio, mas tentar fazer uma dobradinha é algo que José Mendes considera muito complicado e o culpado chama-se Nelson Oliveira: "Enquanto ele estiver presente e na sua forma habitual será muito difícil contrariar a qualidade dele. É um especialista nato e eu vou tentar melhorar todos os anos, mas se o Nelson mantiver o nível será complicado. Vou tentar aproximar-me e manter-me pelo menos no pódio."
A chamada para os Jogos Olímpicos que o surpreendeu e o joelho que lhe tirou os Europeus
(Fotografia: Federação Portuguesa de Ciclismo) |
"Fazer parte da missão olímpica, estar ali na aldeia olímpica... é uma experiência que vai ficar para sempre"
Seguiu-se a convocatória para os Campeonatos Europeus, os primeiros abertos à elite. Mas o joelho que lhe deu problemas na Vuelta acabou por o obrigar a ficar em casa. "Sei que normalmente quando se termina uma volta de três semanas, se não se acabar muito desgastado, a seguir pode-se alcançar um bom momento de forma. Os Europeus estavam num timing perfeito. Sentia-me um pouco cansado, mas com um pouco de descanso poderia recuperar a tempo. O que me impediu mesmo foi o problema no joelho", recordou. A sua equipa desaconselhou-o a competir para não correr o risco de agravar e colocar em causa o início de 2017. O médico da federação concordou com o diagnóstico, pois era necessário pensar que "o próximo ano vai ser, sem dúvida, muito importante".
Quanto aos Mundiais, mesmo a 100% fisicamente, José Mendes disse que dificilmente iria, pois o percurso não era de todo para as suas características. E agora o campeão nacional só pensa em preparar 2017, confessando sentir-se muito motivado para começar o ano na reestruturada e ambiciosa Bora-Hansgrohe.
José Mendes Bike Day
Dia 20 Novembro poderá pedalar ao lado do campeão nacional e de outros ciclistas profissionais. O José Mendes Bike Day realiza-se entre Pevidém e Guimarães e tem um propósito 100% solidário. A receita angariada pelas inscrições (cinco euros) irá reverter para os Bombeiros Voluntários de Guimarães. O próprio ciclista já fez o apelo na sua página de Facebook e as inscrições podem ser feitas neste link.
José Mendes Bike Day
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