Praticamente desde que Bradley Wiggins bateu o recorde da hora que pertencia a Alex Dowsett, que se fala que o ciclista da Movistar iria tentar recuperar a marca que foi sua durante apenas 36 dias. Dowsett tentou mostrar respeito pelo feito do seu compatriota, mas a verdade é que ter perdido o recorde para Wiggins foi algo difícil de digerir para Dowsett. E depois de um 2016 muito abaixo do nível a que normalmente se apresenta (começou o ano a partir uma clavícula e nunca se apresentou na melhor forma), o britânico quer começar 2017 em grande. Ainda não há data marcada, mas a nova tentativa poderá ocorrer no final de Janeiro, no velódromo de Manchester.
Para a história ficaram ainda as declarações que criaram alguma controvérsia por parte de um dos treinadores e amigo de Dowsett. Steve Collins acusou Bradley Wiggins de utilizar uma bicicleta ilegal, nomeadamente o guiador, que foi criado especialmente para melhor "encaixar" os braços do ciclista. Collins disse ainda que o britânico recebeu tratamento especial da federação, algo também ilegal. Dowsett tentou meter água na fervura, mas a polémica foi lançada e apesar de não ter resultado em qualquer perda de recorde de Wiggins, as acusações ainda hoje são recordadas.
Alex Dowsett quer agora deixar aquele 7 de Junho de 2015 definitivamente para trás (dia em que Wiggins bateu o recorde por cerca de 1,5 quilómetros) e a melhor forma será fazer ele novamente a melhor marca. Confiança não lhe falta. O britânico considera que em 2015 encarou a tentativa de bater o recorde de uma forma conservadora. Então fez mais cerca de 500 metros que Rohan Dennis. Agora diz que será menos conservador e irá também alterar alguns pormenores da sua preparação.
"Há muitas coisas que não serão necessariamente feitas de forma diferente, mas serão melhores", começou por dizer, citado pelo site Cycling News. "Eu irei fazer menos treino de pista do que da última vez porque fiz alguns testes e fui mais rápido depois de um ano sem treinar na pista. Vou fazer um treino mais baseado na estrada", explicou.
Dowsett escolheu o mesmo palco de 2015, mas se vai mudar o treino para tentar melhorar, também terá à sua disposição um equipamento melhor e que na teoria lhe permitirá ir mais rápido. Ou seja, a Canyon preparou a bicicleta e a Endura o fato a ser utilizado pelo britânico de 28 anos. Dowsett considera a marca de Wiggins fantástica e sabe que terá de encontrar muitos metros e segundos para fazer melhor. De recordar que Dowsett fez 52.937 quilómetros e Wiggins 54.526.
Depois de muitos anos praticamente esquecido, o recorde da hora voltou a entrar nos objectivos de alguns ciclistas, principalmente com a mudança de regras, que se tornaram menos restritivas, por exemplo, quanto às bicicletas. Fabian Cancellara foi dos primeiros a mostrar vontade de tentar em 2014. Porém, foi o então colega de equipa, Jens Voigt quem começou. Então pensou-se que era uma forma da Trek tirar dados para preparar a tentativa de Cancellara. No entanto, o suíço acabou por nunca tentar bater o recorde e este ano colocou um ponto final na carreira.
Mas voltando a Jens Voigt, que quis terminar a sua carreira em grande, bateu a marca que durava desde 2005, quando um desconhecido checo Ondrej Sosenka fez 49.700 quilómetros, batendo os 49.441 de Chris Boardman (houve sempre alguma desconfiança devido aos teste positivos de doping em 2001 e depois em 2008). De salientar que Boardman até tinha já conseguido uns incríveis 56.375 quilómetros, em 1996, mas utilizou uma bicicleta não permitida pelas regras da UCI. Voigt fez 51.110 e aquele 18 de Setembro de 2014 foi o início de uma sucessão de tentativas que reavivaram um quase esquecido recorde da hora.
A 30 de Outubro desse ano, Matthias Brändle fez 51.852; Rohan Dennis 52.491 (a 8 de Fevereiro de 2015), seguindo-se depois Dowsett e Wiggins. Jack Bobridge, Thomas Dekker e Gustav Larsson falharam nas suas tentativas.
»»Movistar. Um exemplo de como uma verdadeira equipa mantém-se unida e a ganhar apesar dos maus momentos««
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