6 de agosto de 2016

A decisão inesperada na W52-FC Porto

Rui Vinhas tem de se defender no contra-relógio para confirmar a surpresa
(Fotografia: Volta a Portugal)
Não era a posição que a W52-FC Porto pensaria estar quando se aproxima o final da Volta a Portugal. Mas certamente também não estará a incomodar. Já se sabia que era a equipa mais forte, mas daí a ter dois dos seus ciclistas na luta pela vitória, ainda mais um surpreendente Rui Vinhas, um gregário por excelência... Este não foi um dos casos de liderança dividida, que tem tendência a criar problemas. Não, aqui fala-se de um acaso. De uma fuga que resultou e que deu a vantagem a Rui Vinhas, que desde a terceira etapa não mais largou a camisola amarela.

Em algum momento durante esta Volta a Portugal a liderança de Gustavo Veloso na W52-FC Porto foi colocada em causa. O galego procura a terceira vitória consecutiva e sabe que está ao seu alcance, apesar dos 2:25 minutos que tem de desvantagem. Perante a sua capacidade no esforço individual, muito acima do de Rui Vinhas, Veloso sabe que pode ganhar. No entanto, não parece tão descansado como isso.

A Rui Vinhas só quase faltou durante estes dias pedir desculpa ao seu líder por estar de amarelo. Ainda hoje adoptou o discurso que por esta altura... já chateia: "Tenho de ter respeito, ele [Gustavo Veloso] é que é o líder. O respeito é muito bonito." O jornalista da RTP lá puxou por ele e conseguiu apenas um "vou dar o meu melhor no contra-relógio". Já foi não mau. Mas com apenas o esforço individual pela frente é o momento de Rui Vinhas de se assumir como candidato. A vantagem é dele e é bem simpática. Esta poderá ser a única oportunidade que terá para ganhar a Volta a Portugal. Tem 29 anos e tem tido sempre um trabalho de apoio, a que provavelmente voltará após esta Volta. É agora ou nunca para Vinhas.

Que mantenha o respeito, mas perca a quase vassalagem que presta ao galego. Ganhar ao seu líder não será desrespeitá-lo, será... ciclismo. Uma das maravilhosas características desta modalidade: a imprevisibilidade.

A equipa não está a dar ordens para Rui Vinhas ceder a sua liderança e Veloso também demonstrou respeito pelo colega, só pelo facto de constantemente procurar segundos nas metas volantes. Tal demonstrou como o galego queria chegar ao contra-relógio com o menos tempo possível para recuperar.

É impossível a missão de Rui Vinhas?

Não, o ciclista português sabe que pode chegar à vitória, mas irá precisar de realizar um contra-relógio como provavelmente nunca o fez. Nuno Ribeiro, o director desportivo, deixou indicações que vai deixar que os seus atletas resolvam na estrada, sem preferência. Mas ele terá de preferir quem irá acompanhar no contra-relógio e não fará qualquer sentido que não seja com Rui Vinhas, até porque todo o discurso de não existir qualquer conflitualidade cairia em saco roto se afinal Nuno Ribeiro optasse por Veloso e não por aquele, que para todos os efeitos, é o líder da Volta a Portugal.

E certamente que Nuno Ribeiro sabe que também poderá fazer um bocadinho de história, pois desde 2011 que não vence um português, Ricardo Mestre. O ciclista até está agora na W52-FC Porto, poderá dar uns conselhos a um Rui Vinhas que se vê numa posição que nunca esperou.

Claro que a equipa vai viver emoções contraditórias e o próprio Veloso alertou para tal. Se perder, o galego disse que ficará com a sensação que o melhor não ganhou a Volta a Portugal... mas ficará satisfeito pelo colega. Já Rui Vinhas se perder, Veloso também realça que inevitavelmente Vinhas ficará desapontando. Mas o português diz que ficará contente pelo seu líder... discurso de respeito até final e mesmo se ganhar é muito capaz de não mudar nem uma linha!

Que venha o contra-relógio!

Efapel forte, mas ainda não o suficiente
Vitória de Daniel Mestre (Fotografia: Volta a Portugal)

A Efapel consolidou claramente o seu estatuto como a segunda melhor equipa do pelotão nacional, mas ainda não conseguiu debater-se de igual para igual com a W52-FC Porto. Ainda assim, o conjunto de Américo Silva estará satisfeito, pois Daniel Mestre começou a Volta a vencer e terminou da mesma maneira (numa perspectiva de etapas em linha), ao ser o mais forte em Setúbal.

Não vencer a Volta parece não ser uma desilusão total, principalmente quando a razão é, para Daniel Mestre, porque o adversário foi mais forte. Porém, ainda falta uma última luta. Joni Brandão ainda não desistiu de repetir o pódio e no contra-relógio vai atacar o terceiro lugar de Daniel Silva. O ciclista da Rádio Popular-Boavista está também ele motivado para defender uma classificação importante para a equipa.



10ª etapa: Vila Franca de Xira - Lisboa (32 quilómetros)


Regressa o contra-relógio para finalizar a Volta a Portugal, uma decisão que promove o espectáculo, já que em competições tão curtas, uma etapa de consagração não tem grande efeito. Assim, será indecisão até à última. Desta vez não será o Marquês de Pombal o cenário final. Os ciclistas passarão pelo Arco da Rua Augusta antes de cortarem a meta na Praça do Comércio.

Veja os resultados da nona etapa e as classificações da Volta a Portugal.

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