1 de fevereiro de 2017

Ciolek: a grande promessa, que se ficou pela Milano-Sanremo, termina a carreira aos 30 anos

Ciolek procurou uma segunda oportunidade na MTN-Qhubeka e alcançou
a maior vitória na sua carreira na Milano-Sanremo
(Fotografia: Facebook Gerald Ciolek Fanpage)
17 de Março de 2013. Neve, muita neve, muito frio, estradas perigosas e 200 ciclistas a enfrentar estas condições num dos monumentos do ciclismo, a Milano-Sanremo. O mau tempo daquele dia fez com que aquela edição da corrida se tornasse das mais marcantes. Muitos ciclistas simplesmente nunca conseguiram aquecer e desistiram. Os que optaram por tentar terminar, chegaram a fazer parte do percurso nos carros das equipas, quando alguns quilómetros da prova foram neutralizados. As duas principais dificuldades, Passo del Turchino e Le Manie, foram anuladas, o que significou cerca de 60 quilómetros a menos dos 298 inicialmente previstos. Muitos nunca mais esqueceram aquele dia, mas para um ciclista foi o grande momento de uma carreira que tanto prometeu, mas que nunca atingiu o patamar esperado: Gerald Ciolek. O alemão finalmente mostrava o talento que tinha demonstrado ainda muito jovem. Porém, o momento de glória foi efémero. Ciolek nunca encontrou o seu lugar entre os melhores e aos 30 anos colocou um ponto final numa carreira que tinha tudo para ser grande e que acabou por desiludir.

Com apenas 18 anos, Gerald Ciolek sagrou-se campeão nacional de fundo, em elite (o mais novo de sempre no país). O jovem sprinter bateu um dos melhores da história germânica, Erik Zabel, e Robert Förster, ciclista que se tornou conhecido pelas suas pernas muito (mesmo muito) musculadas. Nesse mesmo ano, de 2005, Ciolek juntaria o título de campeão do mundo de sub-23. Sem surpresa chamou a atenção de grandes equipas, assinando em 2007 pela toda poderosa formação alemã T-Mobile, que, naquele que seria o último ano da equipa - passou depois a ser a americana Team Columbia - contava com outros jovens talentos, como Mark Cavendish e André Greipel.

No ano de estreia no principal escalão, conquistou seis vitórias, três das quais na Volta à Alemanha, então uma corrida que pertencia à categoria World Tour. Mark Cavendish, que viria a tornar-se num dos melhores sprinters de sempre, somou sete nesse ano. Mas a adaptação ao mais alto nível do ciclismo não seria tão fácil como parecia inicialmente. No ano seguinte, conquistou mais três vitórias, mas acabou por mudar de equipa em 2009. Ao serviço da Milram venceu uma etapa na Volta a Espanha.

O grande momento da carreira do ciclista alemão
(Fotografia: Facebook Gerald Ciolek Fanpage)
Ciolek teria uma nova oportunidade numa grande equipa, quando a QuickStep o contratou. Em dois anos com a equipa belga, conseguiu apenas duas vitórias, uma das quais na Volta ao Algarve, na chegada a Tavira. Muito pouco para continuar na QuickStep. Aceitou em 2013 fazer parte de um projecto sul-africano. A então MTN-Qhubeka, actual Dimension Data, estava no escalão Profissional Continental, mas recebeu o convite para estar na Milano-Sanremo. Sem a pressão das equipas por onde tinha passado e com a garantia que era o sprinter principal da formação, Ciolek alcançou uma surpreendente vitória no monumento, batendo um jovem irreverente chamado Peter Sagan e um experiente Fabian Cancellara.

Seria esta a segunda vida de Ciolek? Não. O alemão ainda somou mais alguns triunfos até ao final do contrato em 2015. No entanto, não subiu com a equipa ao World Tour, pois a aposta foi a contratação de... Mark Cavendish. Ciolek optou por dar um passo ainda mais atrás na carreira. Regressou à Alemanha para representar a formação do escalão continental Stölting Service Group. No entanto, definitivamente, Ciolek não conseguiu comprovar na elite o talento que demonstrou como sub-23.

É caso para dizer que Ciolek passou ao lado de uma grande carreira e não tem intenções, para já, de procurar novas oportunidades. O empresário do ciclista confirmou à revista alemã Tour que Ciolek tomou a decisão de retirar-se. "Gerald não fará parte do pelotão este ano e nós não temos, neste momento, planos para regressar", explicou Ken Sommer.

Poderia, talvez, ter conquistado muito mais, mas certo é que ficará para a história aquela vitória, naquele dia de condições atmosféricas terríveis, num dos monumentos do ciclismo. Ciolek venceu a Milano-Sanremo que ciclistas como Sylvain Chavanel - foi quarto na edição de 2013 - consideraram que quem chegou ao fim foi um autêntico herói.

Aqui ficam imagens daquela inesquecível Milano-Sanremo.



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