29 de janeiro de 2017

Volta a San Juan. Muita Quick-Step Floors e os sinais positivos de Bauke Mollema, Rui Costa e Rafael Reis

Bauke Mollema começa 2017 com uma vitória moralizadora,
a pensar na Volta a Itália (Fotografia: Twitter Trek-Segafredo)
No ano da internacionalização, ou seja, da subida de categoria UCI para 2.1, a Volta a San Juan só não foi 100% internacional, porque Maximiliano Richeze venceu duas etapas, dando um toque argentino a uma corrida que apenas pela segunda vez nos seus 35 anos de história não teve um vencedor da casa. San Juan sempre viveu com intensidade a sua corrida e a festa foi intensa com a presença de algumas das melhores equipas e também de ciclistas de renome. E como é uma edição para ficar para a história, então é perfeito que tenha sido inscrito na lista de vencedores de etapas dois campeões do mundo - Tom Boonen e Rui Costa -, um dos mais promissores sprinters - Fernando Gaviria - e um vencedor que começa 2017 a mostrar que aos 30 anos está pronto para lutar por uma grande volta: Bauke Mollema.

Para garantir que a Volta a San Juan seja ainda mais falada no futuro, a Bahrain-Merida, a primeira equipa do Médio Oriente no World Tour, venceu pela primeira vez por intermédio de Ramunas Navardauskas. A segunda equipa do Médio Oriente no World Tour, a UAE Abu Dhabi - e o estatuto de primeira e segunda é apenas por uma questão de datas de confirmação da existência das formações, pois fazem as duas a estreia no principal escalão - também já ganha, com Rui Costa a ficar com o feito de ter sido o primeiro.

Quick-Step Floors venceu cinco das sete etapas
(Fotografia: Volta a San Juan)
Mas vamos a algumas conclusões que se podem tirar desta Volta a San Juan. O grande destaque vai para a Quick-Step Floors. A equipa belga dominou a corrida, conquistando cinco das sete etapas. Sem Marcel Kittel, Fernando Gaviria (22 anos) tinha um hipótese de ouro para se mostrar. Duas tiradas foram para ele e o colombiano comprovou que a formação belga tem mais um potencial grande sprinter a despontar. Richeze (33) também aproveitou a oportunidade para vencer outras duas etapas, mas o argentino sabe que lhe está reservado um papel de apoio aos líderes durante grande parte da época. E para começar bem o último ano da carreira, ou melhor, os últimos quatro meses da carreira, Tom Boonen também ganhou, um triunfo motivante para o veterano ciclista (36 anos) que se prepara para se despedir no Paris-Roubaix, a 9 de Abril.


Rui Costa com razões para sorrir
(Fotografia: Volta a San Juan)
Rui Costa regressou às vitórias depois de mais de um ano sem celebrar uma conquista. Um triunfo importante para o ciclista português - e logo na etapa rainha da Volta a San Juan - que surge em 2017 com uma ambição renovada, apostado em experimentar um novo calendário, como comprova a estreia na Volta a Itália, deixando o Tour de ser o momento do ano para Rui Costa. A vitória permiti-lhe também deixar garantias aos responsáveis da UAE Abu Dhabi que podem contar com ele como líder, mesmo depois de três anos frustrantes numa Lampre-Merida que nunca deu a Rui Costa as condições esperadas de apoio a um chefe-de-fila.

Quanto ao outro português em prova, Rafael Reis fez a sua estreia pela Caja Rural. E que estreia! Se o quinto lugar de Rui Costa na geral (a 26 segundos de Mollema) é um resultado expectável para um ciclista do nível do campeão do mundo de 2013, já Rafael Reis alcançou uma classificação que por um lado comprova o seu talento, mas que por outro talvez não fosse esperada tão cedo na temporada. O ciclista de Palmela foi 15º  na geral (a 2:36 do vencedor), e 17º na sua especialidade, o contra-relógio, na terceira etapa. E este resultado pode muito bem ser só o início de uma carreira internacional promissora. Rafael Reis estará na Volta ao Algarve com a equipa espanhola.





Naturalmente que o grande vencedor da corrida argentina é Bauke Mollema. Mas mais do que ter conquistado a Volta a San Juan, o ciclista holandês deixou indicações muito fortes que quer chegar à Volta a Itália em condições de lutar pela maglia rosa. Com a chegada de Alberto Contador à Trek-Segafredo, Mollema sabia que não podia fazer do Tour o seu principal objectivo, mesmo depois de em 2016 ter sonhado com a vitória ao estar na segunda posição durante várias etapas (acabou em 11º).

O holandês mudou os objectivos, contudo, parece aparecer mais motivado que nunca e principalmente terá atingido a maturidade tanto física como psicologicamente. Aos 30 anos poderá começar a confirmar todo o potencial que há muito lhe é reconhecido, para ser um forte candidato nas grandes voltas, depois de em 2011 ter sido quarto na Volta a Espanha.

Veja as classificações da 35ª edição da Volta a San Juan.

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