(Fotografia: Wikimedia Commons - Noske, J.D./Anefo) |
"Se fui campeão, fui porque era pobre. Lutava para comer, por ter uma vida melhor. Ganhei a Volta a França porque sonhei, porque sabia que se conseguisse nunca mais seria pobre." A declaração foi feita na 100ª edição do Tour, em 2013, à L'Equipe Magazine. Ferdi Kübler recordava o triunfo histórico de 1950, quando se tornou no primeiro suíço a vencer a Volta a França. Só voltaria a haver mais um e foi o seu grande rival, Hugo Koblet, no ano seguinte. Kübler também seria durante décadas o suíço que vestiu mais tempo a camisola amarela no Tour, até aparecer Fabian Cancellara.
A única coisa que Kübler lamentava era ter começado a carreira durante a Segunda Guerra Mundial (nasceu a 24 de Julho de 1919), pois acabou por competir nos primeiros anos apenas pela Suíça, fazendo a sua estreia no Tour em 1947, quando a corrida foi retomada depois de sete anos de interrupção devido à guerra. O suíço venceu duas etapas (das cinco que alcançou na carreira) e vestiu a camisola amarela durante um dia. Voltou em 1949 para conquistar mais uma etapa, mas no ano seguinte venceu o Tour, superando o belga Stan Ockers e o gaulês Louison Bobet (que viria a conquistar mais tarde três edições da Volta a França).
Apesar de ser um dos ciclistas mais fortes de uma geração que contou com nomes como Gino Bartali e Fausto Coppi, Kübler não conseguiu vencer mais nenhuma grande volta, tendo sido segundo no Tour, em 1954, e terceiro por duas vezes no Giro, em 1951 e 1952. Mas teve uma carreira marcada por sucessos, como um título mundial em 1951, duas Liège-Bastogne-Liège, duas Flèche Wallonne, duas Voltas à Romandia e três Voltas à Suíça.
Em 1955 foram descobertas substâncias dopantes no quarto de Kübler, depois de ter levantado suspeitas durante a subida ao Mont Ventoux. O suíço pedalou de forma errática e os comissários desconfiaram que algo se passava. O ciclista sempre negou ter recorrido a substâncias proibidas. Em 1957 terminou a carreira, mas no seu país nunca deixou de ser um ídolo e em 1983 foi mesmo eleito o desportista helvético mais popular dos últimos 50 anos.
Ferdinand (Ferdi) Kübler tinha de problemas de saúde há alguns anos. Passou o Natal em casa, mas foi depois internado devido a uma constipação. "O Ferdi adormeceu pacificamente com um sorriso no rosto", afirmou a esposa Christina, à revista alemã Schweizer Illustrierte. Kübler tinha 97 anos.
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