17 de maio de 2017

E a vitória ali tão perto para Rui Costa

Rui Costa foi segundo na 11ª etapa da Volta a Itália (Fotografia: Giro d'Italia)
Ao cortar a meta Rui Costa abanava a cabeça. O ciclista da UAE Team Emirates sabia que tinha perdido uma excelente oportunidade para conquistar uma etapa na Volta a Itália e juntar-se assim a Acácio da Silva, o único português a vencer naquela corrida (cinco etapas) e que inclusivamente vestiu de rosa. A vitória parecia estar ali tão perto, mas Omar Fraile estragou a festa de Rui Costa, ainda que se tenha de dar muito mérito ao espanhol da Dimension Data que fez uma etapa brilhante.

"Tentei a minha sorte com o ataque, mas o Omar Fraile foi mais forte. Dou-lhe os parabéns. Eu bem queria dar-vos uma vitória e à equipa, mas as minhas forças já estavam no limite. O meu corpo já não podia mais", escreveu Rui Costa no seu blogue. O campeão do mundo de 2013 iniciou a etapa na cidade onde conquistou esse título, Florença. Inspirado ou não por esse facto, o poveiro integrou a fuga que teve surpreendentemente Andrey Amador (Movistar) como um dos intervenientes. Mas já lá vamos. Mikel Landa e Omar Fraile estiveram na liderança, mas foram alcançados pelo grupo de Rui Costa. Enquanto Landa deixou-se ficar para trás e perdeu mais 13:26 minutos, Fraile aguentou, com o objectivo de somar os pontos da montanha, sem afastar a hipótese de ainda batalhar pela etapa. Na última subida do dia Rui Costa atacou, mas a companhia de Pierre Rolland (Cannondale-Drapac) e Laurens de Plus (Quick-Step Floors) de nada lhe valeu. Rolland persistiu, foi apanhado pouco antes do final da subida por Fraile e os dois uniram esforços na descida.

Rui Costa voltou a escolher o momento para tirar os 12 segundos de desvantagem para chegar-se à frente. Mesmo com Tanel Kangert (Astana) já no grupo nos metros finais, o português era o favorito. Via-se que estava preocupado com Omar Fraile, tentando sempre manter um olho no espanhol. E tinha razão ao pensar que era dali que vinha o maior perigo. No sprint o espanhol foi mais forte, mesmo depois dos muitos quilómetros em fuga com Mikel Landa. Primeira vitória do World Tour para Fraile. A Rui Costa escapou-lhe a desejada etapa no Giro, mas todo aquele trabalho para apanhar Fraile e Rolland acabou por ter o seu preço no final.

"Ainda falta muito Giro e as tentativas não vão ficar por aqui", escreveu. A viver uma época muito positiva, vencer na Volta a Itália seria verdadeiramente especial para o ciclista português, até porque é a primeira vez que participa nesta grande volta. Visto que o grupo dos favoritos não apanhou a fuga, Rui Costa ganhou algum tempo e subiu à 15ª posição, a 6:29 de Tom Dumoulin.

Quantos aos outros portugueses, José Gonçalves (Katusha-Alpecin) terminou no 67º lugar, a 9:26. José Mendes (Bora-Hansgrohe) foi 49º, a 4:27 de Fraile.


A jogada da Movistar

Andrey Amador na fuga poderia parecer estranho tendo em conta que o ciclista da Costa Rica tem tudo para ser um dos homens mais importantes no apoio a Nairo Quintana. No entanto, a jogada poderá ter resultados interessantes. Ao contrário do que aconteceu em 2016 em que se gerou alguma confusão com Amador e Alejandro Valverde e sobre quem era o líder, este ano não há dúvidas: Quintana é o número um, sem discussão, Amador é o joker. Na edição passada Amador chegou inclusive a andar de rosa e em anos anteriores obteve excelentes resultados. Agora sabe que terá de esperar mais um ano para ter novamente a sua oportunidade e o facto de ter estado na fuga foi uma forma de pressionar as outras equipas, pois o próprio Amador garante que não está na luta pela vitória.

O ciclista da Costa Rica subiu ao sexto lugar e tem 3:05 minutos a mais que Dumoulin. Este posicionamento pode tornar-se numa dor de cabeça para as formações rivais da Movistar. Em vez de se manter apenas no apoio a Quintana, Amador pode muito bem tentar abanar as etapas e irá obrigar as equipas a persegui-lo. Tal poderá significar maior descanso para a Movistar e um desgaste de formações que não têm o poderio da equipa espanhola. Podem sempre deixar Amador afastar-se, mas tal poderia colocá-lo como um verdadeiro candidato. Se tal vier a acontecer (improvável, mas é melhor não dizer nunca) poderá criar um verdadeiro reboliço na corrida e eventualmente na própria Movistar se Quintana tiver um mau dia. Para já, Amador é o joker perfeito para gerar alguma confusão na Sunweb, FDJ, Trek-Segafredo e Bahrain-Merida. E há que não esquecer, no contra-relógio, este ciclista não tem nada de parecido com Quintana, defendendo-se muito bem.

Quintana esteve tranquilo, depois de ontem ter perdido mais de dois minutos para Tom Dumoulin. O colombiano sabe que haverá etapas mais apropriadas para ele. Já Vincenzo Nibali tentou atacar na descida, o mesmo aconteceu com Thibaut Pinot - atacou pouco antes do final da subida -, ainda que talvez a intenção fosse mais ganhar alguma distância num terreno que não lhe é muito propício e assim evitar perder tempo. Bauke Mollema não se mostrou muito descansado, mas não perdeu tempo. Já a Sunweb passou este primeiro teste e no final Tom Dumoulin até considerou que o dia não foi muito difícil, tendo em conta que esperava bem pior, com mais ataques à sua liderança.

Mal esteve Steven Kruijswijk (Lotto-Jumbo) que perdeu mais 2:25 minutos e até o top 10 começa a fugir, mas Tejay van Garderen fez ainda pior: chegou a 21:20 minutos de Omar Fraile. Não é gralha, é mesmo mau de mais para ser verdade para o líder da BMC.


Giro d'Italia - Stage 11 - Highlights por giroditalia

O Giro vai entrar numa fase mais tranquila. Esta quinta-feira até começa com uma segunda categoria e depois uma terceira. Mas seguir-se-ão muitos quilómetros relativamente planos No total serão 229 entre Forlì e Reggio Emilia. Um bom dia para uma fuga triunfar, a não ser que os sprinters passem bem as subidas e tentem disputar a etapa. Caso não conseguiam, sexta-feira é mesmo para eles. Etapa será completamente plana.


No fim-de-semana os candidatos voltarão à acção e atenção à etapa de domingo, que poderá estar na agenda de Rui Costa. Segunda-feira será dia de descanso, seguindo-se a brutal terceira semana do Giro.

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