O regresso do Sporting ao ciclismo não teve um início fácil e parte da temporada acabou por ficar abaixo das expectativas, principalmente a participação na Volta a Portugal. Mas depois de um primeiro ano com alguns condicionalismos, Vidal Fitas, director desportivo, garantiu que se está a trabalhar para corrigir os aspectos negativos, para assim o Sporting-Tavira construir uma equipa mais forte e assumir-se como candidato a vencer a principal prova nacional.
E o primeiro passo rumo à consolidação do projecto foi a renovação de contrato com o italiano Rinaldo Nocentini. "Ele pode dar muito à equipa. A experiência que tem, a maneira como está no pelotão, a maneira como trabalha, como mostra o que é necessário fazer quando se é ciclista e a capacidade mental que se tem de ter... São aspectos que a experiência de Rinaldo pode trazer e é uma mais valia", afirmou Vidal Fitas ao Volta ao Ciclismo, que não hesita em dizer: "Ele traz um conhecimento maior do que todos nós temos." O director desportivo refere-se à experiência World Tour de Rinaldo Nocentini (39 anos), que irá continuar a ser uma das estrelas do pelotão nacional. "Este ano com ele foi muito proveitoso e espero que o próximo também seja."
Porém, a continuidade do ciclista italiano é apenas um dos pontos importantes do Sporting-Tavira de 2017. "A equipa tem de ser mais equilibrada", realçou Vidal Fitas, sem querer abrir muito o livro sobre o trabalho que está a ser feito a nível de contratações. No entanto, "colmatar os pontos em que a equipa está em défice e assim torná-la mais forte" é essencial, tal como um planeamento feito com tempo, algo que não aconteceu este ano.
"O Sporting-Tavira quer assumir-se como candidato na Volta a Portugal"
"A época começou mais tarde do que seria desejável e algumas coisas correram abaixo da expectativa", referiu, realçando que além da questão do planeamento tardio juntou-se um conhecimento do plantel que não era o desejado devido à entrada de muitas caras novas. Só dois ciclistas continuaram do projecto anterior: David Livramento e Valter Pereira. "Uma coisa é saber que são bons, outra coisa é saber o que é que eles podem valer no nosso contexto. E depois são ciclistas jovens. Estamos a falar, por exemplo, do Oscar Brea, Mario Gonzalez, Jesus Ezquerra, ciclistas com 24 anos, que embora estivessem no segundo ano como profissionais, o nosso ciclismo tem características que é necessário conhecê-las." Vidal Fitas disse ainda que o próprio Rinaldo Nocentini teve de se adaptar ao ciclismo em Portugal, apesar de toda a experiência internacional que tem.
Porém, e mesmo com todas as condicionantes que o Sporting-Tavira enfrentou, o director desportivo considera que para o primeiro ano de um projecto de quatro, houve aspectos positivos. Já a Volta a Portugal não foi um deles. "Penso que este ano tínhamos argumentos para nos assumir como candidatos", afirmou, frisando novamente os condicionalismos de toda uma temporada que terão acabado por se reflectir na competição mais importante do ano. Nocentini foi o melhor classificado da equipa em 21º a 28:42 minutos do vencedor Rui Vinhas, enquanto Ezquerra conseguiu a vitória de etapa que salvou a Volta da equipa algarvia. No entanto, fica a garantia por parte de Vidal Fitas que em 2017 o Sporting-Tavira quer assumir-se como candidato.
"O Sporting traz uma responsabilidade acrescida há que já tínhamos [no Tavira], que já era grande"
O Tavira é uma equipa com uma longa história no ciclismo nacional. O Sporting teve uma época de glória e aquele que continua a ser considerado por muitos o melhor ciclista português de sempre, Joaquim Agostinho, foi um dos grandes responsáveis pela fase de ouro do clube. No entanto, há muito que os leões andavam afastado das estradas, juntando-se a um Tavira que procurava um patrocinador para sobreviver. Tudo isto aconteceu depois de uma primeira abordagem à W52 ter falhado por parte do Sporting, numa novela que o ciclismo nacional há muito não estava habituado a ver, com o FC Porto a acabar por se aliar à W52, estrutura que nos últimos anos tem sido a mais forte do pelotão nacional.
"A ligação com o Sporting tem corrido bem, não temos razões de queixa. Penso que independentemente de todos os anos que levamos no ciclismo, tem sido também uma aprendizagem", explicou Vidal Fitas sobre a relação com o clube leonino. Considerou ainda que "o Sporting traz uma responsabilidade acrescida" há que o Tavira tinha "e que já era grande". "Estamos a lidar com ela, a fazer o projecto crescer e levá-lo ao encontro daquilo que se pretende", assegurou.
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