(Fotografia: Facebook Etixx-QuickStep) |
Peter Sagan disse que a primeira etapa da Volta a França de 2016 foi "aborrecida". Olhando para o perfil até seria de esperar que o interesse surgisse apenas na preparação do sprint final. Porém, nada como um pouco de vento para deixar o pelotão muito nervoso e tirar o aborrecimento à tirada. Mas percebe-se Sagan: será aborrecido perder mais um sprint no Tour e continuar sem vitórias de etapas desde 2013.
Numa primeira etapa há sempre uma ansiedade. Mesmo entre os ciclistas mais experientes. É aquela ansiedade de finalmente chegar o momento que tanto esperavam. e para que tanto trabalharam. São os primeiros quilómetros, as primeiras pedaladas. Uns anseiam por tranquilidade (relativa, claro) e não ter problemas, outros pela estreia na volta das voltas e outros por ganharam a etapa. Mas quando à ansiedade se junta nervosismo... eis uma mistura explosiva.
Uma boa parte do dia foi passado perto da costa, o que se traduziu em vento. Pânico!!! Sim, porque a Etixx-QuickStep e a Lotto Soudal lá se foram entretendo a tentar partir o pelotão o que obrigou as equipas dos homens da geral a redobrada atenção para garantir que os seus líder não ficavam em algum corte (Valverde e Quintana bem sabem os danos que tal faz às aspirações).
Até aqui tudo normal (e de aborrecido tem pouco quando pedalam acima dos 50 quilómetros/hora e não a 104 como chegou a aparecer na televisão). Mas lá veio aquele momento. Aquele que muitos temem e que Alberto Contador tem tido tendência a ser protagonista nos últimos anos: uma queda. E que queda! Aquele ombro até assustou e quando Contador explicou que tem o lado direito todo ferido... Mas sim, o espanhol só pensa em voltar à estrada e continuar na luta, afinal já lhe chegou 2011 e principalmente 2014, quando até pedalou 20 quilómetros com uma perna partida até admitir que acabava ali a corrida.
78 KM restants - Chute de Contador - Étape 1... por tourdefrance
Além da queda ainda se assustou com a perda de tempo para um pelotão que ia a grande velocidade. Surgiram relatos que Fabian Cancellara terá dado ordens para que se abrandasse. A confirmar-se, um exemplo, sem dúvida de uma voz de comando que muita falta fará quando terminar a carreira no final do ano.
Voltando a Contador, o espanhol estará a pensar que a má sorte o persegue. Logo na primeira etapa! No entanto, não se pense que não fará tudo para resistir a todas as dores para continuar em prova. No ano passado quase competiu com o braço ao peito depois de uma queda no Giro... e ganhou! E em 2014 recuperou a tempo de ganhar a Vuelta.
Etapa aborrecida? Contador não deve concordar muito com o colega de equipa da Tinkoff.
— Le Tour de France (@LeTour) 2 July 2016
Michael Morkov (Katusha) também terá ficado bastante aborrecido quando caiu de forma violenta contra as grades, tal como Sam Bennett que ficou muito mal tratado numa queda já nos últimos metros que envolveu estes dois ciclistas e outros.
E para acabar, um momento bem mais feliz: Mark Cavendish está de volta! Ganhou e cumpriu um sonho... estragando o de Sagan que disse: "Houve muito stress no grupo para nada e depois, no final, são sempre os mesmo ciclistas na frente." Tendo em conta que no Tour costumam estar sempre os melhores, é normal serem eles a estar na frente a proporcionarem grandes sprints. É o que se pede...
Finalmente de amarelo
O homem afinal emociona-se. E não foi pouco. Mark Cavendish perdeu definitivamente o lado de bad boy. Aos 31 anos, não escondeu o quanto lhe foi especial a vitória deste sábado em Utah Beach, um local histórico, pois foi uma das praias onde os Aliados desembarcaram no Dia D, em 1944, que ditaria o princípio do fim da II Guerra Mundial.
Mas era a vez de se fazer história no ciclismo. Neste momento pouco importaram as 27 vitórias do Tour. Para Cavendish ficará para sempre como o dia em que vestiu finalmente a camisola amarela. Esteve de rosa (no Giro), esteve de vermelho (na Vuelta), mas faltava-lhe a amarela. E a emoção tomou conta do britânico.
Mas era a vez de se fazer história no ciclismo. Neste momento pouco importaram as 27 vitórias do Tour. Para Cavendish ficará para sempre como o dia em que vestiu finalmente a camisola amarela. Esteve de rosa (no Giro), esteve de vermelho (na Vuelta), mas faltava-lhe a amarela. E a emoção tomou conta do britânico.
Bateu Marcel Kittel, André Greipel, Peter Sagan... os melhores. Se era para conquistar a amarela, então merecia que fosse assim, frente às grandes figuras. Por vezes tem ficado a sensação que Cavendish estaria a render-se às evidências que o seu tempo já tinha passado. Porém, este britânico mantém afinal aquele espírito de lutador que tanto o caracteriza. Independentemente do que aconteça no resto do Tour - e até pode perder a liderança já este domingo - a missão está mais do que cumprida. Pois há que salientar algo mais: é histórico para Cavendish e também para a Dimension Data. A equipa sul-africana tem pela primeira vez um ciclista seu como líder do Tour.
Para terminar o primeiro dia do Tour, há ainda a destacar Edward Theuns. O ciclista da Trek-Segafredo - quinto no sprint - faz a sua estreia e também ele já tem uma camisola: a branca, de líder da classificação da juventude. Não é para manter, mas certamente muito honroso para quem acaba de chegar à Volta a França.
Résumé - Étape 1 (Mont-Saint-Michel Utah Beach... por tourdefrance
Veja aqui as classificações após a primeira etapa.
Etapa 2: Saint-Lô - Cherbourg-Octeville (183 quilómetros)
Ao segundo dia e os ciclistas enfrentam logo uma etapa que termina a subir, depois de passarem por três quartas categorias na primeira metade da tirada. A chegada ao Côte de La Glacerie serão três quilómetros que chegam a atingir os 14% de inclinação. É uma tirada mais à imagem de ciclistas com características como Peter Sagan, Greg Avermaet ou John Degenkolb, mas com a dificuldade final, Daniel Martin e Julian Alaphillipe podem ser apostas da Etixx-QuickStep. Não sendo etapa para se fazerem diferenças, ainda assim requer atenção por parte dos candidatos à geral.
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