(Fotografia: Facebook Movistar Team) |
Já se sabe que Mario Cipollini encontrou outro talento depois de terminar a carreira no ciclismo. Em crónicas ou entrevistas, não é conhecido por ser simpático e nas palavras publicadas hoje no L'Equipe, só se salvaram Fernando Gaviria e Nairo Quintana. O recordista de vitórias de etapas no Giro (42) considerou que a corrida está a ser monótona e disparou em todas as direcções, mas com um foco particular em Vincenzo Nibali.
Cipollini atirou farpas aos considerados favoritos e a ver vamos se tem razão, quando este domingo haverá um enorme teste à capacidade de todos no Blockhaus. "Nibali atacou usando a protecção da mota. Para se testar? Para os fãs? Não percebi", afirmou, referindo-se à etapa do Etna, que acabou por ser uma desilusão. E quanto à razão apontada por muitos para a falta de ataques na ascensão ao vulcão, eis a resposta ao "Cipollini style": "No Etna houve o vento. E...? Essa foi a razão? Pensa que o Pantani ou Hinault teriam ficado na roda porque estava vento? Receio que teremos de esperar até ao Stelvio para que tudo comece a acontecer porque nem nos contra-relógios veremos grandes diferenças entre Quintana, Nibali, Pinot e Thomas."
Cipollini vai mesmo mais longe, considerando que tudo se está a conjugar para uma vitória do colombiano da Movistar: "Ao esperar, o Quintana está calmamente a rolar rumo ao seu porto seguro [a terceira semana] e quando ele atacar, ele não irá preocupar-se com o tempo, se está calor ou frio, ou se está vento. Vai deixar todos para trás e ganhar o Giro a fumar o seu cachimbo."
O italiano, agora com 50 anos, parece que está a gostar dos colombianos, pois elogiou Fernando Gaviria, sprinter que já conta com duas vitórias de etapas na sua estreia em grandes voltas e veste a maglia ciclamino, que Cipollini tão bem conhece. "O Gaviria tem classe, é elegante, com um bom físico e uma mudança de ritmo prodigiosa. Ele é uma fotocópia do [Peter] Sagan, mas melhor", realçou.
Se Gaviria é melhor que Sagan, o tempo o dirá. Se Quintana vai fumar um cachimbo... provavelmente irá preferir o champanhe se ganhar, mas a partir de amanhã dever-se-á começar a ter uma ideia de como estão realmente os considerados candidatos.
A subida ao Blockhaus terá 13 quilómetros com uma pendente média a rondar os 9%, mas chega a atingir os 14%. Não é a ascensão mais difícil que o pelotão terá pela frente nesta Volta a Itália, mas não será para brincadeiras, ainda mais tendo em conta que na segunda-feira será dia de descanso e depois haverá um contra-relógio. Dois testes de peso, para o arranque do Giro por que tanto se esperava, o Giro dos candidatos. Como curiosidade, foi no Blockhaus que Merckx começou a tornar-se um mito nas grandes voltas. Já se tinha afirmado nas clássicas, mas foi naquela subida que conquistou a sua primeira etapa de uma carreira única.
Senhoras e senhores, o espectáculo começou! Finalmente!
Numa etapa mais curta após duas maratonas acima dos 200 quilómetros, os ciclistas resolveram animar e de que maneira um cenário lindíssimo entre Molfetta e Peschici. Os ataques sucederam-se, um numeroso grupo tentou sair, mas ainda antes da subida à segunda categoria tornou-se claro que não seria aquela fuga a ter sucesso. O mesmo não pensava Luis León Sanchez. O espanhol da Astana, assim como os seus companheiros de equipa, estão numa missão muito especial de tentar conquistar uma vitória que possam dedicar a Michele Scarponi. E muito trabalhou o espanhol para isso.
Ataques, contra-ataques, etapa com muito sobe e desce... Foram 189 quilómetros muito mexidos e o final esteve à altura de tudo o que aconteceu na oitava etapa. No quarteto que acabou por discutir os últimos quilómetros, Valerio Conti (UAE Team Emirates) - que chegou a ser o maglia rosa virtual até que a Quick-Step Floors assumiu as despesas do pelotão - e Giovanni Visconti (Bahrain-Merida) tentavam acabar com o falatório da falta de vitórias italianas no Giro (nunca em oito jornadas o país tinha ficado a zero), Sanchez procurava o triunfo emocional por Scarponi e Gorka Izagirre (Movistar) pedalava para aproveitar um dos poucos momentos de liberdade que irá ter na corrida.
E o que é um espectáculo sem um pouco de drama? Conti que teve tudo a ganhar, perdeu tudo com uma queda numa das muitas curvas em cotovelo da subida final. Izagirre evitou-o, Sanchez perdeu algum embalo, Visconti teve de abrandar para não cair também. Ainda faltava para a meta, mas tudo acabou por ficar ali decidido. Visconti ainda tentou apanhar o ex-companheiro da Movistar, mas Izagirre conquistou a vitória que não hesitou em considerar a melhor da sua carreira.
Sem comentários:
Enviar um comentário