A barba tornou-se nos últimos anos a imagem de marca de um ciclista que era admirado por muitos (Fotografia: Katusha) |
O italiano teve uma carreira de respeito tanto a ajudar líderes - Paolo Bettini sabe que algumas das suas vitórias tiveram Paolini como parceiro importante - como a alcançar triunfos próprios, como uma etapa no Giro e outra na Vuelta e também nas clássicas Omloop Het Nieuwsblad (2013) e na Gent-Wevelgem (2015). E a vitória na prova belga seria a última da sua carreira, pois cerca de quatro meses depois - numa altura que era um dos homens de confiança de Joaquim Rodríguez - acusou cocaína num teste anti-doping. Paolini foi expulso da Volta a França (já não começou a oitava etapa), foi despedido da Katusha e, por mais que tenha apelado a um castigo não muito severo, foi suspenso por 18 meses, apesar de ter sido considerado que a cocaína não foi utilizada como uma droga para melhorar a performance, mas sim de forma recreativa.
No final de 2015, Paolini acabaria por admitir a sua dependência em comprimidos para dormir, que tinha começado dez anos antes, quando o seu irmão morreu. Mais tarde veio a cocaína - que inicialmente disse nunca ter tocado - e o ciclista explicou que tinha tomado em Junho, durante um estágio de preparação para o Tour, quando estava sozinho durante a noite.
O episódio funcionou como um despertar para Paolini, que frequentou uma clínica de desintoxicação, garantindo que agora está recuperado e pronto para uma nova fase da vida, já que o objectivo de regressar ao ciclismo está colocado de parte, depois de todas as portas estarem fechadas para ele.
"Na Astana, o Vinokourov disse-me que por causa da suspensão não podia contratar-me. Vindo dele, fez-me rir [o antigo ciclista cazaque também cumpriu uma suspensão por doping]. Gostaria de ter corrido pela Bahran-Merida [equipa do compatriota Vincenzo Nibali], mas a cultura árabe não aceita o mínimo erro no que diz respeito a álcool e drogas", explicou Paolini em declarações à Gazzetta dello Sport.
Luca Paolini confessa alguma "amargura" pela forma como termina a carreira: "Sei que feri o ciclismo, mas antes dei tanto... O seleccionador nacional, Cassani, ligou-me algumas vezes, mas a federação nunca entrou em contacto comigo, nem para me chamar idiota."
Agora vai dedicar-se ao café que abriu em Como, na Lombardia, mas quer ainda desenvolver projectos ligados ao turismo e ao ciclismo. E numa fase em que tenta aceitar que a carreira de ciclista profissional acabou, Paolini recorda como o apoio da família e principalmente da filha, agora com 16 anos, foi importante para a sua recuperação. "Quando se comete um erro como o que eu cometi, senti-mo-nos muito mal porque somos suposto ser um exemplo. Eu tenho sorte, ela [a filha] é esperta e percebe. Ela ajudou-me", salientou.
Chega assim ao fim a história, no ciclismo, de Luca Paolini, um homem que chegou a ser muito importante tanto nas equipas por onde passou, como na selecção nacional (foi terceiro nos Mundiais em 2004). Porém, o italiano tem a noção que todo o sucesso que teve será sempre ofuscado pelo teste de doping que acabou por ditar o final da sua carreira.
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