13 de fevereiro de 2017

Alberto Contador começa a época a pensar exclusivamente na vitória no Tour para acabar a carreira

(Fotografia: Trek-Segafredo)
Esperou, esperou, mas quarta-feira Alberto Contador sai finalmente para a estrada, na sua primeira competição de 2017. Este ano começa mais tarde e escolheu a Ruta del Sol, na Andaluzia. Perdemos nós, adeptos portugueses, que não o teremos na Volta ao Algarve, mas o espanhol prefere resguardar-se "em casa", com participações agendadas para a Volta à Catalunha e País Basco (esta última venceu já quatro vezes), além da corrida francesa, Paris- Nice, rumo àquele que ambiciona ser o seu Tour e assim, na glória dos Campos Elísios, terminar a carreira.

Contador assinou contrato por dois anos com a Trek-Segafredo e pela primeira vez em algum tempo até poderá ter uma equipa capaz de o ajudar em praticamente todos os momentos. No entanto, depois de ter mudado de ideias quanto ao abandonar o ciclismo em 2016, o facto de ter uma ligação com a nova equipa até 2018, não invalida que o seu sonho seja deixar a competição com a camisola amarela da sua muito desejada terceira Volta a França vestida (na perspectiva do ciclista será a quarta, já que continua a contar com a que lhe foi retirada em 2010 devido ao caso de doping conhecido como "bife à Contador"). E se acontecer este ano, também acontecerá, segundo o próprio, o adeus de um ciclista que venceu as três grandes voltas, com sete triunfos oficiais.

O último triunfo oficial de no Tour Contador foi em 2009. Desde então que ou perseguido pelo azar - soma algumas quedas que o afastaram da luta pela vitória -, ou simplesmente incapacidade física para se debater com, por exemplo, Chris Froome, o espanhol não mais atingiu níveis de outrora, apesar de continuar a ser um ciclista de quem se espera espectáculo e que, de vez em quando, não desilude. Mas o "de vez em quando" não chega.

Contador acredita que aos 34 anos ainda tem capacidade para voltar a conquistar a Volta a França. Diz que não é uma frustração não o fazer desde 2009, contudo, olhando para a sua preparação este ano, é claro que o espanhol sente que a sua janela de oportunidade está a fechar-se e que a presença na Trek-Segafredo será muito provavelmente a sua última oportunidade. Não se incomodou quando o director desportivo, Luca Guercilena, admitiu que foi uma segunda escolha, falhada a contratação de Vincenzo Nibali. Não se incomodou com os ataques de Oleg Tinkov, que tanto o criticou (para utilizar uma palavra até bem simpática para descrever o que disse). Contador não olha só para o que dizem os dados registados nos treinos - ainda que sejam cada vez melhores, segundo o próprio -, o espanhol conta também com o seu instinto, com um ciclismo que tanto gosta da velha guarda e não tão preso a tácticas pré-definidas e que são quase lei em alguns casos.

El Pistolero quer voltar a disparar nem que seja um último tiro no único lugar e no único pódio que realmente lhe interessa naquela que é a fase final da sua carreira: o primeiro lugar da Volta a França.

Aqueles considerados como os grandes candidatos à vitória do Tour, Chris Froome e Nairo Quintana, já se mostraram este ano. O primeiro esteve discreto, o segundo ameaça fazer uma temporada sensacional. Por mais que se considere que Contador é sempre um favorito na Volta a França, inevitavelmente está num segundo plano. Será que consegue voltar ao primeiro? A seu lado deverão estar ciclistas como o seu eterno companheiro Jesús Hérnandez, Bauke Mollema e Matthias Brändle (que vão colocar de parte a sua ambição pessoal para dar uma preciosa ajuda ao espanhol), Jarlinson Pantano é ainda uma incógnita, mas poderia ser muito importante estar ao seu lado, onde estará certamente o português André Cardoso, muito motivado para levar Contador à ambicionada vitória.

Este ano Contador não deverá ter as preocupações que tinha na Tinkoff. Pode ter sido segunda escolha, mas está em primeiro lugar nas pretensões de conquistar a Volta a França. A Trek-Segafredo deu-lhe o que quis, ainda que nos bastidores se diga que já prepare o "ataque" a Fabio Aru, que termina contrato com a Astana no final de 2017, para assim cumprir o desejo do patrocinador italiano, a Segafredo, em contar com um ciclista líder do seu país. Contador não se deixa distrair por rumores. O objectivo é claro e a oportunidade pode ser a última. Pressão? O espanhol não se deixa abater por ela e é bem provável que se comece a mostrar desde já. Contador não sabe ser discreto e é também por isso que tem tantos fãs. O ciclismo sem ele não será o mesmo, portanto, é melhor aproveitar, seja até Julho ou (esperemos) até ao final de 2018.

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