3 de maio de 2017

Prémio para melhor 'descedor' só durou 24 horas

(Fotografia: Giro d'Italia)
Dez segmentos de descida, 500 euros para o vencedor de cada um, mais cinco mil para o que somasse mais pontos no final, três mil para o segundo e dois mil para o terceiro. A RCS Sport queria premiar o ciclista que descesse melhor nesta Volta a Itália. Uma classificação nova, para assinalar também a 100ª edição. O director da corrida, Mauro Vegni considera que se estava a criar mais interesse, mas os ciclistas acusaram a organização do Giro de não pensar na segurança dos corredores.

Ao ser anunciado o prémio gerou-se um coro de críticas que ganhou uma enorme expressão no Twitter. Na rede social multiplicaram-se as mensagens contra o prémio, com alguns ciclistas a mostrarem-se bem furiosos. Até o presidente da federação belga criticou e considerou a competição inaceitável, defendendo que deveria ser banida.

"Simplesmente queríamos criar uma classificação extra e criar mais interesse para os fãs. Infelizmente algumas pessoas não compreenderam a ideia do prémio e outras aproveitaram para criarem uma polémica. Decidimos eliminar a classificação e os prémios", referiu um muito pouco satisfeito Mauro Vegni à Gazzetta dello Sport. No entanto, o director do Giro afirmou que a velocidade nos segmentos de descida vão ser medidos e divulgados, apesar de não haver recompensas para quem for o mais rápido.

Vegni refutou ainda a ideia que estaria a colocar em perigo os ciclistas, pois defendeu que o objectivo não era fazer com os corredores corressem mais riscos, mas apenas criar uma nova classificação. "Simplesmente queríamos acrescentar um prémio extra e recompensar alguns ciclistas que não ganham muitas vezes e que raramente estão em destaque", disse Vegni, que acrescentou que é necessário pensar em inovar as corridas "porque os fãs querem saber mais sobre os ciclistas e as suas performances".

É excelente que se pense em inovar as corridas. Na teoria, um prémio para o melhor "descedor" pode parecer apenas mais uma classificação, mas na prática poderia causar ainda mais problemas, já que as descidas por si só já são locais de grandes quedas. No ano passado Steven Kruijswijk perdeu o Giro numa e Zakarin ficou muito mal tratado noutra. E são apenas dois de muitos exemplos que se poderia dar, alguns infelizmente com finais bem mais trágicos.

Há muitos ciclistas que arriscam nas descidas. Cada vez mais se tornam importantes nas corridas, com importantes diferenças a serem feitas nelas - que o diga Chris Froome no Tour de 2016 -, mas promover um prémio poderia aumentar a competitividade entre outros ciclistas que procurariam o valor monetário, e principalmente o referido destaque. Mais ciclistas à procura de estar na frente numa descida seria óptimo para o espectáculo, mas com um potencial catastrófico se algo corresse mal. Esta é uma inovação que a bem da segurança, o melhor é ter ficado apenas como uma ideia.


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