19 de julho de 2017

Mikel Landa avisa que Sky dará uma "machadada" esta quinta-feira

O novo pódio do Tour, ainda que não por esta ordem (Fotografia: ASO/Bruno Bade)
Não foi a etapa espectacular que se esperava, tendo em conta que só faltavam duas de montanhas antes de se chegar ao contra-relógio no sábado. O vento que na terça-feira deu alguma emoção, desta vez não ajudou nada. Houve muita contenção e um regresso às imagens habituais da Sky na frente, Chris Froome a controlar e a responder aos poucos ataques que aconteceram. Só Romain Bardet tentou e até criticou Rigoberto Uran, que considera só estar à procura das bonificações. E é uma táctica que está a dar certo, pois o colombiano saltou de quarto para segundo. Nesta etapa restou ver um Alberto Contador a tentar animar (longe do ciclista que foi, pelo menos mexeu com a corrida), um Primoz Roglic fenomenal a conquistar a tirada e, pelo lado negativo, o abandono de Marcel Kittel, que assim entregou a camisola verde a Michael Matthews.

Se o Col du Galibier acabou por não fazer diferenças, tudo fica guardado para o Col d'Izoard. E Mikel Landa deixou um aviso. Visto que será uma chegada em alto, é o momento mais do que certo para Chris Froome tentar arrumar com a questão e ir mais descansado para o contra-relógio de sábado. "Froome está muito forte e dará uma machadada", alertou Landa, fazendo então prever que a Sky vai estar ao ataque. Porém, o espanhol que ainda não afastou a hipótese de chegar ao pódio, considera que Romain Bardet e Rigoberto Uran "vão dar luta". "Gostaria de ver o Froome ganhar e logo se vê se consigo colar-me, mas os outros estão muito fortes. Amanhã será um final em alto e nós os dois podemos dar uma machadada. Veremos como vai ser o dia", salientou Mikel Landa, que está no quinto lugar, a 1:24 do seu líder.


E talvez para demonstrar que na Sky o ambiente não podia ser melhor depois do dia em que Froome perdeu a amarela, quando Landa o deixou sozinho no final de uma etapa, Chris Froome disse que gostaria muito de ver o espanhol ao seu lado no pódio em Paris, no domingo. O britânico voltou a estar muito bem na entrada nos Alpes, comprovando que de facto está forte nesta terceira semana, tendo subido de forma durante este Tour.

Ao contrário do que está a acontecer com Fabio Aru. O italiano da Astana teve muitas dificuldades no Galibier e acabou por cair para a quarta posição. Os 18 segundos passaram agora a 53. Contudo, Aru deixou a mensagem que perdeu nesta quarta-feira, mas o Tour só acaba domingo. Rigoberto Uran (Cannondale-Drapac) é agora segundo, com os mesmo 27 segundos que tem Romain Bardet. O contra-relógio da primeira etapa dita que seja o colombiano a estar na segunda posição.

Esta quinta-feira será a última oportunidade de se lutar na alta montanha e o Col d'Izoard é mais uma subida mítica para se terminar esta fase do Tour. Com uma pendente média de 7,3%, acaba por não ser maior porque os primeiros cinco dos 14,1 quilómetros não são de grande dificuldade, depois começa a aumentar até chegar aos 10%. Aqui assistiram-se a exibições fantásticas de Fausto Coppi e Bernard Thévenet, por exemplo. Chris Froome ainda não venceu nesta Volta a França. Talvez nem precise para conquistar a sua quarta vitória no Tour, mas o britânico quererá certamente juntar o seu nome a uma das subidas mais históricas desta corrida. Resta a Romain Bardet, Rigoberto Uran e Fabio Aru mostrar que não vão entregar a vitória de mão beijada e talvez baralhar as contas da Sky.

Roglic, o herói esloveno

(Fotografia: ASO/Pauline Ballet)
Em 2007, Primoz Roglic conquistou um título mundial de ski jumping. Então tornava-se uma referência do desporto esloveno, mas uma queda grave fez com que optasse por mudar de modalidade. Escolheu o ciclismo e é já a personagem principal daqueles contos de fadas que tanto se gosta de contar no desporto. Estava numa equipa Continental, a Adria Mobil, quando a Lotto-Jumbo o foi buscar. No primeiro ano no World Tour (2016) foi ao Giro e conquistou uma etapa (contra-relógio). Em 2017 foi escalado para o Tour. Segunda grande volta, segunda grande vitória de etapa, agora com uma subida mítica. Roglic teve um esforço solitário depois de ter deixado para trás o grupo que Alberto Contador tinha ajudado a formar (o espanhol regressou ao top dez e foi o mais combativo do dia). Não se intimidou com o Col du Galibier, fez uma descida perfeita e tornou-se no primeiro esloveno a ganhar na Volta a França.

Se Roglic já tinha o seu estatuto como atleta importante no seu país, agora tornou-se definitivamente num herói, em mais um episódio do seu conto de fadas que ameaça ser contado muito mais vezes. Tem 27 anos e a curiosidade sobre o que poderá vir a fazer no futuro próximo é enorme. Para já ganhou definitivamente o seu lugar de destaque na Lotto-Jumbo, pois este ano conta ainda com a vitória na Volta ao Algarve, duas etapas na Volta ao País Basco e uma na Volta à Romandia, onde foi terceiro classificado na geral.

Mas a 17ª etapa ficou ainda marcada pela queda de Marcel Kittel que não resistiu aos ferimentos e optou por abandonar. Na frente da corrida Michael Matthews já se tinha colocado a apenas nove pontos do alemão na classificação da camisola verde e esperava-se que esta luta fosse até à meta nos Campos Elísios. Kittel saiu com cinco vitórias em etapas, um grande Tour, sem dúvida, mas ficará a pequena frustração de ter estado tão perto de conquistar a classificação dos pontos.

Matthews fica agora de verde e a sua persistência em perseguir Kittel quando parecia que dificilmente se conseguiria bater o alemão irá quase de certeza ter o resultado desejado. É que mais ninguém se esforçou tanto como o australiano para se aproximar de Kittel. Agora, é líder e com 160 pontos de vantagem sobre André Greipel (Lotto Soudal). Se nada de anormal acontecer, a Sunweb está mesmo a caminho de garantir a camisola verde e das bolinhas (montanha) - por intermédio de Warren Barguil -, além de já contar com três vitórias de etapa.


Résumé - Étape 17 - Tour de France 2017 por tourdefrance

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