(Fotografia: Facebook Katusha-Alpecin) |
Kristoff soma seis vitórias este ano, apenas uma do nível World Tour, na Eschborn-Frankfurt. John Degenkolb - outro ciclista em crise de resultados - foi terceiro, mas até foi o colega Rick Zabel a ser segundo. Foi à Volta à Califórnia na esperança de reagir a alguma falta de confiança que pudesse estar a surgir na equipa, mas acabou a ver Zabel acabar à sua frente quando era suposto preparar o sprint para o norueguês. A falta de capacidade de sprintar de Kristoff foi assustadora e preocupante. Nessa altura, o ciclista da Katusha-Alpecin já tinha admitido publicamente que os responsáveis da equipa - que tem como director o português José Azevedo - o tinham avisado que estava "pesado". Kristoff salientou que mantinha os mesmo 78 quilos de sempre, mas que queriam que perdesse dois ou três. "O problema é que sou magro de pernas e braços e tenho um pouco de barriga", disse ao canal de televisão TV2, mas o peso é o mesmo, garantiu
Toda esta conversa de peso a mais pareceu mais ter sido um aviso que Kristoff está a perder crédito na equipa. Com um ordenado que ronda os dois milhões de euros por ano, é provável que as escassas vitórias e principalmente a falta de triunfos importantes esteja a parecer que o norueguês está sobrevalorizado. Teve um 2014 fantástico, com a conquista da Milano-Sanremo e de duas etapas na Volta a França. No ano seguinte somou o seu segundo monumento na Volta a Flandres e Kristoff assumiu um discurso ambicioso de querer continuar a ganhar no Tour e ganhar o Paris-Roubaix. Em 2016 eclipsou-se e em 2017 é apenas visto como candidato porque o que fez em 2014 e 2015 ainda está fresco na memória.
No Critérium du Dauphiné, Kristoff ficou a ver Arnaud Démare por um canudo e depois não voltou a estar bem posicionado para ganhar nas outras etapas que seriam para si. Fim da linha na Katusha-Alpecin? Alexander Kristoff terá mais uma oportunidade se quiser salvar o seu lugar numa equipa que apesar das remodelações que significou a entrada de muitos jovens, construiu um grupo para trabalhar em exclusivo para Kristoff. Será o tudo ou nada na Volta a França, onde Kristoff será o número um, já que Ilnur Zakarin foi ao Giro e irá à Vuelta. Ou seja, a Katusha vai sem homem para a geral, deixando a responsabilidade de bons resultados quase toda nos ombros do sprinter. Os rumores que não haverá renovação de contrato com a Katusha-Alpecin vão crescendo, pelo menos com as condições financeiras que neste momento tem. Aproxima-se o momento da verdade para o ciclista.
Kristoff tenta passar a imagem que não está preocupado e antes do Dauphiné começar disse mesmo que apesar de estarem a decorrer negociações, existem outras equipas interessadas. Uma frase dita ao Cycling News demonstra bem para que lado está a pender a decisão do norueguês: "Procuro uma equipa que me dê oportunidades e que me ajude a ser competitivo nos sprints e nas clássicas, tal como tenho aqui na Katusha."
Interessados? A Astana poderá ser uma das formações dispostas a contratar o ciclista, tendo a capacidade financeira para tal. Porém, a pressão está toda do lado de Kristoff. A 5 de Julho, em pleno Tour, irá completar 30 anos e tem rapidamente de demonstrar que o seu melhor ainda não faz parte apenas do passado. Além da Volta a França, Kristoff irá também apostar forte nos Mundiais que se realizam no seu país, na cidade de Bergen. Porém, poderá sofrer a concorrência interna de um Edvald Boasson Hagen que também não vence muito em corridas de destaque, mas tem sido muito mais regular.
A Astana poderia ser uma boa alternativa para Kristoff, pois olhando para as restantes equipas do World Tour, muitas já têm o seu líder para os sprints e clássicas e as que eventualmente poderiam estar interessadas não vão querer arriscar gastar uma boa fatia do seu orçamento por um corredor que já não dá as garantias de outrora.
Acabado, caído em desgraça? Kristoff terá um último fôlego no Tour, onde terá de bater Marcel Kittel, André Greipel e Peter Sagan. Se o fizer, conseguirá recuperar algum do crédito que claramente perdeu. Contudo, depois de seis temporadas na Katusha, o futuro do norueguês nunca esteve tão incerto.
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