(Fotografia: Facebook de Nuno Meireles) |
Bem disposto, relaxado, mas um pouco nervoso com a mudança que se aproxima na sua vida. Foi com este estado de espírito que decorreu a conversa com Nuno Meireles, ciclista que surpreendeu ao escolher o novo projecto boliviano para prosseguir a sua carreira. Aos 25 anos resolveu arriscar, admitindo que será uma aventura. No entanto, acredita que a equipa tem tudo para ser um bom projecto que lhe pode, eventualmente, abrir outras portas. "Vou um bocado às cegas, mas resolvi arriscar. É sem dúvida uma aventura, mas o ciclismo tem destas coisas", salientou ao Volta ao Ciclismo, esperando que tudo possa correr muito bem em 2017.
Nuno Meireles viu-se sem equipa com o final da LA Alumínios-Antarte. "Cá não ia ser fácil arranjar uma equipa e surgiu esta oportunidade por intermédio do meu empresário", contou. O ciclista português acrescentou que tinha outra proposta de uma equipa espanhola, mas acabou por ser atraído pelo projecto boliviano: "A equipa vai fazer um bom calendário e parecem ter boas condições. Falaram-me muito bem do senhor Laudelino Cubino [director desportivo] e pelas informações que tenho, a equipa tem tudo para ser um bom projecto."
A formação irá competir pela América do Sul, mas também quer marcar presença em competições em Portugal, Espanha e França. E a Volta a Portugal é um dos objectivos. Só no final de Janeiro ou princípio de Fevereiro Nuno Meireles vai estar presente na concentração e aí sim ficará a conhecer em pormenor o que esperam dele. Contudo, considera que "se fizer bem o trabalho" que lhe for proposto, "isso já significará uma boa época". E admitiu que o facto de ter a possibilidade de estar em corridas que com uma equipa portuguesa dificilmente estaria, poderá ter mais visibilidade e chamar a atenção para continuar a sua carreira no estrangeiro.
"Se calhar ainda não encaixei bem que as coisas vão mudar e até confesso que estou com algum nervosismo"
Apesar de uma aparente postura relaxada, Nuno Meireles deixou uma confissão: "Se calhar ainda não encaixei bem que as coisas vão mudar e até confesso que estou com algum nervosismo." Porém, espera que o facto de conhecer alguns dos espanhóis também contratados pela equipa possa ser positivo para a sua adaptação.
Perante uma mudança de equipa tão inesperada, como reagiram a família e amigos? "Ninguém estava à espera. A família só quer que corra tudo bem e que seja mais uma aventura, tal como os amigos." Fica ainda um desejo de ter a oportunidade de visitar a Bolívia, já que vai competir por uma equipa daquele país: "Seria muito bom ir lá."
Participar na Volta a Portugal é um dos principais objectivos da equipa
A equipa Bolívia vai estrear-se no escalão Continental, mas também terá uma formação amadora e uma feminina. Conta com o apoio do governo e terá o antigo ciclista espanhol Laudelino Cubino como director desportivo. A liderança de Cubino terá sido decisiva não só para Nuno Meireles escolher a equipa boliviana, mas também para os ciclistas espanhóis. Cubino competiu nos anos 80 e 90, contando com vitórias de etapas na Vuelta e Giro, tendo inclusivamente sido terceiro na Volta a Espanha em 1993. Venceu a Volta à Catalunha três anos antes.
"A nossa principal ambição será a Volta a Portugal na Europa e a Volta à Colômbia na América"
Cubino explicou ao Volta ao Ciclismo porque escolheu o antigo corredor da LA Alumínios-Antarte: "Queríamos um ciclista português que nos facilitasse a entrada em corridas em Portugal, onde temos muito interesse em correr e o Nuno foi recomendado como sendo um ciclista de equipa." Acrescentou que o agente Javier Fernández referiu Nuno Meireles como "um bom ciclista para ajudar os companheiros".
Nuno Meireles disse que a equipa estaria no Grande Prémio Jornal de Notícias e no Grande Prémio Beira Baixa, mas Cubino aponta mais alto: "A nossa principal ambição será a Volta a Portugal na Europa e a Volta à Colômbia na América. Vamos solicitar em breve as inscrições para estas e outras corridas, tanto em Portugal, Espanha, França e América do Sul." O director desportivo garante que conta "com uma equipa muito competitiva" que poderá participar nessas provas de forma "muito digna".
Em Espanha, já tem presença garantida no Grande Prémio Miguel Indurain, Amorebieta, Volta a Castela e Leão e na clássica Villafranca de Ordizia.
Em Espanha, já tem presença garantida no Grande Prémio Miguel Indurain, Amorebieta, Volta a Castela e Leão e na clássica Villafranca de Ordizia.
Projecto importante para o ciclismo na Bolívia
A equipa surge com a intenção de ajudar a desenvolver a modalidade no país, de forma a que os ciclistas possam competir a um nível mais elevado. "É um projecto muito importante para o ciclismo na Bolívia porque os atletas contam com excelentes condições para se tornarem grandes no ciclismo e poucos são os que têm tido a oportunidade de se mostrarem a nível internacional", explicou ao Volta ao Ciclismo Lina Lopera, responsável pela comunicação da equipa. Considera que é "uma grande oportunidade para [os ciclistas] melhorarem a sua preparação", sendo importante poder privar com os estrangeiros que estão na equipa e "que têm uma maior experiência".
A dar os primeiros passos no ciclismo no escalão Continenal, o plano da equipa passa por subir nos próximos anos, quem sabe até ao World Tour. Para já, Lina Lopera destacou que talvez um dos ciclistas da Bolívia consiga chegar a uma equipa do escalão máximo do ciclismo.
Quanto à aposta numa equipa feminina, a responsável explicou que "as mulheres destacam-se cada vez mais no ciclismo e o Ministério do Desporto da Bolívia quis também inclui-las e apoiar assim o crescimento do ciclismo feminino no país".
Aqui ficam os nomes dos futuros colegas de Nuno Meireles:
Bacilio Ramos Ticona, Gilver Zurita Ferrufino, Javier Arando Ramos, Piter Campero Villarroel, Carlos Ludwing Amurrio Barrientos, Freddy Gonzales Soto (todos da Bolívia), Jefferson Alveiro Cepeda Hernández (Equador), Marvin Orlando Angarita Reyes, Omar Alberto Mendoza Cardona (ambos da Colômbia), Julián Barrientos (Argentina), Iván Martínez Jiménez, Sergio Rodríguez Reche, Egoitz García Echeguibel, Pedro Gregori Martínez e Carlos Antonio Jiménez Lozano (o quinteto espanhol).
»»Edgar Pinto: "Estamos a construir uma equipa com pessoas trabalhadoras e honestas. Acho que vamos ter um conjunto bom e unido"««
»»Amaro Antunes: “Quando queremos evoluir temos de estar onde há qualidade”««
»»Edgar Pinto: "Estamos a construir uma equipa com pessoas trabalhadoras e honestas. Acho que vamos ter um conjunto bom e unido"««
»»Amaro Antunes: “Quando queremos evoluir temos de estar onde há qualidade”««
Sem comentários:
Enviar um comentário