18 de julho de 2017

Uran: "Froome tem razão em ver-me como ameaça"

(Fotografia: ASO/Bruno Bade)
Há muita coisa que não se esperava escrever sobre a Volta a França este ano quando faltam cinco etapas para o fim, a começar logo pela indefinição que se está a viver: 29 segundos separam os quatro primeiros. E dificilmente se esperaria que um desses ciclistas fosse Rigoberto Uran. Quando se falava de antigos companheiros de Chris Froome, era Richie Porte o grande rival. Com o australiano de fora após uma queda, Uran surgiu como a inesperada ameaça. Vêm aí os Alpes e se o colombiano se mostrar tão bem como nos Pirenéus, o britânico terá uma dor de cabeça acrescida. Se no contra-relógio até se poderá dar alguma vantagem a Froome, se há ciclista com capacidade para lhe fazer frente nesse esforço individual, esse corredor é Uran.

"Se chegarmos ao contra-relógio com estas diferenças, Uran é o mais perigoso. Creio que depois de mim é quem melhor se defende no contra-relógio. Mas antes teremos as etapas de montanha", afirmou Chris Froome, após uma tirada em que praticamente retirou Daniel Martin (Quick-Step Floors) da luta e atirou Alberto Contador (Trek-Segafredo) para fora do top dez. Rigoberto Uran teve uma resposta à altura às declarações do britânico: "Ele tem razão em ver-me como ameaça. Eu conheço bem o Froome. Estivemos três anos juntos na Sky, éramos bons amigos e é por isso que ele sabe que eu ando bem contra o relógio."

Mas o colombiano da Cannondale-Drapac foi mais longe, demonstrado como respira motivação, em declarações ao Cycling Weekly: "Com a forma em que estou, tenho muita confiança para o contra-relógio e espero ter uma boa exibição no sábado." Em Marselha, os 22,5 quilómetros terão muito mais interesse do que o esperado senão houver nenhuma reviravolta nos Alpes. Froome tem vantagem, na teoria, mas vamos ver se chega com a camisola amarela à penúltima etapa. Se Uran é uma ameaça, Fabio Aru (Astana) também se defende bem, mas para estar nessa posição de defesa terá de atacar nos Alpes.

A prever que será fortemente atacado também por Romain Bardet, Chris Froome deixou um alerta aos seus rivais: "O meu objectivo era chegar à terceira semana com as condições físicas que sinto que estou neste momento." E de facto o britânico parece estar a subir de forma. Na etapa desta terça-feira, após o dia de descanso, Froome esteve quase sempre muito bem posicionado e em certas ocasiões nem esperou por colegas de equipa para o fazer. Com receio que o vento pudesse fazer estragos, o líder acabou por ser um dos que impulsionou uma quebra no pelotão que deixou Daniel Martin para trás e com 51 segundos perdidos, são agora 2:01 minutos que separaram o irlandês da liderança.

Aru, Bardet e Uran não tiveram vida fácil, mas terminaram com Froome, numa etapa marcada pela segunda vitória de Michael Matthews e a terceira da Sunweb. O australiano bateu ao sprint um Edvald Boasson Hagen (Dimension Data) - que já vai merecendo um triunfo - e John Degenkolb. O ciclista alemão da Trek-Segafredo não gostou de ter sido apertado no início do sprint por Matthews e deu um "chega para lá" com o cotovelo já após a meta, como se vê na imagem em baixo. Depois do que aconteceu com Peter Sagan, este tipo de atitude ganha uma nova proporção, mas Degenkolb não foi - pelo menos até agora - sancionado.


Com esta vitória e ainda com o primeiro lugar no sprint intermédio, Matthews colocou-se a 29 pontos de Marcel Kittel, na luta pela camisola verde. O ciclista da Quick-Step Floors ficou para trás logo na primeira subida e não mais recuperou. Vai ser uma luta até final.

O dia do Col du Galibier

É uma das subidas mais marcantes da Volta a França. A 17ª etapa não irá terminar no seu alto, com as descidas a assumirem novamente uma potencial importância no resultado deste Tour. Antes do Col du Galibier haverá uma outra ascensão de categoria especial em Croix de Fer.

Mas é no Galibier que se centram as atenções. A última vez que o Tour por lá passou foi em 2011. Então, do actual top dez, só Rigoberto Uran estava na corrida. Andy Schleck ganhou essa etapa. É das subidas mais altas (2642 metros), com uma pendente média de 6,9% nos 17,7 quilómetros de extensão. No entanto, os últimos quilómetros são feitos praticamente todos a mais de 9%. Depois há que aguentar mais uma descida.

Quanto ao Croix de Fer acaba por ser ao contrário do Galibier. A fase mais difícil é logo no início, mais uma vez com zonas acima dos 9%. Porém, vai aligeirando, pelo que a média cai para 5,2%.


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