© Tim de Waele/Getty Images/DeceuninckQuickStep |
Só Wilco Kelderman (Sunweb) não ficou a mais de dois minutos de distância, depois dos 34,1 quilómetros entre Conegliano e Valdobbiadene. Perdeu 16 segundos, estando agora a 56. Mas atenção que o holandês está na sua corrida "sim". A carreira deste ciclista de 29 anos pauta pela irregularidade. Ora aparece muito forte, ora até é visto como candidato e nem se o vê. Está de saída da Sunweb para a Bora-Hansgrohe e parece que quer despedir-se em grande.
Apenas Brandon McNulty ganhou tempo a Almeida: 22 segundos. Porém, o corredor da UAE Team Emirates ainda está a 2:23 do português. Vincenzo Nibali (Trek-Segafredo) foi a maior desilusão. Ficou a 2:30 minutos. Pello Bilbao (Bahrain-McLaren e campeão nacional espanhol de contra-relógio) - ficou a 2:11 minutos -, Rafal Majka - 2:33 - e Patrick Konrad - 3:17 - (ambos da Bora-Hansgrohe), ninguém teve um dia bom. Domenico Pozzovivo (NTT) pode dizer que esteve dentro das expectativas, já que esta especialidade sempre foi um problema para o pequeno italiano. Ficou a 2:33 minutos e tem estado bem aguerrido neste Giro.
Depois do segundo lugar no contra-relógio inaugural, a expectativa era grande para João Almeida. Era mais do dobro da distância e sem influência do vento. Começou bem, sofreu um pouco a meio, mas terminou forte. A própria equipa destaca: nunca um sub-23 esteve tanto tempo com a camisola rosa vestida numa só edição. Este domingo será o 12º dia! Que odisseia! Mas ainda falta muito até Milão.
"Foi melhor que eu esperava e não penso que pudesse ter andado mais rápido. Tive um início muito forte e tudo decorreu como planeado no Muro [subida de quarta categoria com uma pendente que teve de máxima 19%]. Depois tive alguns problemas durante uns quilómetros, mas recuperei e na última subida senti-me bem", explicou João Almeida. O ciclista das Caldas da Rainha salientou como ficou feliz por ter aumentado a vantagem para os seus adversários, referindo como gosta dos contra-relógios.
"Claro que o caminho até Milão é ainda longo e espera-me muitas subidas duras. Mas todos os dias que passo de rosa é um bónus que aproveito totalmente", salientou.
Classificações completas, via ProCycling Stats, no dia em que Filippo Ganna (Ineos Grenadiers) somou a sua terceira vitória de etapa, segunda num contra-relógio. É o campeão do mundo e não está a dar hipótese.
O que é que falta até Milão?
O contra-relógio da 14ª etapa foi o arranque da fase final do Giro. A partir daqui não haverá dias que não tenham alguma ou muita montanha, com a excepção da etapa de sexta-feira, que irá "premiar" os sprinters que resistirem. Já o contra-relógio de domingo será maioritariamente plano, pelo que não deverá ter uma influência profunda na geral. Mas claro que tudo dependerá do que vai acontecer até lá. Segunda-feira é dia de descanso, mas eis o que João Almeida e a Deceuninck-QuickStep terão pela frente, já a partir deste domingo.
Há que ter em conta que a meteorologia poderá levar a alterações de última hora, nas etapas de alta montanha.
15ª etapa (domingo): Base Area Rivolto - Piancavallo, 185 quilómetros
Não haverá praticamente descanso. Com o dia de descanso à porta, João Almeida estará preparado para ser atacado. Não há tempo para perder para quase ninguém que tem de recuperar a desvantagem já de respeito. Dois minutos podem-se perder rapidamente se o português claudicar, mas neste momento não há ciclista que esteja convencido que isso possa acontecer. Os 15 quilómetros finais terão uma média de 9%. É também uma boa etapa para Ruben Guerreiro (EF Pro Cycling) tentar consolidar a sua liderança na montanha e quem sabe espreitar uma segunda vitória.
16ª etapa (terça-feira): Udine - San Daniele del Friuli, 229 quilómetros
Já se viu neste Giro no que este tipo de etapa, ao estilo de uma clássica, pode acontecer. Será um sobe e desce constante e haverá rampas complicadas. Perto do final, uma terá 16%. Falta saber se os adversários do português vão esperar pela alta montanha, ou se podem tentar surpreender logo no regresso da folga.
17ª etapa (quarta-feira): Bassano del Grappa - Madonna di Campiglio, 203 quilómetros
Haverá alianças? Só a Sunweb tem demonstrado ter um grupo mais coeso em redor do seu líder, Wilco Kelderman. Os restantes pretendentes à rosa podem tentar alianças que ajudem a quebrar João Almeida. James Knox e Fausto Masnada serão muito importantes na ajuda ao português na alta montanha. E quem sabe, Ruben Guerreiro possa dar o seu apoio.
18ª etapa (quinta-feira): Pinzolo - Laghi di Cancano, 207 quilómetros
Etapa brutal (mas vai haver pior), com passagem pelo mítico Stelvio e pelo lado mais difícil. 25 quilómetros a 7,5% de pendente média. Cerca de metade desses quilómetros, os ciclistas estarão a mais de dois mil metros de altitude. Dia a não perder e será proibido falhar. Mas o desgaste já será grande.
20ª etapa (sábado): Alba - Sestriere, 198 quilómetros
A 19ª etapa será plana, sem contagens de montanha, pelo que será uma oportunidade para recuperar o fôlego para sábado. O último dia em linha. E o que se pode dizer sobre aquela que é considerada a etapa rainha?
Colle dell’Agnello (topo a 2744 metros de altitude), Col d’Izoard (2360) e Col de Montgenèvre (1854), com Sestriere (2035) para terminar. Cerca de 55 quilómetros vão ser passados a subir. O acumulado no final será de mais de cinco mil, com pendentes entre os seis e oito por cento, máximas a rondar os 15...
Se João Almeida chegar de rosa a este dia, será um final que promete ser memorável.
21ª etapa (domingo): Cernusco Sul Naviglio - Milano Tissot (CRI), 15,7 quilómetros
O Giro tem por vezes optado em tempos recentes por não ter etapa de consagração. No entanto, este contra-relógio só terá um maior impacto na geral se as diferenças forem muito curtas. Bom dia para Filippo Ganna fazer o pleno de vitórias nos contra-relógios do Giro.
É isto que João Almeida tem de enfrentar. Força Pantera!
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