19 de novembro de 2016

BMC. O ano de Avermaet, do azar de Porte e da desconfiança de Van Garderen

(Fotografia: Facebook BMC)
2016 será sempre sinónimo, para a BMC, de Greg van Avermaet. Já tinha sido notório no ano passado que o belga estava a deixar para trás o estigma do segundo lugar, transformando-se na besta negra de Peter Sagan. Porém, este ano, Avermaet ganhou o direito de ser conhecido por mérito próprio e não por bater um dos considerados melhores ciclista da actualidade. Avermaet despontou tarde, é certo – tem 31 anos –, mas claramente a tempo de se consagrar na história do ciclismo na Bélgica, um país exigente com os seus ciclistas, dado o passado que tem com grandes nomes. A medalha de ouro nos Jogos Olímpicos foi de facto o principal momento de 2016, mas Avermaet teve uns meses absolutamente alucinantes com conquistas brilhantes.

Venceu finalmente a sua primeira clássica na Bélgica, a Omloop Het Nieuwsblad, e cresceu a esperança que concretizar o sonho de ganhar um monumento. Porém, uma queda com elementos da sua equipa na Volta a Flandres deixou Avermaet em lágrimas, fora da prova e fora do Paris-Roubaix. Porém, o melhor ainda estava para vir. O belga venceu o Tirreno-Adriatico, beneficiando do facto da etapa de montanha ter sido cancelada devido ao mau tempo e depois chegou à Volta a França para ganhar uma tirada e vestir a camisola amarela. Para terminar ainda ganhou o Grande Prémio de Montreal. No entanto, já a gozar umas férias, Avermaet sofreu uma queda enquanto praticava BTT e teve de ser operado ao tornozelo que partiu.

  • 4º lugar no ranking World Tour com 1128 pontos
  • 29 vitórias (13 no World Tour, incluindo uma no Tour e outra na Vuelta)
  • Greg van Avermaet foi o ciclista com mais vitórias: 7 (5 no World Tour)


Mas a época da BMC não se resumiu a Avermaet, ainda que se tenha centrado bastante no belga. John Darwin Atapuma resolveu aparecer e esteve a bom nível no Giro e na Vuelta e ficou muito perto de ganhar etapas. Talvez seja mais um caso de motivação extra para quem estava em final de contrato e sem muito para mostrar até este ano. Vai rumar à TJ Sport, sendo mais um dos novos colegas de Rui Costa.

A grande questão da BMC para 2016 era Richie Porte ou Tejay van Garderen? O norte-americano era considerado o sucessor de Cadel Evans, mas não havendo dúvidas que é capaz de andar com os melhores, como aliás comprovou no Tour de 2015 – que acabou por abandonar por motivos de doença – a verdade é que Van Garderen é muito instável nas suas exibições. Tanto aparece em grande, como aconteceu na Ruta del Sol no início do ano, como simplesmente não se o vê. Por isso a BMC não se importou de ir buscar Richie Porte à Sky e arriscar uma liderança dupla. Mas afinal, só há um líder: o australiano.

O eterno fiel escudeiro de Chris Froome libertou-se de vez das amarras e apareceu muito bem na Volta a França. Aliás, chegou a andar ao lado do seu antigo companheiro e claro que não se livrou das “bocas” que estaria a ajudar o britânico… Entre alguns azares e também falta de equipa para o ajudar, Porte acabou por não conseguir chegar pelo menos ao pódio, mas o quinto lugar é certamente motivador e a BMC percebeu que foi novamente na Austrália que encontrou o sucessor de Cadel Evans, vencedor da Volta a França em 2011.

Quanto a Tejay van Garderen está com o crédito a esgotar-se a uma velocidade assustadora. Tem apenas 28 anos e margem para progredir, mas será um dos ciclistas sobre pressão para produzir resultados, pois já não é visto como um jovem talento, agora tem de demonstrar a sua qualidade com bons resultados. E rápido.

Uma palavra ainda para Rohan Dennis. O australiano pode não ser o ganhador nato, mas época após época confirma que é um ciclista de futuro, um excelente contra-relogista, mas não só. Aos 26 anos é possível que a BMC comece a explorar mais as características de Dennis e é certamente um dos ciclistas a ter em atenção em 2017.

O final de temporada acabou por não ser perfeito, pois a equipa não conseguiu voltar a sagrar-se campeã do mundo de contra-relógio. Defendia o título em Doha, mas desta feita foi a Etixx-QuickStep a mais forte, com a BMC a ficar com a medalha de prata.



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