Estava a ser um ano sensacional. 11 vitórias aos 37 anos, entre elas as suas queridas clássicas, La Flèche Wallonne e Liège-Bastogne-Liège. Alejandro Valverde ia agora assumir o papel de gregário de luxo de Nairo Quintana nos Tour, antes de apostar volta na Volta a Espanha e nos Mundiais. O espanhol esperava estar na luta pelo título que lhe falta no currículo, mas tudo ficou adiado por mais um ano, ou assim se quer acreditar. A queda no contra-relógio inaugural da Volta a França foi grave. A Movistar não só perdeu aquele que seria o homem de confiança do líder, como ficou sem o ciclista que apostaria para garantir mais alguns triunfos importantes em 2017, com o monumento Il Lombardia na agenda, por exemplo. Porém, levanta-se a assustadora questão: estaremos perante o final da carreira do "Bala"?
Valverde chocou com violência contra as grades na berma da estrada em Düsseldorf. O ciclista colocou de imediato as mãos na cabeça e tinha razão para tal. A Movistar adiantou que o espanhol fracturou a rótula e o tálus (zona do pé) na perna esquerda. No site da equipa é explicado que os médicos optaram por realizar uma intervenção cirúrgica durante a noite à rótula, o que fará com que Valverde fique para já na Alemanha, onde este ano começou o Tour.
A Movistar não fala do final de carreira da sua grande estrela. No entanto, as palavras de Nairo Quintana demonstram como é algo que está no pensamento de todos. "É muito difícil. É uma pessoa muito importante e um grande companheiro. Espero que não seja grave. Seria triste que a sua carreira terminasse assim", afirmou o colombiano, que sabe que perdeu um apoio que poderá a fazer-lhe muita falta nesta Volta a França.
Eram 14 quilómetros e aos sete tudo terminou para Valverde. O piso molhado fez com que o ciclista fosse a primeira vítima do azar neste Tour, seguido logo por Ion Izagirre, antigo companheiro e agora na Bahrain-Merida, que caiu na mesma curva e também abandonou.
Confirmada a gravidade da lesão, certo é que a temporada chegou a um fim abrupto o que irá obrigar a Movistar a fazer alterações nas suas escolhas para a segunda metade da temporada. Para já, a preocupação será o Tour, mas o director desportivo Eusebio Unzué terá de analisar como será a Volta a Espanha, sempre um objectivo para a equipa daquele país. Quintana fez o Giro e agora está no Tour. Se não houverem imprevistos na corrida francesa, Quintana dificilmente fará uma terceira grande volta num só ano. Mas claro, será difícil a preocupação não ser maior, pois a Movistar não estava preparada para perder já a sua grande figura. A prova estava na renovação no ano passado que "prendeu" o ciclista até 2019, com Valverde a ter todas as intenções de cumprir o vínculo. Vontade certamente que não lhe deve continuar a faltar apesar do que lhe está a acontecer, falta saber se o corpo irá acompanhar a mente.
Resta-nos esperar e desejar que o ciclismo não perca já Alejandro Valverde, ainda mais desta forma.
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»»Esta Volta a França não é para amigos««
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