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Com este triunfo, a equipa sul-africana soma quatro na Volta a França em sete etapas, além de ter Mark Cavendish de camisola verde. Este projecto, que nasceu com a missão de contribuir para a promoção do ciclismo em África, está a tornar-se num dos casos mais interessantes desde que a Sky chegou ao pelotão internacional e transformou todo um método de treino e de corrida.
Quando começou (2008), a MTN-Qhubeka tentou mostrar que também em África é possível encontrar ciclistas com talento e qualidade para estar no World Tour. O crescimento foi feito de ano para ano, sem loucuras e com os resultados a colocarem a equipa no radar do ciclismo internacional e a começar a ser muito falada. As 25 vitórias em 2012 ajudaram, tal como as boas temporadas que se seguiram. Os eritreus Daniel Teklehaimanot e Natnael Berhane tornaram-se referências.
Mas foi em 2015 que a equipa sul-africana deu sinais que tinha chegado a altura de "dar o salto", ainda que continuasse no escalão Profissional Continental. Contrata Stephen Cummings e Edvald Boasson Hagen, dois nomes respeitados e experientes do pelotão. O primeiro estava na BMC, mas já tinha passado pela Sky onde corria o norueguês. Parecia ser um passo atrás na carreira, mas a verdade é que ambos redescobriram a liberdade de perseguir os seus resultados e não ter de trabalhar em prol de um líder apenas. O ponto alto da MTN-Qhubeka chegaria com um triunfo fantástico de Cummings na etapa 14 do Tour, em Mende. Enquanto Thibaut Pinot e Romain Bardet se marcavam mutuamente, o britânico apareceu de rompante e ganhou. E não se pode esquecer que Teklehaimanot chegou a liderar a classificação da montanha.
Voltando a Cummings, o britânico, de 35 anos, somou em Lac de Payolle a quarta vitória do ano e todas elas em provas importantes: Tirreno-Adriático, Volta ao País Basco, Critérium du Dauphiné e agora na Volta a França. Começa a ser difícil pensar que Cummings não vai aos Jogos Olímpicos perante estes resultados.
Para a Dimension Data, a contratação de Cummings mostrou-se tão acertada, como a de Boasson Hagen e claro a de Mark Cavendish. Este último chegou na altura que a equipa passou para o World Tour, mas todo o investimento feito está a ter retorno, mesmo que no caso de Cavendish tenha sido preciso esperar pela Volta a França para o comprovar.
Um insólito para animar a etapa
Enquanto Stephen Cummings pedalava para a vitória, o grupo dos favoritos estava tranquilamente a caminho da meta quando esbarrou no insuflável que marca o último quilómetro. Adam Yates (Orica-BikeExchange) levou mesmo com ele e teve como brinde uns pontos no queixo. O próprio britânico já garantiu que irá continuar em prova e como a organização resolveu registar os tempos aos três quilómetros do fim - devido ao incidente - Yates até subiu ao segundo lugar e lidera agora a classificação da juventude.
Um espectador terá inadvertidamente tirado um parafuso de um dos suportes, provocando que o ar deixa-se de entrar no insuflável. O insólito traz à memória o autocarro da Orica preso nos placares da meta na 100ª edição do Tour.
Para Thibaut Pinot (FDJ) a decisão dos três quilómetros não o salvou do descalabro. O francês está a mais de três minutos de Froome, Quintana e companhia, da qual também não fazem parte Alberto Contador (Tinkoff) e Richie Porte (BMC). A montanha ainda agora começou e a grande esperança francesa já nem ao pódio tem aspirações de chegar.
Quanto a Greg Van Avermaet, quer fazer o impossível? Certamente que não pensa que vai ganhar o Tour, mas quer andar o máximo tempo possível de amarela e com os 5:50 de avanço, até é possível que saia dos Pirenéus com ela vestida.
Para terminar, é oficial: ao fim de uma semana nenhum ciclista desistiu, algo inédito na Volta a França. Até Michael Morkov (Katusha), que sofreu uma aparatosa queda na primeira etapa já perto da meta, continua a terminar em grande esforço as etapas, fazendo constantemente companhia ao carro vassoura, mas sem entrar nele.
Résumé - Étape 7 (L'Isle-Jourdain / Lac de... por tourdefrance
Etapa 8: Pau - Bagnères-de-Luchon (184 quilómetros)
Não é dia para poupanças. Se se é candidato então há que mostrá-lo, seja a atacar ou a defender-se. A etapa é marcada por uma das subidas míticas da Volta a França: o Tourmalet. Serão 19 quilómetros de categoria especial, que levará o pelotão aos 2115 metros de altitude, numa pendente média de 7,4%, que chega a ter mais de 10% de máxima. Mas o Tourmalet será apenas para começar, pois esperam ainda os ciclistas mais três dificuldades, uma de segunda e duas de primeira, antes de descerem até à meta. Há quem considere esta etapa como a mais difícil devido ao percurso que não permite qualquer descanso entre as subidas.
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