A BMC irá defender o título conquistado em 2015 (Fotografia: Team Sky) |
A incursão do dinheiro oriundo do Médio Oriente tem sido uma realidade em vários desportos. A crise na Europa apenas agravou a situação, obrigando muitas vezes os organismos que regem as modalidades a tomar decisões com base mais económica do que propriamente desportiva. O ciclismo não foge à regra. Nos últimos anos, os "petrodólares" começaram a conseguir levar equipas do World Tour até à Volta ao Qatar e à Volta a Abu Dhabi e para o ano estarão lá todas, pois ambas as competições vão fazer parte do calendário do escalão principal. Mas esta influência chegou ao ponto da UCI escolher o Qatar como palco dos Mundiais, não se importando de realizar as competições mais tarde do que o normal (de 9 a 16 de Outubro), devido às elevadas temperaturas, prolongando uma temporada por si só já extensa.
A escolha não foi pacífica, ainda que bastante menos polémica que a realização do Campeonato do Mundo de futebol em 2022. Ainda assim, os problemas acabaram por surgir na forma de uma revolta das equipas do World Tour e com o apoio da Associação Internacional de Grupos Ciclistas Profissionais. As formações alegaram um abuso de poder por parte da UCI por serem obrigadas a terem de competir na prova de contra-relógio, num país que obriga a uma logística mais complicada e principalmente muito dispendiosa.
Rapidamente, os questões levantadas por muitos relativamente às condições que irão encontrar - temperaturas a rondar os 40 graus - ficaram, para já, em segundo plano. A ameaça de boicote encostou a UCI à parede e o organismo optou por uma posição mais pacificadora, evitando mais um braço-de-ferro: a presença no contra-relógio por equipas não será obrigatória e não haverá pontos para o ranking. O site Cycling News avança ainda que a UCI disponibilizou-se a dar a cada equipa dois mil euros para ajudar nas despesas.
Dez equipas do World Tour irão estar presentes, mas os dois mil euros não foram certamente a razão que as levou a decidir não boicotar os Mundiais. A Lotto Soudal refere que para participar no contra-relógio nos Mundiais do Qatar seria necessário gastar entre 40 a 50 mil euros! A equipa belga agradece a decisão de não ser obrigada a ir, pois assim não entra em guerra com a UCI. Não irá viajar até ao Médio Oriente.
O director da Lotto Soudal, Marc Sergeant, explicou ao Cycling News que financeiramente não seria compensador, pois a exposição mediática será relativa para os patrocinadores, ainda mais quando a equipa apenas iria provavelmente ficar entre a sexta e décima posição. Não havendo pontos em disputa, também não se coloca a questão de ter de defender a posição no ranking (nesta momento é 12ª classificada entre as 18 equipas do World Tour).
Por confirmar estão ainda as presenças das equipas Profissionais Continentais. A UCI acredita que estarão presentes. Quanto às Continentais, a W52-FC Porto não deverá competir, precisamente porque viajar para o Qatar é um pouco de mais para o orçamento da formação portuguesa.
Do World Tour são esperadas no Qatar a BMC (campeã do mundo em título), a Sky, Movistar, Orica-BikeExchange, Giant-Alpecin, Katusha, Etixx-QuickStep, AG2R, Astana e a Lotto-Jumbo.
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