Froome já está com a camisola que mais gosta (Fotografia: Twitter @TeamSky) |
O pensamento saltava de "uau, que forma impressionante de descer" para "ai se ele cai". Quando se esperava - e a certa altura já se desesperava - por um ataque na etapa deste sábado, eis que depois de uma subida com pouca acção - apenas umas ligeiras ameaças de ataque -, na descida Chris Froome foi o autor de um daqueles momentos no Tour que será eternamente recordado. Não, não é exagero. A forma como atacou a descida final, como se "deitou" na bicicleta pedalando de forma ortodoxa, mas com uma velocidade que foi deixando a concorrência para trás, era algo que não se esperava de um Froome com tendência a ser um pouco mais cauteloso quando desce.
A forma como o britânico venceu a oitava etapa do Tour é o mais recente exemplo de como a Sky trabalha todos os pormenores. Todos! Com a organização a evitar chegadas em alto logo no início dos Pirenéus - a ideia era manter o suspense durante mais tempo -, a Sky respondeu: se não ganhamos a subir, então tentamos a descer. A decisão não foi no momento. Nada nunca o é na Sky. Fazia parte da táctica e foi óbvio como Froome trabalhou aquela posição aerodinâmica que teve tanto de eficaz como de extremamente perigoso (veja o vídeo).
8 KM à parcourir / to go - Étape 8 / Stage 8... por tourdefrance
"Tens sempre de pensar de forma diferente. Ganhos marginais são conquistados através de constantes melhoramentos e usando o elemento surpresa. Isso é o desporto", salientou Dave Brailsford, director desportivo da equipa.
A Sky continua a escrever um capítulo só seu no ciclismo. Revolucionou a forma de treino, revolucionou a forma de encarar as corridas, o ciclismo profissional entrou numa nova era e as restantes equipas continuam apenas a tentar acompanhar as evoluções que a Sky traz. O problema é que estando na liderança desta evolução, a Sky domina quase a seu belo prazer e só algum azar ou uma falta de aposta da equipa é que faz com que não vença, principalmente quando se fala da Volta a França, que é basicamente a razão de existir da equipa.
Desde que apareceu em 2010, a Sky venceu o Tour com Bradley Wiggins e duas vezes com Chris Froome. Este ano conquistou finalmente o seu primeiro monumento e deu indicações que quer também um Giro e uma Vuelta com a contratação de Mikel Landa. Mas a aposta principal é o Tour e com o ataque na descida de Froome, tudo ficou bem encaminhado para mais uma vitória, ainda que seja muito cedo para preparar o champanhe.
Desde que apareceu em 2010, a Sky venceu o Tour com Bradley Wiggins e duas vezes com Chris Froome. Este ano conquistou finalmente o seu primeiro monumento e deu indicações que quer também um Giro e uma Vuelta com a contratação de Mikel Landa. Mas a aposta principal é o Tour e com o ataque na descida de Froome, tudo ficou bem encaminhado para mais uma vitória, ainda que seja muito cedo para preparar o champanhe.
E atenção, no caso deste ataque nada foi inventado, aliás a própria Sky fala num ataque "old school". A inovação esteve mesmo em colocar Froome a realizá-lo. Longe vão os tempos em que mostrava alguma falta de confiança nas descidas. Desta vez houve confiança e muita, muita, muita coragem. E certamente ainda mais treino.
Nairo Quintana e a Movistar prepararam esta Volta a França ao pormenor na esperança de ter um antídoto para o domínio da Sky. Um super Froome e uma distracção de Quintana e a equipa espanhola está novamente na posição de ter de descobrir como bater o britânico. Acabou-se a postura de esperar para ver.
Um dos pormenores impressionantes desta Sky é a capacidade de controlar uma corrida. Ninguém o quer fazer com a equipa britânica no pelotão. A situação irrita um pouco Brailsford, mas a verdade é que os seus ciclistas são preparados para a situação e têm estado perfeitos nas primeiras dificuldades deste Tour. Só a Movistar tem um poderio que se aproxima da Sky, mas ainda não consegue estar ao mesmo nível e esse factor poderá fazer uma grande diferença.
Este domingo Andorra recebe uma chegada em alto, numa categoria especial. Froome mostrou que aos 31 anos ainda tem cartas na manga com aquela descida, mas agora volta ao seu terreno preferido e a curiosidade para ver como reagem os adversários, principalmente Quintana, e também para saber se o britânico irá voltar a atacar, é enorme.
Uma palavra ainda para Sergio Henao. O colombiano é o verdadeiro substituto de Richie Porte no apoio a Froome e não Geraint Thomas. Grande exibição que comprovou o que já se vinha vendo desde Março: Henao vai tornar-se em mais uma referência dentro da equipa.
Com Mont Ventoux, um contra-relógio e uma crono-escalada e, claro, os Alpes ainda pela frente... muito pode acontecer no Tour. Porém, mais uma vez, esta Sky encontrou aquela pequena vantagem que para já lhe dá 16 segundos sobre o segundo classificado, Andam Yates (Orica-BikeExchange), e 23 sobre Quintana. Por um segundo se ganha, por um se perde. A responsabilidade de mostrar se também tem uma carta na manga é agora da Movistar. A Sky fará o que está habituada a fazer, com ou sem camisola amarela: controlar a corrida.
A agressão
Surgiram imagens nas quais se vê Chris Froome a agredir um adepto que corria ao lado de Nairo Quintana, com o britânico atrás do colombiano. Froome já pediu desculpa e não há dúvida que reagiu de forma exagerada e incorrecta. Porém, é de admirar como estas situações não ocorrem mais vezes. Muito pacientes são os ciclistas com os adeptos que os empurram (lá pensam que estão a ajudar) ou simplesmente lhes resolvem tocar, que correm ao seu lado correndo o risco de provocar uma queda, ainda mais quando o fazem com bandeiras. Froome exagerou e veremos se não sofrerá alguma consequência, mas também aquele adepto foi muito além do apoio que os ciclistas precisam e apreciam. Segurança acima de tudo. Um descuido e meses de trabalho podem ser destruídos só porque alguém resolveu correr demasiado perto de um ciclista.
Etapa 9: Vielha Val d'Aran - Andorre Arcalis (184,5 quilómetros)
O Tour faz uma visita a Espanha e Andorra. Mais uma etapa complicada para os favoritos para fechar uma primeira fase de tiradas na montanha para quem ambiciona vencer o Tour. Segunda-feira é dia de descanso, mas primeiro há muito trabalho pela frente e não seria surpreendente ver alguém tentar fazer diferenças, ainda mais quando se fala de uma etapa que tem a primeira chegada em alto com uma categoria especial em Andorra, que terminará aos 2240 metros. Serão 10,1 quilómetros com uma média de 7,5%, mas antes o pelotão passará por três primeiras categorias (a última é antecedida da descida que levará os ciclistas à subida final) e uma segunda.
Résumé - Étape 8 (Pau / Bagnères-de-Luchon... por tourdefrance
Confira as classificações após a oitava etapa.
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Confira as classificações após a oitava etapa.
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