7 de setembro de 2016

Froome aguenta, Contador promete luta, Chaves está bem... Mas Quintana é o mais forte. Ponto final

Um dos momentos em que Chris Froome descolou dos favoritos (Fotografia: Team Sky)
A 17ª etapa acabou por não produzir o espectáculo esperado. Apesar de ser uma excelente oportunidade para Chris Froome, Johan Esteban Chaves e Alberto Contador tentar reduzir diferenças antes do contra-relógio de sexta-feira, a verdade é que a rampa de Mas de la Costa confirmou o que já vem sendo notório: Nairo Quintana está forte... Nairo Quintana é o mais forte.

Froome chegou mesmo a assustar, pois da única vez que Quintana deu um puxão, o britânico descolou, tendo o mesmo acontecido com os ataques de Contador e Chaves. O ciclista da Sky disse que apenas quis fazer a subida ao seu ritmo e que para ele foi apenas mais um dia de trabalho, tal como será no contra-relógio, pois a estratégia está delineada e é para cumprir. O director da equipa, Dave Brailsford, salientou a força mental de Froome que consegue manter-se calmo sempre que vê os rivais afastarem-se e depois, ao seu ritmo, ir "buscá-los". Com 3:37 minutos para recuperar, aquela quebra de Froome pode ser o seu estilo segundo as palavras do próprio, mas não deixou as melhores indicações e será preciso um super contra-relógio do britânico e um super Froome na etapa de sábado para ainda ambicionar chegar à camisola vermelha. Uma coisa é certa: Froome ainda não desistiu.

Discurso idêntico tem Alberto Contador. O espanhol da Tinkoff ainda tentou ganhar alguma vantagem, mas sem sucesso. Porém, desta feita aguentou-se com Quintana. O pódio é o objectivo mínimo, ainda que diga que não está a pensar nesse resultado. Contador deixou o recado: "Vou lutar pela vitória até ao fim." E também já pensa no contra-relógio, no qual tentará reduzir a diferença de 4:02 minutos. Para Contador, o mais importante do dia acabou por ser o facto de se ter sentido bem, um discurso bem diferente de há uma semana, quando começava a mostrar alguma desilusão pela sua situação.

Quanto a Johan Esteban Chaves, o colombiano da Orica-BikeExchange deixou sinais muito positivos na subida final desta quarta-feira, aumentando o ritmo e ajudando a deixar Froome momentaneamente para trás. São só 20 segundos que os separam e Chaves parece estar bem nesta terceira semana. Não se ouve um discurso de tentar a vitória, até porque o contra-relógio ameaça não ser simpático para Chaves. Mas o ciclista poderá muito bem estar a caminho do seu segundo pódio consecutivo em grandes voltas depois do segundo lugar no Giro. No entanto, terá de ter atenção, pois até pode olhar para o segundo lugar, mas tem de ter atenção a um Contador que lhe pode roubar o terceiro. Chaves está a 3:57 minutos da liderança e tem o espanhol a cinco segundos de distância.

A Volta a Itália é precisamente o exemplo mais recordado por quem recusa dar por decidida a Vuelta. E quem assistiu ao Giro sabe que é possível superar o que parece impossível. Senão, pode perguntar a Vincenzo Nibali. Porém, após este resultado em Mas de la Costa - onde os quatro candidatos chegaram juntos - já só um super Froome ou Contador e um Quintana a fraquejar, ou então acontecer algo inesperado - do género de Steven Kruijswijk no Giro, quando caiu -, impedirá o colombiano de vencer, merecidamente, esta Vuelta. Quintana está a fazer tudo o que não fez na Volta a França. Arrisca, ataca, não fica apenas na roda e está a sentir os benefícios de ser um ciclista que pensa e dá prioridade à sua táctica e não fica apenas à espera da do rival.

Resta-nos esperar que as promessas de luta possam continuar a proporcionar espectáculo nesta excelente Volta a Espanha, primeiro lugar atribuído ou não.

IAM imparável no ano do adeus ao ciclismo

Primeira vitória numa grande volta para Frank (Fotografia: Team Sky)
Mathias Frank foi o vencedor da etapa em mais um triunfo para a equipa que anunciou que ia fechar portas precisamente por falta de resultados. Segunda vitória da IAM na Vuelta, depois de uma no Tour e outra no Giro. Apenas outras três equipas venceram nas três grandes voltas: Sky, Movistar e Etixx-QuickStep. E já lá vão 19 vitórias em 2016, o melhor ano de sempre da equipa suíça que chegou ao pelotão em 2013.

Destaque ainda para Leopold König. Depois do descalabro da etapa de domingo que lhe retirou do top dez para ficar a uma hora da liderança, o checo faz agora pela vida. Não só ainda tenta salvar algo desta Vuelta, como também procura decidir o seu futuro. O checo, de 28 anos, acabou por não confirmar as expectativas da Sky. Contratado em 2015 como candidato para lutar pelo Giro (foi sexto no ano passado) e Vuelta (caso Froome não estivesse presente), König não conseguiu impor-se na exigente equipa britânica, que até garantiu Mikel Landa para 2016, relegando o checo para um papel secundário e incómodo para o ambicioso ciclista.

Foi segundo classificado na etapa desta quarta-feira e quase assustou Mathias Frank nos últimos metros (terminou a seis segundos). Equipa procura-se e König começa a ver que poderá ser difícil conseguir um papel de líder, apesar da sua inegável qualidade para as competições de três semanas.

Etapa 18: Requena-Gandía (200,6 quilómetros)

Uma etapa para os candidatos respirarem fundo - apesar de ser longa - para os dois dias que se seguem: contra-relógio e uma última etapa de dura montanha. Tem uma subida de segunda categoria que poderá ser propícia para ajudar a uma fuga triunfar, mas talvez alguns sprinters consigam recuperar para tentar uma chegada conjunta.


Resumen - Etapa 17 (Castellón / Llucena... por la_vuelta

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