7 de junho de 2016

Pedalar às cabeçadas, uma marca por registar

As cabeçadas de Bouhanni a Kristoff
Já se sabe, quando chega o momento do sprint é o salve-se quem puder. A luta pela posição é uma autêntica batalha e os toques, os "chega para lá", são normais. Até as cabeçadas não são particularmente anormais. A questão é que lutar por posição não significa entrar em combates que colocam muitos ciclistas em risco. Na primeira etapa do Critérium du Dauphiné não faltaram cabeçadas, de tal forma que a Cofidis vê-se agora debaixo de fogo por parte das outras equipas. E as críticas visam mesmo Nacer Bouhanni. O francês é um dos melhores sprinters da actualidade, mas cada vez mais demonstra uma agressividade que vai além do admissível. No passado já houve quem ficasse com esta fama, mas agora é ele que começa a ficar conhecido por usar a cabeça, literalmente.

Até recentemente era Mark Cavendish quem era mais popular pelas cabeçadas nos sprints. Mas o tempo áureo do britânico já lá vai e como esta forma de sprintar não tem uma marca registada, agora é a vez de Bouhanni. Porém, o francês não quer claramente ser comparado a ninguém, por isso, junta às cabeçadas umas cargas de ombro que há que admirar a destreza que tem em aguentar-se na bicicleta, mas é absolutamente reprovável colocar constantemente em risco os outros ciclistas.

Este ano Bouhanni já foi castigado por esses exageros. Foi desclassificado numa etapa do Paris-Nice quando encostou Michael Matthews (Orica-GreenEDGE) às barreiras. Esse encostar não foi feito apenas com mudança de trajectória, chegou mesmo a empurrar com o corpo o australiano.

Na etapa do Critérium du Dauphiné a situação não foi tão grave e nem foi ele o único. Aliás, até parecia que a Cofidis tinha encontrado a forma de preparar sprints: à cabeçada, ao estilo marrada. Mas Bouhanni teve um combate directo com Alexander Kristoff (vídeo pode ser visto aqui), que inicialmente até conseguiu afastar o francês, mas acabou por não conseguir sprintar.

Um dos desportos preferidos de Bouhanni é o boxe, mas levar para a estrada a vontade de bater que tem nos ringues, poderá custar-lhe caro, principalmente em impor respeito no pelotão.

Os comissários consideraram que não houve irregularidades, mas na era das redes sociais foi fácil perceber que o que aconteceu naquela preparação de sprint não agradou. André Greipel até recordou quando em 2010 Mark Renshaw foi expulso do Tour precisamente por ter andado às cabeçadas em situação idêntica.










Bouhanni não tem de ser o senhor popularidade no pelotão. Todos gostam de um "bad boy", mas o francês tem de aprender que até o vale tudo tem limites.

Sem comentários:

Enviar um comentário