(Fotografia: Facebook Federação Portuguesa de Ciclismo) |
Rui Costa habituou-nos mal. Venceu o título mundial em 2013 e desde então que se passou a olhar para os ciclistas portugueses de outra maneira, percebendo que a possibilidade de grandes vitórias é real e não apenas pelo ciclista da Lampre-Merida. Por isso, quando as coisas não correm tão bem, lá vem ao de cima o pessimismo luso, que, no fundo, não é mais do que uma forma de lidar com a desilusão. No Qatar, a corrida de elite correu, de facto, bastante mal. Não que se esperasse nada de fantástico, mas, apesar do percurso plano não assentar aos nossos ciclistas, havia sempre aquela esperança... Porém, este Mundiais tiveram um lado positivo para a selecção nacional: Portugal tem um conjunto de jovens de grande qualidade, que têm tudo para continuar a aumentar o número de portugueses em grandes equipas internacionais.
Nuno Bico foi claramente o grande destaque de Portugal. O jovem procura equipa para 2017 depois do anunciado fim da Klein Constantia, formação satélite da Etixx-QuickStep, e se alguém tinha dúvidas sobre a sua qualidade, certamente que ficaram dissipadas. O português foi uma das figuras da corrida de sub-23. Não só integrou a fuga, como muito trabalhou nela, mostrando também muita maturidade na forma como encarou a corrida. E se não fosse a falta de ajuda dos colegas de ocasião a partir de certo momento, apenas se pode imaginar o que poderia ter acontecido.
Apanhada a fuga, César Martingil e Ivo Oliveira também mostraram que podem lutar com os melhores. Acabaram prejudicados por serem apenas dois, não sendo fácil a colocação havendo selecções fortes com mais homens. Ainda assim, um 21º e um 27º são dois resultados de realce.
Quanto aos juniores, a corrida não foi fácil já que a fuga acabou por vingar. Porém, João Almeida vai comprovando ser um ciclista com uma margem de progressão muito interessante. Dominou a Volta a Portugal da sua categoria e no Qatar esteve bem no contra-relógio com o 26º lugar. Na prova em linha fechou com o pelotão. O seu colega da equipa da Bairrada, Daniel Viegas, também mostra ser um jovem com potencial. Pedro Teixeira estreou-se nestas andanças e foi mais discreto.
A juventude cumpriu. À elite nada correu bem. Nelson Oliveira não prometia um grande resultado no contra-relógio, visto o percurso não ser ao seu jeito, mas ainda assim ficou desiludido com o 20º lugar. Na prova em linha, José Gonçalves caiu, Nelson Oliveira e Sérgio Paulinho ficaram em grupos atrasados quando o pelotão se partiu e foram forçados a abandonar pela organização. No calor do Qatar e num percurso para sprinters... o melhor é começar a pensar em Bergen, na Noruega, os Mundiais de 2017.
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