A Lotto Soudal apoia de várias formas Stig Broeckx,
que está em coma (Fotografia: Twiter @Lotto_Soudal)
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Já se sabe o poder que os ciclistas têm, principalmente quando tomam medidas mais drásticas. No ano passado pararam uma etapa na Volta ao Qatar devido ao calor e finalmente conseguiram que fosse implementada a medida de tempo extremo, que anula etapas/corridas caso não estejam reunidas condições de segurança, seja com calor ou frio. Porém, também se sabe que há tendência a deixar-se arrastar os casos enquanto se procura, investiga, analisa-se e volta-se a fazer tudo de novo uma quantas vezes, até que finalmente há uma decisão, muitas vezes depois da pressão dos ciclistas aumentar.
Durante tantos anos os ciclistas competiram debaixo de neve ou com temperaturas de derreter pneus (literalmente), mas este ano tudo mudou. Agora aguarda-se, quase que se desespera, por mudanças profundas nos veículos motorizados que acompanham as corridas. Uma morte e um ciclista em coma, e vários outros incidentes, marcam um ano negro nestes casos.
Nos próximos dias deverá ser conhecida a resolução, ou falta dela, do diferendo com a ASO. É a época de 2017 que está em causa. Porém, com a questão das motos e carros, é a vida dos ciclistas que está em causa. Poderá a UCI continuar a adiar medidas mais eficazes? Mas afinal, que medidas são essas?
Muito se tem falado da diminuição do número de veículos, que parece ser a solução mais consensual. Existem regras para quando e como devem passar pelo pelotão e por mais que existam, enquanto o fizerem haverá sempre o risco de acidentes e menos veículos não significa menos passagens. As motos de apoio neutro e que transportam os repórteres, os carros dos comissários, vão continuar a ter de passar, estando dependentes do desenrolar da corrida.
E os carros dos patrocinadores e convidados? Seria lógico cortar radicalmente, mas vivendo o ciclismo de quem lhe dá dinheiro, é quase impossível tal acontecer, principalmente nas grandes corridas.
Partindo do princípio que quem conduz estes veículos está habilitado para tal, as soluções para um problema que está cada vez maior são de extrema dificuldade. Se quem manda não resolve, então é a vez do pelotão, apoiado pela Associação de Ciclistas Profissionais, começar a agir. É o que Tom Boonen fez. Em vez de apenas exigir mudanças, o belga deu uma sugestão, que vai contra tudo o que se tem falado: mais veículos tornam o pelotão mais seguro.
Pode até parecer estranho à primeira vista, mas a justificação de Boonen dá que pensar. "Se houver mais veículos, não têm de passar o pelotão tantas vezes. O problema agora é que há muita agitação", referiu Boonen ao jornal belga Het Niewsblad. Para o veterano ciclista, o facto de terem de passar em momentos que não são os ideais para o pelotão, aumentam as possibilidades de acidente. Para Boonen, mais veículos "muda pouco a corrida e é muito menos stressante para os condutores". Portanto, mais veículos, espalhados pela corrida, menos necessidade de ultrapassagens em alturas arriscadas.
Eis a sugestão, mas ficou também o aviso de Boonen que deixa antever que a paciência no pelotão começa a esgotar-se e que não irá tolerar mais tragédias: "Isto não pode continuar." Este ano já conta com dois casos muito graves: Antoine Demoitié morreu e Stig Broeckx está em coma, com os médicos a não fazerem prognósticos e foi a segunda vez que o belga esteve envolvido num acidente com motos em 2016.
Today at #skodatour our riders are wearing these ribbons #fightingforstig pic.twitter.com/ihGxTv6scW— Lotto Soudal (@Lotto_Soudal) 1 June 2016
O acidente de Broeckx está a ser investigado - duas motos terão chocado tendo depois provocado a queda a quase 20 ciclistas, ferindo 11 - e, numa reacção imediata, a UCI anunciou que irá aumentar a sua equipas nas corridas de forma a controlar os veículos presentes.
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