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Fuga, controlo do pelotão com Jumbo-Visma na frente, talvez uma perspectiva de tentar a junção na última subida para perseguir segundos de bónus. Nada disso. O dia não se fez nada em redor da camisola amarela, mas sim da verde. A Bora-Hansgrohe demonstrou que não atira a toalha ao chão, depois da penalização do dia anterior de Peter Sagan, que o deixou a 68 pontos de Sam Bennett (Deceuninck-QuickStep). Com o sprint intermédio muito cedo na etapa, a equipa tentou arriscar levar o eslovaco à vitória final, mesmo sabendo que teria muita subida pela frente, incluindo uma segunda categoria que acabava a cerca de 26 quilómetros da meta.
© Bora-Hansgrohe |
Mas não foi só porque Sagan não apresenta a forma de outrora, também porque o final de etapa foi atacado por todos os que queriam ganhar. Com a Jumbo-Visma pouco preocupada com os ataques nas últimas duas subidas, pois não fugiu ninguém que ameaçasse a liderança de Primoz Roglic, foi o foge quem puder! Sagan chegou com o pelotão, ganhou o sprint... para o 13º lugar. A Bora-Hansgroge trabalhou para ser o dia de Sagan, contudo, foi o dia de quem já muito merecia: Marc Hirschi.
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A Bora-Hansgrohe escreveu grande parte da história da etapa, até que quando começaram os ataques a uma equipa que só poderia controlar até ao ponto da força de Sagan. E como esta não foi muita, a vitória na etapa estava ali à espera de quem quisesse arriscar. Eis que entra em cena a Sunweb. Sem líder para a geral e a tentar reconstruir uma equipa na era pós-Tom Dumoulin, a Sunweb tem um grupo de ciclistas para caçar etapas e Cees Bol para o sprint. Michael Matthews ficou de fora das escolhas com alguma surpresa. Do grupo eleito para o Tour, já Marc Hirschi se tinha destacado em dois dias anteriores.
Um segundo e um terceiro lugar, este numa nona etapa que bem mereceu ganhar, mas Tadej Pogacar estragou a festa. Porém, este suíço tem algo que faz lembrar Fabian Cancellara. Baixar os braços? Nunca! Se não se ganha num dia, então faz-se outra tentativa. E porque não? Afinal, nada tem a perder para quem está a estrear-se no Tour e numa grande volta. Que grandes exibições está a realizar este campeão mundial de sub-23 em 2018 e começa a ser candidato ao prémio da combatividade da corrida.
Finalmente chegou o seu momento. Mais uma vez foram vários os quilómetros a solo, mas desta vez ninguém o apanhou. E tudo começou com dois companheiros que foram para a fuga, ajudando mais tarde Hirschi, quando este se juntou ao grupo. O resto foi pura qualidade de um ciclista promissor.
Sim, parecia um Cancellara que, nos seu tempos áureos, quando arrancava era tão difícil de ser apanhado. Alcançou vitórias memoráveis assim. Não, não se está a dizer que Hirschi é o novo Cancellara. Hirschi conseguiu no maior palco de ciclismo a sua primeira vitória como profissional, mas tem ainda um caminho a percorrer até se consolidar ao mais alto nível.
Apresenta características que tanto o podem fazer sobressair em clássicas (a etapa de hoje até pareceu uma em certos momentos), mas também em provas por etapas de uma semana. Tem apenas 22 anos e ainda procura onde melhor se encaixará. Para já, é tempo de celebrar, com este brilhante triunfo na Volta a França.
Apresenta características que tanto o podem fazer sobressair em clássicas (a etapa de hoje até pareceu uma em certos momentos), mas também em provas por etapas de uma semana. Tem apenas 22 anos e ainda procura onde melhor se encaixará. Para já, é tempo de celebrar, com este brilhante triunfo na Volta a França.
A relação com Cancellara é muito mais do que um arranque (e o que foi um contra-relógio até à meta) ao estilo do grande ciclista que foi este suíço, o último que havia vencido no Tour, em 2012. Cancellara é ainda o empresário de Hirschi. Se lhe dá conselhos, então Hirschi não poderia ter um melhor mentor.
Tudo (um pouco mais) calmo lá atrás
Enquanto na frente Hirschi pedalava para uma merecida vitória e enquanto entre ele e o pelotão um grupo de ciclistas não se entendeu devidamente na perseguição, lá atrás a Jumbo-Visma, Ineos Grenadiers, Bahrain-McLaren e restantes candidatos mantiveram-se o mais calmos possível.
A etapa entre Chauvigny e Sarran Corrèze foi a mais longa da Volta a França (218 quilómetros). A Bora-Hansgrohe poupou quilómetros e quilómetros de trabalho à Jumbo-Visma e o dia não foi de loucos como na terça-feira, por exemplo. O ideal, portanto, para preparar o que aí vem. A etapa de média montanha não mereceu a atenção dos favoritos, mas esta sexta-feira a história vai ser bem diferente.
Classificações completas, via ProCyclingStats.
Classificações completas, via ProCyclingStats.
13ª etapa: Châtel-Guyon - Puy Mary Cantal, 191,5 quilómetros
4400 metros de acumulado! Não se vai subir tanto neste Tour como nesta sexta-feira. Já se percebe melhor por que razão os candidatos à geral não se importaram nada de deixar a luta para outros na 12ª etapa. Haverá final em alto numa zona que Romain Bardet (AG2R) muito gosta, ele que está a ter uma prestação muito acima do esperado neste Tour.
A Volta a França entre na fase crítica. As próximas seis etapas são de alta ou de média montanha. E ainda haverá a penúltima tirada, o contra-relógio que acaba na La Planche de Belles Filles. A partir de agora a margem de erro é mínima e é também altura para começar a abrir mais as hostilidades por parte de quem quiser fazer frente a Primoz Roglic e Jumbo-Visma. Fortes, é certo, mas também já mostraram não ser infalíveis.
A Volta a França entre na fase crítica. As próximas seis etapas são de alta ou de média montanha. E ainda haverá a penúltima tirada, o contra-relógio que acaba na La Planche de Belles Filles. A partir de agora a margem de erro é mínima e é também altura para começar a abrir mais as hostilidades por parte de quem quiser fazer frente a Primoz Roglic e Jumbo-Visma. Fortes, é certo, mas também já mostraram não ser infalíveis.
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