2 de maio de 2017

Giro. Candidatos: Pinot, Mollema e Dumoulin

Thibaut Pinot (26 anos, França, FDJ)

Em 2016 Thibaut Pinot estava com o moral em alta, de tal forma que acreditava plenamente que iria discutir a Volta a França. Compreendia-se a confiança, afinal apareceu no ano passado como um especialista do contra-relógio e muito mais confiante nas descidas (era penoso ver Pinot descer até então). O entusiasmo rapidamente terminou, ainda o Tour dava as primeiras pedaladas. Perdeu tempo e mudou o plano para conquistar a camisola da montanha, mas acabou por abandonar, sem glória e a sentir-se completamente derrotado.

Resolveu mudar de ares e talvez lhe façam bem. Em França tanto o viam como o ciclista que ia acabar com o jejum de vitórias gaulesas no Tour - agora é mais Romain Bardet (AG2R) que carrega essa responsabilidade -, que perante o que aconteceu na edição passada, Pinot preferiu atacar o Giro. E é muito provável que não se venha arrepender. Não sentirá a pressão francesa, não terá Chris Froome e tem novamente uma FDJ toda a pensar no seu apoio. Estará Pinot preparado para reagir a um dia menos bom? Um dos problemas deste ciclista é o lado psicológico. Deixa-se abater demasiado rápido. Talvez o Tour de 2016 tenha sido a lição que precisava para se tornar mais forte neste aspecto.

Um top dez é o mínimo que se lhe exige, mas Pinot quer estar no pódio. Um segundo ou terceiro lugar até poderão deixá-lo a sorrir, mas será um sorriso amarelo. Pinot quer uma grande volta e a sua mudança para o Giro acontece também porque percebeu que será difícil o sonho concretizar-se em França tão cedo. 

Com Pinot espera-se o melhor e o pior, mas se de uma vez por todas conseguir ser mais constante nas suas exibições numa grande volta, então é melhor seguir com muita atenção o francês. De recordar que em 2014 foi terceiro no Tour, somando ainda duas etapas em 2012 e 2015.

Bauke Mollema (30 anos, Holanda, Trek-Segafredo)

Mollema teve de respirar fundo para não perder a calma quando soube que a Trek-Segafredo ia contratar Alberto Contador. O holandês queria afirmar-se como o líder para o Tour e no ano passado chegou a sonhar alto, mas na penúltima etapa deu um tombo do segundo para o 11º lugar. Com a chegada de Contador e com a obsessão do espanhol em ganhar mais um Tour antes de se retirar, Mollema sabia que o seu tempo como líder naquela corrida tinha sido pelo menos interrompido. Dizer que acabou poderá ainda ser cedo.

Solução? Mais um ciclista que ao ver o percurso do Giro não hesitou. É para lá que apontou todas as suas forças, sendo o líder indiscutível. Agora até tem um discurso de apaixonado pela Volta a Itália, dizendo que não quer terminar a carreira sem ganhar o Giro.

O ciclista holandês é mais um com o problema que tanto está a somar resultados excelentes, como de repente tem um dia mau que lhe arruina tudo o trabalho feito antes. Portanto, a grande dúvida será mesmo se Mollema irá conseguir aguentar dia após dia ao lado dos melhores, num Giro muito montanhoso e que não dá margem para grandes erros.

A Trek-Segafredo bem espera que Mollema possa alcançar uma boa classificação e uma vitória de etapa. É que o ano não está a decorrer nada como o esperado. A época das clássicas foi para esquecer e são apenas quatro as vitórias até ao momento, uma precisamente por intermédio de Mollema na Volta a San Juan. Contador está a zero, algo pouco habitual para o espanhol nesta fase da época.

Tom Dumoulin (26 anos, Holanda, Sunweb)

Volta a França? Nem pensar. Tom Dumoulin foi dos primeiros a dizer que tinha adorado o percurso do Giro e que queria muito fazer a corrida. E assim foi. O holandês quer afirmar-se de vez como um homem de três semanas, depois do brilharete na Vuelta em 2015. Não conseguiu sequer aproximar-se de uma exibição idêntica em 2016. Há um ano venceu o contra-relógio inaugural em Itália e andou de camisola rosa. Primeiro disse que era esse o objectivo, depois lá foi afirmando que afinal o que tinha dito é que poderia lutar pelo Giro e depois abandonou!

A verdade é que no Tour revelou que as suas capacidades de trepador estavam mais apuradas na etapa que ganhou a Rui Costa. Desde então que temos visto um Dumoulin muito mais combativo em subidas difíceis, algo que lhe teria dado muito jeito na Vuelta de 2015 que acabou por perder para Fabio Aru. O ciclista da Sunweb deixa indicações que está a aproximar-se do ponto de maturidade.

É provável que o vejamos a tentar ganhar uma etapa e o top dez será o resultado mínimo que procura na geral. Mas Dumoulin está muito motivado para este Giro. Quer mostrar-se, quer convencer quem desconfia que possa mesmo ser um grande voltista. Um pódio? Difícil, mas não impossível. A vitória? Talvez seja pedir de mais, mas Dumoulin é homem de não baixar os braços e vai lutar até final.




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