27 de agosto de 2016

Eis o Quintana que tanto se esperava. Mas estará a Movistar preparada para defender a liderança? Ou não será preciso?

Quintana vestiu a camisola que tanto queria (Fotografia: Twitter @Movistar_Team) 
O Alto de la Camperona ia ser o primeiro grande teste aos candidatos. Isso era claro. Rampas que chegavam aos 25%... era o momento para quem quer ganhar começar a mostrar-se. Não se fariam grandes diferenças, mas era a oportunidade para impor respeito ou revelar alguma debilidade. A brutal subida final da oitava etapa da Vuelta não desiludiu e viu aparecer finalmente aquele Nairo Quintana que se esperava desde Julho.

Não foi na Volta a França como ambicionava, mas foi em Espanha que o colombiano reencontrou a sua melhor forma. Depois de ver Chris Froome e a Sky praticamente humilhá-lo (tão cedo não esquecerá o Mont Ventoux), Quintana foi aquele trepador que quando está bem dificilmente alguém o acompanha. Mete aquele ritmo certo e elevado e deixa os adversários a olhar para as suas costas. E foi o que Chris Froome viu... durante um bocado... depois deixou mesmo de o ver.

A demonstração de superioridade deste sábado coloca desde já Nairo Quintana como o grande favorito, ainda que numa competição com tanta montanha e com um contra-relógio na antepenúltima etapa, as diferenças são demasiado pequenas para antecipar um triunfo, até porque nunca se sabe o que esperar de Froome e, agora, de Alberto Contador. Sim, o espanhol teve uma reacção fantástica à queda de ontem. Não só minimizou perdas para o colombiano como até ultrapassou Froome pouco antes da meta. Contador está na luta, mesmo com 1:39 para recuperar.

Quintana queria aquela camisola vermelha. E agora? Estará a Movistar preparada para a defender durante duas semanas? Já nesta etapa levantou-se a questão, pois rapidamente o colombiano ficou apenas com Rubén Fernández e Alejandro Valverde, que nunca saiu da sua roda. A equipa espanhola será a partir de agora obrigada a desgastar-se para controlar as etapas. Quando Fernández ficou na liderança, a Movistar rapidamente quis livrar-se da camisola vermelha. Mas agora é mesmo a sério. Agora é Quintana quem se impôs e terá de ser defendido.

A Movistar vai precisar mais do que o jovem Rubén Fernández. Daniel Moreno terá de aparecer, tal como José Herrada. O seu líder vai precisar de protecção. Ou não? Será que Quintana conseguirá vencer com uma ajuda mínima da equipa? Afinal a Sky está longe do poderio demonstrado do Tour, a Tinkoff nada faz para proteger Contador, Johan Esteban Chaves - que hoje não esteve nada bem - terá quanto muito Simon Yates e Samuel Sánchez ou John Darwin Atapuma, da BMC, não assustam nada.

Falta muita montanha e ao contrário da Volta a França, poderemos estar a preparar-nos para assistir uma luta directa entre candidatos e não uma batalha entre uma equipa e quem se atrevia a tentar atacar, como aconteceu no Tour. Neste momento Alejandro Valverde até é segundo a 19 segundos, mas não atacará certamente o seu líder agora que este está de vermelho, faltando saber como irá a presença na terceira grande volta do ano afectar o seu rendimento. Se se aguentar, poderá ser uma ajuda preciosa para Quintana.

Chris Froome está a 27 segundos e disse que está a sobreviver. Bluff? Talvez só na terceira semana se consiga perceber ao certo se o britânico estará mesmo em condições de conseguir cumprir o objectivo de ganhar o Tour e a Vuelta no mesmo ano. Contador é uma incógnita, mas pelo menos podemos contar com ele para a restante competição.

Esta é a segunda vez que Quintana veste a camisola vermelha. Em 2014 estava precisamente nesta posição quando teve uma queda violenta no contra-relógio que acabou por forçar o seu abandono.

José Mendes, Bora-Argon 18, continua a fazer uma boa Vuelta e é o melhor português. Este sábado foi 45º a 6:53 minutos do vencedor, o surpreendente Sergey Lagutin. Na geral, o campeão nacional é 28º a 4:25 de Quintana.

Quanto a Lagutin, o russo de 35 anos nem queria acreditar que tinha vencido no Alto de la Camperona. O próprio admitiu que nesta fase da carreira já não esperava alcançar a maior vitória, conquistando uma etapa numa grande volta. Mais uma vez, uma fuga triunfou, sendo uma vitória muito desejada pela Katusha de José Azevedo, que sem Joaquim Rodríguez, está na Vuelta precisamente para tentar vencer etapas. Tiago Machado já tinha tentado duas vez, Lagutin concretizou.

Etapa 9: Cistierna- Oviedo / Alto del Naranco (164,5 quilómetros)




Começa em alto, sobe mais um pouco (segunda categoria) e depois tem uma longa descida (atenção a ela), até que é o momento de passar por três terceiras categorias e terminar numa segunda categoria de 5,7 quilómetros a 6,1% de pendente média. Um dia de "rompe pernas" e que será favorável para mais uma fuga triunfar.


Resumen - Etapa 8 (Villalpando / La Camperona... por la_vuelta

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