30 de agosto de 2016

"Gostava de fazer parte de uma equipa lá fora e competir em grandes corridas"

Amaro Antunes não se intimida com os grandes nomes do ciclismo. A sua ambição é mesmo fazer parte desse mundo e na Volta ao Algarve mostrou que está preparado para outras corridas. Para outro nível de ciclismo. E numa altura em que começa a pensar no seu futuro para 2017, o algarvio desabafou ao Volta ao Ciclismo: "Obviamente que não vou esconder que gostava de fazer parte de uma equipa lá fora e competir em grandes corridas."

Cumpre 26 anos em Novembro e há muito que é apontado como um dos principais talentos nacionais. Este ano entendeu que podia ser a altura da mudança e, por isso, mostrou-se ao lado dos melhores e as suas exibições não passaram despercebidas. Afinal, nas duas principais etapas da Volta ao Algarve, Amaro Antunes foi sétimo na Fóia e quarto no Alto do Malhão. "Conhecia o percurso da Volta ao Algarve como se calhar nunca fiz o reconhecimento de mais nenhuma corrida", recordou, afirmando que só as subidas foram estudadas três vezes. "Ainda mais sou algarvio. Estava a vibrar na minha terra!"

Amaro Antunes acompanhado por Rigoberto Uran no Alto do Malhão
"Já tinha isso em mente [de fazer uma boa prestação] e a equipa também o sabia. Estava planeado", disse, acrescentando que nunca assumiu publicamente a sua ambição de discutir a corrida devido ao nomes que estavam na corrida. "Felizmente as coisas correram muito bem." "Correr bem", talvez não chegue para descrever a sua prestação, pois foi décimo e vejamos quem ficou à sua frente: Geraint Thomas (Sky), Ion Izaguirre (Movistar), Alberto Contador (Tinkoff), Thibaut Pinot (FDJ), Primoz Roglic (Lotto-Jumbo), Tony Gallopin (Lotto Soudal), Ilnur Zakarin (Katusha), Jarlinson Pantano (IAM) e Fabio Aru (Astana e vencedor da Volta à Espanha em 2015). Ou seja, todos ciclistas de equipas World Tour e alguns já com vitórias importantes, como é o caso de Alberto Contador, vencedor de sete grandes voltas. E os que ficaram atrás do português... são outros tantos nomes do melhor que há no ciclismo.

Amaro Antunes entrou definitivamente no radar das equipas estrangeiras e a sua saída de Portugal começa a ser dada quase como inevitável. "Depois da Volta a Portugal quis desconectar um pouco e aliviar um pouco a cabeça da bicicleta. Passei três meses em altitude e era basicamente treinar e casa, casa e treinar. Não me foquei nisso [na transferência]. Agora tenho de estar calmo e esperar que surjam propostas aliciantes", contou.


"Tenho de trabalhar um pouco mais a montanha e melhorar bastante mais o contra-relógio, para que possa discutir algumas corridas importantes"

No entanto, o ciclista algarvio salientou que ainda tem pormenores a melhorar, explicando que está a fazer "treinos bastantes específicos de contra-relógio" e que continua a "aperfeiçoar a montanha". "Sou uma pessoa que gosta sempre de um pouco mais e esse mais diz-me que tenho de trabalhar um pouco mais a montanha e melhorar bastante mais o contra-relógio, para que possa discutir algumas corridas importantes", explicou.

Anúncio do fim da equipa abalou os ciclistas

O sexto lugar na Volta a Portugal foi o seu melhor resultado na competição. Terceiro top dez, que é destacado pelo ciclista. "Na Volta a Portugal ambicionamos sempre fazer um bom resultado e este ano consegui o meu melhor de sempre, o que me deixa muito feliz e vejo que estou com uma progressão de ano para ano bastante boa e é isso o que me está a motivar para os próximos anos", afirmou.

Alejandro Marque era o número um da equipa na tentativa de conquistar a vitória, mas Amaro Antunes tinha claramente liberdade e acabou por ser o melhor da LA Alumínios-Antarte. E tendo em conta o que foi anunciado aos ciclistas antes da prova, há que dar valor ao que o ciclista português fez. "Recebemos a notícia do final da equipa um pouco antes da Volta a Portugal, muito antes de sair na imprensa... Deixou-nos um pouco abalados", confessou, acrescentando que, ainda assim, não afectou o rendimento na corrida.


"[LA Alumínios-Antarte] é uma equipa que já tem muita tradição no ciclismo e é uma pena que deixe de existir"

Mário Rocha, responsável da LA, anunciou publicamente após a Volta a Portugal o fim da equipa, numa decisão que apanhou o ciclismo nacional de surpresa. Apesar de até ambicionar sair para o estrangeiro, Amaro Antunes admitiu que o fim da LA Alumínios-Antarte o deixa "bastante triste". "Faço parte dela há dois anos consecutivos e foi aqui que fiz o meu primeiro ano como profissional [2011]. É uma equipa que já tem muita tradição no ciclismo e é uma pena que deixe de existir."

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