André Greipel/Marcel Kittel, Arnaud Démare/Nacer Bouhanni, Giacomo Nizzolo/Elia Viviani, Michael Mathews/Caleb Ewan. Era de qualquer uma desta duplas que se esperaria que independentemente do resultado dos Mundiais do Qatar, pudesse, eventualmente, verificar-se alguma "guerra", principalmente de palavras, após a corrida. São ciclistas de talento e ambição que tiveram de competir dentro da própria selecção pela liderança que estão habituados a ter nas equipas. Com a excepção da Itália, não há história a contar, pois a maioria nem chegou ao fim, ou nem esteve na discussão do sprint final. E quanto aos italianos, lá houve um entendimento e Viviani lançou Nizzolo. A guerra inesperada veio da Noruega, com Alexander Kristoff a acusar Edvald Boasson Hagen de em vez de o ajudar, fez o seu próprio sprint.
Talvez tenha sido toda a frustração de uma época muito aquém do esperado de Kristoff a vir ao de cima, ou então, Boasson Hagen viu mesmo uma oportunidade - se calhar única - e tentou agarrá-la. "Estava bastante chateado quando cortei a meta porque ele podia ter feito o lançamento perfeito, mas acabámos por terminar em sexto e sétimo. Isso não é nada para trazer para casa", desabafou Kristoff ao Cycling News.
Boasson Hagen terminou mesmo à frente do colega que era o líder da equipa. "Era para o Alex. Eu nunca ataquei, mas tentei seguir o Van Avermaet e o Terpstra quando eles tentaram [atacar]. Depois chegou o sprint. Tentei fazê-lo e tinha esperança de o fazer para o Alex, mas não funcionou assim", explicou o norueguês.
Kristoff viu as coisas de maneira diferente: "Eu estava na roda do Edvald a 500 metros [da meta] e estava a pensar que ele devia sair, mas infelizmente para mim ele estava à espera e à espera e depois fez o seu sprint. Eu estava quase a passá-lo, mas ele também foi [ao sprint] e eu perdi um pouco de ritmo e a partir daí nunca fiquei numa posição para ganhar." O ciclista da Katusha disse ainda que tem a certeza que Boasson Hagen o viu: "Ele olhou para trás e viu-me na roda dele e não reagiu."
Ambos os ciclistas têm 29 anos, ambos têm 56 vitórias como profissionais. Porém, em 2014 e 2015 Alexander Kristoff consagrou-se como um dos melhores sprinters e também um homem de clássicas, tendo já vencido a Milano-Sanremo e a Volta a Flandres. 2016 foi um ano fraco, comparativamente com os dois anteriores. Somou dez vitórias, mas passou ao lado das principais competições. Boasson Hagen renasceu na Dimension Data, depois de ter sido um gregário importante na Sky. Tem nove vitórias em 2016, incluindo os títulos nacionais de contra-relógio e da prova de fundo.
O sexto lugar de Boasson Hagen até pode ser visto como um bom resultado, já Kristoff voltou a desiludir. Tendo em conta que a Noruega até tinha dois bons homens no grupo que decidiu o título mundial (algo que a Alemanha e França, por exemplo, não conseguiram fazer), certamente que este desentendimento não foi bem visto pelos responsáveis e vai deixar marcas na relação entre os dois noruegueses.
Sem comentários:
Enviar um comentário