José Azevedo, director da Katusha-Alpecin, já tinha deixado indicações que a renovação com os dois ciclistas portugueses da equipa estaria para acontecer. A confirmação foi feita hoje pela manhã: José Gonçalves assinou até 2019 e Tiago Machado até 2018. Este último tem estado em destaque na Volta a França, estando a realizar um excelente trabalho muito em prol de Alexander Kristoff. Já José Gonçalves está a preparar a Vuelta e ao Volta ao Ciclismo admitiu que ficou muito satisfeito com esta renovação, ainda mais por dois anos: "Fico mais tranquilo. É sempre bom estar numa equipa deste nível."
Habituado a contratos de um ano, ainda assim não é uma estreia ter esta segurança, pois o mesmo aconteceu na passagem pela La Pomme Marseille. Mas agora sucedeu numa formação do World Tour, pela qual José Gonçalves venceu a Ster ZLM (uma etapa e a geral). Antes já tinha estado muito bem na Strade Bianche (11º lugar) e realizou um Giro excelente na protecção a Ilnur Zakarin. Para quem gosta do estilo deste ciclista, ou seja, ao pedalar ao ataque, foi frustrante vê-lo tão condicionado na Volta a Itália, mas a este nível no ciclismo, também é preciso saber mostrar que sabe estar numa equipa e José Gonçalves comprovou que é um corredor de confiança tanto a trabalhar para os líderes, como um atleta para tentar vencer quando lhe é dada liberdade.
Chegar até aqui requereu muito trabalho, como sublinhou o ciclista de Barcelos. Qual será o papel de José Gonçalves nas próximas duas épocas ainda se terá de esperar para ver, pois para já o pensamento está na Vuelta e novamente no apoio a Ilnur Zakarin. O provável é que continue a ter função idêntica no futuro, mas com dois anos garantidos na Katusha-Alpecin é também uma oportunidade garantida para continuar a mostrar-se e aproveitar sempre que puder lutar por uma vitória.
"Estou sempre interessado em representar a selecção. Se eu puder ir e ele [José Poeira] me quiser, estarei lá [Europeus e/ou Mundiais]"
O Ster ZLM colocou-o definitivamente no mapa dos ciclistas a ter em atenção, ainda que no currículo já tivesse a vitória na Volta à Turquia em 2016, então ao serviço da Caja Rural. A corrida holandesa foi ganha em anos recentes por ciclistas como Sep Vanmarcke, Philippe Gilbert, André Greipel e Mark Cavendish, por exemplo. "É importante chegar a uma nova equipa e ganhar. Dessa forma ganhamos também mais confiança e motivação", referiu o português. José Gonçalves (28 anos) acrescentou que depois de trabalhar para Zakarin no Giro, continuou a treinar muito bem. "Apliquei-me e consegui um bom resultado", disse.
A presença na Volta a Itália foi especial. Foi a primeira e ainda mais na 100ª edição. "O ambiente é muito bom. Parecido com a Vuelta... talvez melhor. É tão bom que as pessoas às vezes até atrapalham! Mas elas são assim lá. Gostam muito de nos ver passar e vibram tanto como nós", contou. Mesmo sem liberdade para estar ao ataque como aconteceu nas duas vezes que foi à Volta a Espanha pela Caja Rural, José Gonçalves diz que as funções podem ser diferentes, mas que são igualmente difíceis.
Durante os Campeonatos Nacionais, o seleccionador nacional, José Poeira, aproveitou para falar com o ciclista, numa altura em que se aproximam os Europeus e os Mundiais também já não estão assim tão longe: "Estou sempre interessado em representar a selecção. Se eu puder ir e ele [José Poeira] me quiser, estarei lá."
O irmão gémeo, Domingos, está na Rádio Popular-Boavista e não deixou José a sorrir sozinho muito tempo com a conquista de uma vitória. Menos de uma semana depois, Domingos sagrou-se campeão nacional de contra-relógio, camisola que José também já vestiu. "Foi muito bom. Ele já merecia ter um título assim. Estou muito contente por ele", frisou.
Em entrevista ao Volta ao Ciclismo, José Azevedo tinha admitido a satisfação pelo trabalho de José Gonçalves, numa temporada que até considera estar a ser de adaptação à realidade do World Tour. Também deixou elogios a Tiago Machado que aos 30 anos tem assim garantida uma oitava temporada ao mais alto nível do ciclismo.
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