21 de novembro de 2016

Ciclismo em África a crescer: ciclistas de qualidade e muito apoio do público

Temesgen Buru é um ciclista etíope que ambiciona fazer as grandes voltas
As imagens que durante a última semana foram sendo divulgadas da Volta ao Ruanda mostraram uma realidade um pouco inesperada, mas não inédita. Milhares de pessoas saíram à rua para apoiar os ciclistas numa prova realizada num dos países mais pobres do mundo, mas que claramente tem uma paixão enorme por esta modalidade. O ciclismo africano está a evoluir cada vez mais, muito devido ao Centro Mundial de Ciclismo da UCI, que tem formado atletas de países com menos recursos e também à Dimension Data que tem contratado alguns ciclistas africanos, que começam por rodar na equipa Continental, ambicionando chegar à equipa principal do World Tour.

Daniel Teklehaimanot, Merhawi Kudus e Natnael Berhane são três dos nomes que já se tornaram referência entre o ciclismo africano e mundial, ainda que Chris Froome continue a ser visto como um dos principais heróis, afinal, apesar de competir como britânico, nasceu no Quénia. E Temesgen Buru tem precisamente Froome como ciclista preferido. Buru é um dos jovens africanos que, aos 22 anos, tenta seguir um sonho que até há uns anos parecia impossível. "É mais fácil agora chegar ao World Tour do que há alguns anos. Foi muito importante os ciclistas que abriram caminho e eu agora quero também lá chegar", salientou o etíope ao Volta ao Ciclismo. Convidado para assinar pela equipa espanhola Burgos BH, Temesgen Buru espera agora evoluir para dar o salto para o nível mais alto do ciclismo.

Foi um dos corredores que participou na Volta ao Ruanda, terminando na sétima posição, depois de no ano passado ter sido sexto. Competiu em Portugal no Grande Prémio Joaquim Agostinho, sendo 75º. Ainda passou pelo Circuito da Malveira. Buru diz preferir provas por etapas e claro que ambiciona fazer as grandes voltas. "Se trabalhar muito, talvez consiga lá chegar", referiu. Apesar de admirar Froome, diz ter características mais parecidas com as de Alejandro Valverde, o que também significa que tem um espírito de lutador.

E lutou na Volta ao Ruanda, perante milhares de pessoas, num ambiente sensacional e que ganhou ainda mais expressão depois da desolação que foi assistir a uns Mundiais sem público em Doha. A competição recebeu ainda elogios pelo percurso e pela organização. O crescimento do ciclismo africano também passa cada vez pela realização de competições nos países daquele continente. Já agora, Valens Ndayisenga, ciclista da "casa" da equipa continental da Dimension Data tornou-se no primeiro a vencer a Volta ao Ruanda duas vezes.


Sempre se questionou porque razão não havia mais atletas africanos no ciclismo, pois no que diz respeito ao atletismo, claramente demonstram ter capacidade física para esforços intensos e longos. Porém, a resposta acabava por ser simples: falta de condições, fosse de material (principalmente bicicletas) como também financeiras para formar equipas que pudessem formar jovens. A Dimension Data tem feito um papel solidário de extrema importância ao entregar bicicletas a muitas crianças e jovens. A UCI fez o referido centro que permite aos ciclistas explorar o seu potencial.


O resultado está à vista: hoje existe uma equipa sul-africana no principal escalão, já não se estranha em ver um ciclista africano competir e alcançar bons resultados, falta agora um campeão numa grande competição. Lá chegaremos, certamente.

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