5 de maio de 2017

Bora-Hansgrohe ao estilo Sagan: ganhar tudo com espectáculo

(Fotografia: Giro d'Italia)
Começar o Giro100 com uma vitória de etapa e com a maglia rosa seria perfeito para qualquer ciclista. Porém, a Bora-Hansgrohe deu outra definição à perfeição: venceu a etapa e ficou com as quatro camisolas em disputa. Para a equipa alemã já era uma enorme satisfação ver Cesare Benedetti tirar partido da fuga para garantir a liderança na montanha. Mas a grande surpresa chegaria quilómetros mais tarde. E a surpresa é provável que tenha sido tanto dos sprinters que perderam a oportunidade de ter a maglia rosa, dos adeptos e da própria equipa. A estrela do dia acabou por ser um relativamente desconhecido Lukas Pöstlberger. Em 1,5 quilómetros o austríaco saiu do anonimato para aos 25 anos viver um momento absolutamente espectacular na sua ainda curta carreira.

(Fotografia: Giro d'Italia)
Vamos a uma rápida apresentação. Pöstlberger é austríaco, tem 25 anos, em Agosto de 2015 foi como estagiário para a então Bora-Argon18, sendo contratado no ano seguinte. Conta com algumas vitórias principalmente no seu país, tendo sido campeão nacional ainda muito novo, com 20 anos (2012). Este ano foi quinto no E3 Harelbeke, confirmando as suas qualidades para corridas de um dia. Pöstlberger saiu do anonimato em grande estilo. Ao estilo do colega Peter Sagan. Com dois quilómetros para o fim da primeira etapa do Giro100, os sprinters estavam ansiosos por disputar a desejada maglia rosa. O austríaco trabalhava para colocar Sam Bennett, ele sim a aposta da Bora-Hansgrohe para hoje. Porém, aqueles últimos três quilómetros era de fazer parar a respiração pelas curvas e contra-curvas que tinham. "Queríamos preparar o sprint para o Sam. Não sei o que aconteceu, perderam a minha roda e abri um espaço", contou Pöstlberger.

Não esquecendo que estamos a falar de uma fase da corrida que decorria a uma velocidade muito alta, o austríaco de repente começou a ouvir no rádio: "Vai Posty, tenta!" E tentou, pedalou com toda a força que lhe restava, lutou como tantas vezes já viu Sagan fazer e surpreendeu tudo e todos. Inclusivamente a ele próprio: "Penso que vou precisar de muitas semanas para assimilar esta vitória. É inacreditável!" Pöstlberger terá ainda de arranjar algum espaço numa parede da sua casa para pendurar as camisolas rosa (liderança na geral), ciclamino (pontos) e branca (juventude). A azul vai para a parede da casa de Benedetti.

Para se ter a noção do feito de Pöstlberger, foi a primeira vez que um austríaco venceu no Giro e vestiu a maglia rosa, o que só ajudou à incredulidade de jovem ciclista: "É histórico! Não imaginava nada assim nos meus melhores sonhos!" Esta é a primeira grande volta em em participa e é também a primeira para a equipa como formação do nível World Tour. 

Colega de José Mendes, o português mostrou no Facebook a alegria do que aconteceu no arranque do Giro100.


Numa etapa que decorreu como tantas outras - uma fuga, o pelotão a controlar, com as equipas dos sprinters atentas -, o acaso de Pöstlberger foi brilhante para fechar o primeiro dia, que serviu mais para os ciclistas entrarem no ritmo da primeira grande volta do ano, do que para grandes emoções.

André Greipel (Lotto Soudal), Caleb Ewan (Orica-Scott) e Sacha Modolo (UAE Team Emirates) foram os sprinters que mais viram as suas equipas preparem o terreno para lutarem pela vitória. Acabaram por não a discutir e claro que nenhum ficou satisfeito. Greipel tinha como um dos objectivos do ano vestir a maglia rosa e realçou que não houve demérito dos sprinters, mas sim mérito de Pöstlberger. "Chapeau ao vencedor. Ele fez um 1,5 quilómetro muito forte e mereceu ganhar", salientou o alemão. Greipel disse ainda que conhece o austríaco, pelo que considera que não é completamente inesperado o que fez, ainda que admita que não fosse esse o plano da Bora-Hansgrohe. "Temos de saber aproveitar as situações", afirmou.


Giro d'Italia - Stage 1 - Highlights por giroditalia

A primeira etapa ligou Alghero a Olbia, com 206 quilómetros a serem percorridos. As curvas e contra-curvas do final acabaram por provocar alguns cortes e um dos homens a perder tempo foi Steven Kruijswijk. O holandês da Lotto-Jumbo terminou a 13 segundos do vencedor. Não é algo que Kruijswik desejasse e não sendo grave, é já uma desvantagem. José Mendes e José Gonçalves entraram juntamente com Kruikswik, já Rui Costa acabou no grupo da frente.

Este sábado espera ao pelotão mais uma maratona, com 221 quilómetros entre Olbia e Tortolì. Será um dia mais difícil, com uma contagem de segunda categoria em Genna Silana, que terminará a menos de 50 quilómetros do final. Será complicado para os sprinters, ainda que se não passarem muito mal a subida, poderão recuperar o tempo perdido. Contudo, poderá ser mais um dia para alguém atacar.



Veja aqui os resultados da primeira etapa da 100ª edição da Volta a Itália.

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