A notícia do regresso do Sporting ao pelotão nacional teve tanto surpreendente como de atribulado. Inicialmente ligados à W52, os leões acabaram por estabelecer um acordo com o Tavira, numa reviravolta que trouxe o ciclismo para as primeiras páginas dos jornais, quando o FC Porto assina com a W52. Porém, todo o mediático processo acabou por retardar a formação da equipa algarvia, agora a vestir-se de verde e branco. A Volta a Portugal acabou por ser uma desilusão, mas Hugo Sabido garante que 2017 tem tudo para ser melhor.
"O nosso director desportivo, Vidal Fitas, esteve o ano todo a trabalhar para que em 2017 já tenhamos todas as condições necessárias para que o Sporting-Tavira renda mais e melhor", assegurou ao Volta ao Ciclismo. O ciclista recordou precisamente o início de temporada atribulado, realçando que "apenas dois ciclistas do antigo Tavira seguiram com a nova equipa", ou seja, David Livramento e Valter Pereira. "Os restantes eram ciclistas novos, um novo ambiente, um novo grupo e creio também que para o Sporting, afastado do ciclismo há 30 anos, foi como uma nova aprendizagem", afirmou.
"[Na Volta a Portugal] não estivemos ao nível pretendido. Creio que foi realmente negativo..."
Tantas caras novas fez com que nos "dois primeiros meses o entrosamento ainda não estivesse bem feito". No entanto, a viagem ao Azerbaijão, no início de Maio, acabou por ser uma viragem para a equipa. "As coisas já funcionaram bem." De tal forma que Rinaldo Nocentini - a estrela com muita experiência World Tour, que foi a grande contratação da equipa - terminou na segunda posição a dois segundos do vencedor. "Quando regressámos tudo continuou bem e culminou com a vitória no Grande Prémio Joaquim Agostinho", disse Sabido, referindo-se ao triunfo do italiano e que, segundo o ciclista, fez a equipa acreditar que a Volta a Portugal ia correr bem. "Mas não foi bem assim...", desabafou.
Hugo Sabido suspira ao pensar no que correu mal: "Não estivemos ao nível pretendido. Creio que foi realmente negativo..." Justifica que "os adversários estiveram mais fortes", garantindo que o Sporting-Tavira "fez o possível". O saldo foi uma vitória de etapa por intermédio do espanhol Jesus Ezquerra e o 21º lugar do líder Rinaldo Nocentini (a 28:42), que sofreu uma queda no início da competição.
"Falo por mim, não me senti bem durante a Volta toda, mas ainda estou a tentar perceber o que foi", confessou o ciclista que não terminou a competição. No entanto, frisou que a restante temporada "correu bem" à equipa.
O benefício do regresso de dois grandes
Hugo Sabido não tem dúvidas que o pelotão ter voltado a contar com Sporting e FC Porto foi benéfico para a modalidade. "Para o ciclismo é um balanço positivo, acima de tudo pela exposição e pela atracção dos orgãos de comunicação social e também pelo público que não estava habituado a torcer pelo ciclismo e assim veio para a berma da estrada apoiar os ciclistas", referiu. Acrescentou que "foi uma mais valia" e espera "que seja para ficar."
"Ainda me sinto apto, ainda gosto de treinar, adoro correr, portanto espero continuar"
O ciclista de 36 anos - que venceu a Volta ao Algarve em 2005 e foi segundo na Volta a Portugal em 2012 - ainda desconhece o seu futuro, mas deixou o recado: "A minha vontade é continuar. Ainda me sinto apto, ainda gosto de treinar, adoro correr, portanto espero continuar." Admitiu que não é fácil viver nesta indefinição ainda mais quando se tem família para sustentar. "O pelotão nacional nesta fase creio que está maioritariamente sem saber o futuro porque também nas equipas os orçamentos jogam-se a partir de Outubro", explicou.
A experiência de Rinaldo Nocentini
A contratação do italiano de 38 anos foi uma das grandes sensações da temporada. Rinaldo Nocentini representou a AG2R durante nove anos, sete dos quais como equipa do principal escalão do ciclismo. Participou nas grandes competições e era um nome conhecido no pelotão internacional.
Hugo Sabido descreveu o agora seu colega como "uma pessoa muito simples, simpática e bem disposta". Para o ciclista português foi importante o contacto com a cultura de Nocentini e a experiência que o italiano adquiriu em corridas importantes. "Eu também sou dos mais velhos da equipa, mas ele de facto tem um palmarés que podemos dizer que é invejável."
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