Sérgio Paulinho está de regresso a Portugal. O ciclista que durante a última década se consagrou como um dos chamados gregários mais importantes do pelotão internacional, principalmente ao lado de Alberto Contador, assinou pela Efapel. Com o final da Tinkoff, o futuro de Sérgio Paulinho estava incerto, mas o português decidiu voltar a casa para assumir o papel de líder, para assumir a responsabilidade de tentar vencer a Volta a Portugal.
Américo Silva, director desportivo da Efapel, não esconde a alegria por voltar a trabalhar com Sérgio Paulinho, um ciclista que orientava quando este venceu a medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004, e com quem sempre manteve uma relação de amizade. Depois de 12 anos no World Tour estará Sérgio Paulinho motivado para regressar a Portugal? Américo Silva assegurou ao Volta ao Ciclismo que o dinheiro não influenciou a decisão: "O que o está a incentivar é o trabalho. Sei que ele está tão motivado em vir correr na Efapel e tentar vencer a Volta a Portugal, como se continuasse no World Tour."
Mas mesmo com 36 anos e com muita experiência ao mais alto nível, Sérgio Paulinho terá de passar por um período de adaptação para a sua nova função. "Não é uma mudança fácil. É um trabalho totalmente diferente. Ele vai ter de trabalhar em prol de se tornar um vencedor. Mesmo em termos de preparação é muito diferente. Há muito a fazer nos próximos meses para que as coisas possam chegar a 100% à Volta a Portugal", explicou Américo Silva. Em 2004, Sérgio Paulinho foi sexto na geral e segundo na classificação da juventude.
Para o pelotão nacional este é um regresso marcante. Sérgio Paulinho esteve ao lado de Alberto Contador em vitórias no Giro, Tour e Vuelta. Sempre trabalhou para um líder e individualmente teve duas recompensas (além da medalha olímpica que ajudou a catapultar a sua carreira): uma vitória de etapa na Volta a Espanha (2006) e outra no Tour (2010). No ano passado quase alcançou uma no Giro, mas terminou em segundo.
"Ele vai ter de trabalhar em prol de se tornar um vencedor. Mesmo em termos de preparação é muito diferente. Há muito a fazer nos próximos meses para que as coisas possam chegar a 100% à Volta a Portugal"
Nos Campeonatos Europeus, Sérgio Paulinho fez um trabalho exímio e parecia quase inacreditável como era possível estar sem contrato para 2017. Ajudou Rui Costa a alcançar o sexto lugar. Em entrevista ao jornal O Jogo, o ciclista português mostrou-se desagrado com a atitude de Alberto Contador. Contou que o espanhol lhe garantiu que o levaria com ele, numa altura em que se falava em formar uma nova equipa, mas quando assinou pela Trek-Segafredo, Paulinho nunca recebeu o convite prometido. Em Espanha surgiram notícias que a Movistar estaria interessada no português e em entrevista ao Volta ao Ciclismo, Nelson Oliveira destacou como seria uma boa contratação: "É um excelente ciclista, não há dúvida, e seria uma mais valia para a equipa. É um dos melhores ciclistas em grandes voltas porque já ajudou muita gente a ganhar."
Os rumores não se confirmaram e as equipas World Tour iam dando mostras que os plantéis estavam praticamente fechados. Em Portugal, a Efapel ia anunciado contratações de jovens como o colombiano Mateo Garcia e o espanhol Jesús del Pino, renovando com Daniel Mestre, Henrique Casimiro, Rafael Silva, António Barbio e Álvaro Trueba. Faltava um líder. Aí está ele: Sérgio Paulinho, uma contratação perfeita para o presente e para o futuro. "O Sérgio é uma aposta para já. Se não fosse assim não faria sentido. Logicamente que pela sua maneira de ser e de estar, pelo seu profissionalismo, ele é um exemplo e acaba por ser uma escola para os jovens que entram este ano e para os que já cá estavam", salientou Américo Silva.
O director desportivo não tem dúvida que esta relação tem tudo para dar certo e garantiu que o plantel ficou fechado. Agora é altura de começar a preparar 2017 na estrada.
Sem comentários:
Enviar um comentário