(Fotografia: © Bora-Hansgrohe/Stiehl Photography) |
Juraj Sagan. Também muito referido como o irmão de Peter Sagan. O ciclista eslovaco não sente pressão por ser irmão de quem é e não considera ter nada a provar. Há muito anos que acompanha o bicampeão do mundo, mas nunca esteve tanto ao seu lado como agora que ambos estão na Bora-Hansgrohe. 13 meses mais velho que Peter, Juraj (28 anos) não esconde o orgulho de actualmente vestir a camisola de campeão eslovaco e apesar de estar concentrado no seu trabalho de gregário, tem uma ambição: estar na Volta a França, claro está, ao lado do irmão. Nunca fez nenhuma grande volta, pelo que luta por uma oportunidade até porque sendo um homem que se sacrifica em prol dos líderes, não significa que não aspire a uma vitória e Juraj vê as competições por etapas a possibilidade de tentar conquistar um triunfo para juntar ao título de campeão nacional.
"O meu sonho é fazer a Volta a França com o Peter. Adoraria fazer isso. E em três semanas é possível ter a possibilidade de tentar algo", explicou Juraj Sagan ao Volta ao Ciclismo. Este objectivo parece mesmo sobrepor-se à ambição de manter a camisola de campeão eslovaco, ainda que não esconda que agora o olham de forma diferente: "O mais importante é manter a camisola na equipa. Temos quatro ciclistas [Juraj e Peter Sagan, Michael Kolar e Erik Baska] para os Nacionais e vamos ver no que vão resultar as tácticas. Mas este ano tem sido mesmo especial para mim com esta camisola. Todos no pelotão olham para mim de forma diferente. É uma grande honra."
Apesar de ser irmão de um dos melhores ciclistas da actualidade e de ser referido muitas vezes por esse laço familiar, Juraj garantiu não que não sente pressão para mostrar que também ele tem qualidade. "Eu sei o que tenho de fazer e se a equipa está feliz com o meu esforço, então eu também estou feliz. Em causa não está em provar algo, mas sim em fazer o meu trabalho", salientou. Apesar de este ano parecer estar a ter um papel mais relevante como homem de confiança de Peter Sagan, Juraj não considera que está a ter mais oportunidades do que na Tinkoff, nem que tenha um papel mais relevante dentro da Bora-Hansgrohe. "O meu trabalho não mudou", realçou.
"Este ano tem sido mesmo especial para mim com esta camisola [de campeão eslovaco]. Todos no pelotão olham para mim de forma diferente. É uma grande honra"
Este domingo os Sagan vão enfrentar o Inferno do Norte do Paris-Roubaix. A Bora-Hansgrohe apostou muito forte na contratação do bicampeão do mundo, com o objectivo de conquistar grandes vitórias nas clássicas do pavé e depois na Volta a França, corrida na qual Peter já soma cinco camisolas verdes (dos pontos). No entanto, até agora a grande estrela só conta com a Kuurne-Bruxells-Kuurne, ao que se acrescenta duas etapas do Tirreno-Adriatico. A equipa viu ainda Sam Bennett vencer uma tirada no Paris-Nice. Naturalmente que as expectativas para a Volta a Flandres e para o Paris-Roubaix estavam em alta, mas a queda de Peter Sagan no domingo colocou algumas dúvidas sobre a sua condição física: "Vamos ver. Mas penso que ele estará bem e eu terei novamente de fazer o meu trabalho para ele e para a equipa. Porém, como se pôde ver na Volta a Flandres, mesmo que tudo esteja a decorrer como planeado, é preciso ter sorte."
Na Tinkoff Peter Sagan não tinha muita ajuda da equipa nos momentos mais importantes. Na Bora-Hansgrohe, aqui e ali vai-se vendo uma tentativa dos colegas em tentar estar ao lado do seu líder, mas ainda há muito trabalho a fazer. "É como em todas as relações. Precisas de conhecer as pessoas como deve ser. Agora, depois de algumas semanas de corridas duras, já percebemos melhor quem é capaz de ajudar e em que situações pode fazer esse esforço. Por isso, poderemos utilizar todo o nosso potencial de forma mais eficiente. Automaticamente, o apoio ao Peter melhora", explicou Juraj Sagan.
Terminando o Paris-Roubaix, o campeão eslovaco vai começar a pensar nas corridas por etapas na esperança de estar em boa forma e ser chamado para o Tour, em Julho. "Vou estar na Volta à Romandia, na Califórnia e na Suíça. Depois vamos ver como estou fisicamente, mas é possível que faça a Volta a França", referiu.
"Temos uma equipa muito forte para as corridas mais importantes e o nosso objectivo é desafiá-las [Movistar, BMC e Sky] nessas provas"
Juraj Sagan falou ainda sobre o investimento que a equipa fez, além de Peter Sagan. Rafal Majka é o grande nome, mas para as provas de três semanas e foram ainda contratados gregários com provas dadas no pelotão. A ambição da Bora-Hansgrohe, que este ano subiu ao escalão do World Tour, é muita, mas Juraj disse que "ao comparar com equipas como a Movistar, BMC ou Sky", pensa que ainda não é possível fazer frente ao poderio dessas formações em todas as competições. "Mas temos uma equipa muito forte para as corridas mais importantes e o nosso objectivo é desafiá-las [às formações referidas] nessas provas", frisou.
Na Tinkoff, Juraj Sagan competiu ao lado de Sérgio Paulinho e na Bora-Hansgrohe tem como colega José Mendes. Ainda não teve muita interacção com o campeão nacional, mas pela experiência que teve a seu lado no Paris-Nice, disse que José Mendes "é uma boa pessoa e progrediu de dia para dia": "Dá para ver que é um ciclista para corridas por etapas. É também muito bom trepador e, por isso, será um homem muito importante para o Rafal Majka em algumas corridas."
Já sobre Sérgio Paulinho, Juraj referiu que apesar de só ter feito algumas corridas com o português, ficou amigo do ciclista que actualmente representa a Efapel: "Ele é um verdadeiro campeão quando se olha para o que alcançou na carreira. Era também muito simpático e descontraído. Penso que essa forma descontraída de estar posso aprender com ele."
Juraj sabe que será inevitável continuar na sombra do irmão. Mas não se incomoda com isso, sendo claro que se sente realizado com a carreira que está a construir. Porém, não esconde que tem também a sua ambição pessoal, sabendo que terá de ter paciência, mas que a sua oportunidade poderá chegar. E quando isso acontecer, quer estar preparado para a agarrar.
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