Mais uma vez é na Volta a Espanha que os portugueses aparecem em maior número. Não só se fala de quantidade, mas como de qualidade e se não pensamos em ganhar uma grande Volta, podemos sonhar com uma vitória de etapa porque há ciclistas com o perfil certo para esta Vuelta tão montanhosa. São cinco os portugueses, com diferentes objectivos, mas com papéis importantes nas respectivas equipas.
Sérgio Paulinho (Tinkoff - dorsal 17)
Há muito que é o homem de confiança de Alberto Contador, pelo que a ausência na Volta a França provocou alguma surpresa. O próprio admitiu não só algum desalento, mas também considerou que a equipa escolhida não era a ideal para ajudar o espanhol. Está agora de regresso para a sua 16ª grande volta, oitava Vuelta, tendo vencido uma etapa na estreia, em 2006.
Aos 36 anos debate-se com a questão do final da equipa Tinkoff, desconhecendo-se ainda o futuro do ciclista, medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Atenas (2004). No entanto, não haverá dúvidas que o profissionalismo de Sérgio Paulinho virá ao de cima nas próximas três semanas, pois a sua única preocupação será ajudar Contador a conquistar a quarta Volta a Espanha.
Tiago Machado (Katusha - dorsal 116)
Já se sente alguma saudade daquele Tiago Machado atacante, sempre pronto a tentar uma fuga e a dar espectáculo. No entanto, nestes dois anos de Katusha, o ciclista português (30 anos) acabou por se ter de reservar novamente a um papel mais de gregário. Numa ou outra corrida teve liberdade para se mostrar, mas não tem sido o Machado de outros anos.
No entanto, a Katusha vai passar por uma fase de mudança nesta Volta a Espanha. Sem o seu crónico líder, Joaquim Rodríguez - que optou por terminar a carreira e já não quis competir na Vuelta - e sem Ilnur Zakarin, que fez o Giro e o Tour, talvez o português tenha algum espaço para tentar pelo menos vencer uma etapa.
Esta será a sua oitava grande volta, a quarta Vuelta. O melhor resultado foi um quinto lugar numa etapa precisamente há um ano. Tiago Machado tem andado a treinar no norte do país para esta competição. E numa altura em que tanto se fala do mercado de transferências, também o ciclista português está em final de contrato.
Mário Costa (Lampre-Merida - dorsal 176)
Chegou a oportunidade para o ciclista que cumpre o segundo ano na equipa italiana e também ele procura equipa para 2017. Irmão de Rui Costa, Mário (30 anos) tem vivido na sombra dessa ligação, procurando o seu espaço numa Lampre-Merida que tem tido dificuldade em afirmar-se como uma equipa World Tour competitiva. Mário Costa tem participado em várias corridas, mas sempre na condição de gregário. Paris-Nice, Volta ao País Basco e este ano teve a oportunidade em estrear-se em dois dos monumentos do ciclismo: Paris-Roubaix e Liège-Bastogne-Liège, neste último caso ao lado de Rui Costa. Mário não terminou nenhuma das clássicas.
No entanto, chega agora o momento que poderá ser importante para o futuro do ciclista, que estava na formação portuguesa OFM-Quinta da Lixa antes de ser contratado pela Lampre, onde já estava Rui Costa. Mesmo como gregário, é altura perfeita para Mário Costa mostrar a sua qualidade, numa Vuelta muito exigente, mas muito mediática, dado o grupo de ciclistas de renome que irá participar.
José Mendes (Bora-Aragon 18 - dorsal 191)
Está a ser uma segunda metade de 2016 muito positiva para o ciclista português. José Mendes (31 anos) ficou de fora da Volta a França, mas entretanto foi campeão nacional de estrada e segundo classificado no contra-relógio, foi convocado para os Jogos Olímpicos e agora surge como dorsal um da equipa alemã.
Certamente um sinal de confiança da Bora e que José Mendes quererá agarrar. Está em final de contrato e a equipa prepara-se para subir ao escalão World Tour, com a chegada de um novo patrocinador. A aposta da Bora-Hansgrohe para 2017 é forte, pois já contratou Peter Sagan, por exemplo. José Mendes está assim a lutar por um lugar num conjunto que poderá tornar-se num dos mais fortes do pelotão. E que prestigiante e merecedor seria.
E José Mendes tem qualidade para tal. É um daqueles ciclistas em que as equipas sabem que pode confiar, que vai cumprir o seu papel. O seu melhor resultado foi naturalmente a vitória no contra-relógio no Giro del Trentino há um ano. Será a sua quarta volta, segunda em Espanha. Em 2013 terminou na 22ª posição.
José Gonçalves (Caja Rural - dorsal 205)
A Volta a Espanha teve várias figuras em destaque. A começar com um Nibali que foi desclassificado, um Johan Esteban Chaves que se confirmou como voltista, um Tom Dumoulin que quase surpreendeu os favoritos e até um Nelson Oliveira que garantiu uma vitória para Portugal. Mas houve outro ciclista que muito se escreveu e que conseguiu algum consenso que merecia pelo menos o triunfo numa etapa: José Gonçalves. Ficou por cinco ocasiões no top dez, uma das quais foi mesmo segundo, o que demonstra como o ciclista português andou ao ataque. E muito atacou Gonçalves. Numa palavra, é um ciclista combativo.
Depois da desilusão de ter ficado de fora dos Jogos Olímpicos, José Gonçalves (27 anos), esteve novamente na Volta a Portugal, onde alcançou mais uma vitória de etapa. Mas é a Vuelta que o português mais ambicionou praticamente o ano todo (será a segunda participação). E estamos a falar de um ciclista que conquistou a Volta a Turquia, portanto, está a realizar uma boa temporada que poderá muito bem lhe valer um contrato com uma equipa World Tour, que já merece.
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