(Fotografia: Stiehl Photography/Bora-Hansgrohe) |
O australiano tem características idênticas às de Sagan, ainda que lhe falte a chamada "explosão" que o eslovaco consegue ter em determinado terreno. Sagan é homem de pavé, Matthews adapta-se melhor às clássicas das Ardenas. No entanto, Matthews melhorou claramente em percursos que podem ter dificuldades como as da terceira etapa da Volta a França, ou seja, subidas de terceira e quarta categoria, às vezes com rampas complicadas, mas curtas. Só com o desenrolar do Tour se irá perceber se o australiano também irá tentar apostar em fugas para somar pontos nos sprints intermédios, contudo, Matthews tem demonstrado grande ambição, querendo aproveitar ao máximo o facto de ser um líder na Sunweb neste Tour.
Apenas oito meses separam os dois ciclistas, com Sagan a ser o mais velho (27 anos). A geração é a mesma, já o currículo não podia ser mais diferente. O bicampeão do mundo já soma quase 100 vitórias, Matthews aproxima-se das 30. Soma três vitórias no Giro e duas na Vuelta, mas Sagan tem um monumento, oito etapas no Tour, dois Mundiais e um Europeu. E estamos a tentar resumir um lista impressionante de triunfos. Em 2015 Matthews perdeu o Mundial para Sagan e desde então que tem treinado para conseguir chegar ao nível do rival. Deixou a Orica-Scott para na Sunweb ter um papel mais importante. Ainda não é aquele homem de vitórias que era na antiga equipa, mas tem uma oportunidade de ouro no Tour para se consagrar definitivamente como um dos melhores. Em 2017 somou duas vitórias, a última na Volta a Suíça, onde vestiu a camisola amarela por um dia.
Se os principais sprinters já nem se dão ao trabalho de fazer o que fez Kittel, isto é, falar sobre a possibilidade (ou falta dela) em ganhar a camisola verde, Matthews mantém aquele low profile tão típico dele, mas não é segredo que quer fazer frente a Peter Sagan. Em cinco anos o maior adversário do eslovaco tem sido mesmo... a organização do Tour. Bem tentam alterar a forma de pontuar, com Sagan a limitar-se a adaptar às novas regras. Um verdadeiro adversário na estrada será algo quese novo. No primeiro frente-a-frente, Sagan ganhou.
Na terceira etapa - 212,5 quilómetros entre Verviers (Bélgica) e Longwy, na entrada em França da corrida - Sagan até teve tempo para recuperar quando o pé lhe saltou do pedal quando já estava a um ritmo que o afastava da concorrência. Foi superior, mas o azar quase foi aproveitado por Michael Matthews, que demonstrou estar forte. Ficou um pouco para trás na subida, recuperou bem, mas não conseguiu recuperar toda a distância para ganhar. Ainda assim, foi segundo e entre os dois há uma diferença de seis pontos na classificação que neste texto se fala, com Kittel ainda a liderar.
E atenção a Arnaud Démare (FDJ). Os sprinters puros não eram considerados como candidatos para esta tirada, mas ali estava o francês. Não conseguiu medir forças com Sagan, mas foi sexto a dois segundos e está em segundo na luta pela camisola verde. Estará Démare com ideias ou apenas tentou aproveitar o facto de Kittel, André Greipel e Mark Cavendish terem preferido poupar energias para etapas mais planas?
Há ainda Sonny Colbrelli. O aguerrido sprinter da Bahrain-Merida também foi somar pontos nos sprints intermédios e até fez a última subida na frente, mas quebrou um pouco e terminou a 39 segundos. Vontade não lhe falta, contudo, quando o terreno inclina, Colbrelli ultrapassa pequenas dificuldades, mas algumas rampas acabam por ser de mais para ele. Ainda assim, o italiano poderá ter o condão de animar um pouco a batalha pela camisola verde.
Será difícil não ver Peter Sagan vencer pela sexta vez consecutiva uma camisola que parece ter inscrito o seu nome. Ainda assim, este é um ano em que terá de ter muita atenção. Nada que o perturbe, afinal não sabe o que é pressão, como disse no final da etapa, depois de ter conquistado a primeira vitória da Bora-Hansgrohe no Tour.
Veja aqui o resultado da etapa e as classificações.
Veja aqui o resultado da etapa e as classificações.
Sagan, o senhor marketing
(Imagem: print screen) |
Com os óculos ao pescoço, Sagan lá falou, ainda que não parecesse que fosse a forma mais confortável de dar falar com o jornalista, mas marketing é marketing e certamente que paga bem. O eslovaco está a tornar-se uma referência no mundo do ciclismo neste aspecto. A única pergunta que se pode fazer é: o que se seguirá?
Dia para sprinters antes da primeira chegada em alto
Apesar de nesta segunda-feira o Tour ter entrado em França depois de ter começado na Alemanha, ter um final e arranque de etapa na Bélgica e passado ainda pelo Luxemburgo, na quarta tirada o pelotão vai dar um salto novamente a este último país, antes de regressar a território francês para não sair mais de lá. É dia para os sprinters, com os homens da geral a pensar que na quarta-feira terão a primeira chegada em alto.
E depois de nesta segunda-feira se ter visto Richie Porte (BMC) atacar na última subida, com Alberto Contador (Trek-Segafredo) a tentar acompanhar, mas depois a ficar para trás (faltaram-lhe pernas?), a atitude de ambos deixa transparecer alguma vontade de rapidamente começar a recuperar a desvantagem para Chris Froome (Sky), estabelecida no contra-relógio (35 e 42 segundos respectivamente). Geraint Thomas é o líder, mas o britânico sabe que só em caso de uma catástrofe do colega é que terá a Sky a defender a sua camisola amarela. Para já vai aproveitando este momento de ouro na carreira.
Résumé - Étape 3 - Tour de France 2017 por tourdefrance
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