A Colnago vai fornecer as bicicletas ao projecto chinês (Fotografia: (Twitter: Colnago) |
Aos poucos Giuseppe Saronni vai abrindo o livro sobre o novo projecto TJ Sport, sucessor da Lampre-Merida. Basicamente a nova equipa - e a primeira chinesa no World Tour - só tinha garantido Rui Costa e Diego Ulissi para 2017, mas agora já tem bicicletas e fabricante de equipamentos.
Apesar da nacionalidade chinesa, a base será em Itália, as bicicletas serão da marca transalpina Colnago e a Champion System vai produzir os equipamentos e toda a roupa desportiva da equipa. A empresa com base em Hong Kong teve um papel importante nas negociações entre a TJ Sport e Saronni. A Lampre, um nome que há anos está no ciclismo, vai manter-se como segundo patrocinador, mas falta conhecer o principal, pois a empresa de consultadoria está tentar juntar mais patrocinadores.
A parte logística parece começar a ganhar forma, segundo as declarações de Giuseppe Saronni à Gazzetta dello Sport. Quanto a quem dirige também não restam dúvidas: será Saronni e a sua empresa CGS Cycling, mas com uma licença chinesa. Agora faltam ciclistas. Rui Costa e Diego Ulissi estão garantidos e com estatuto de líderes. Persiste a dúvida se os atletas com contrato com a Lampre-Merida passam para a nova equipa. Em teoria sim, mas na prática nada está confirmado. Saronni garante que os contratos são para cumprir, já que o que foi vendida foi a licença e não a equipa - o que garantirá o lugar no World Tour -, mas os ciclistas têm mantido um silêncio incomodativo.
É que em causa estão nomes como Louis Meintjes e Sacha Modolo, dois ciclistas que a nova equipa quer certamente contar. No primeiro caso falamos de um talento sul-africano de 24 anos, que foi oitavo na Volta a França, sétimo nos Jogos Olímpicos e soma vários bons resultados como sub-23. Já Modolo é um dos principais sprinters italianos, ainda que 2016 esteja a ser um ano muito aquém do esperado para o ciclista de 29 anos. Apesar dos seus 36 anos, o polaco Przemyslaw Niemiec também deverá ser um dos corredores que a equipa quererá ver continuar, assim como o sprinter Davide Cimolai. Mas para já, persistem as dúvidas. Rui Costa e Diego Ulissi aguardam por colegas para 2017.
Com a futura Bora-Hansgrohe e a nova Bahrain-Merida a controlarem grande parte do mercado de transferências, cresce a curiosidade para perceber que tipo de equipa a TJ Sport vai construir. A formação já perdeu o director desportivo Brent Copeland para a Bahrain-Merida... assim como as bicicletas, temendo-se que alguns ciclistas possam seguir Copeland, como já aconteceu com o jovem esloveno Luka Pibernik (22 anos).
A Lampre-Merida tem sido das equipas mais fracas nos últimos anos no World Tour, somando 17 vitórias em 2016, apenas quatro ao nível World Tour, ainda que três em grandes voltas: duas no Giro (Diego Ulissi) e uma na Vuelta (Valerio Conti). Há muito que se pediam mudanças. Elas vão acontecer, mas com o sacrifício de ver a única equipa italiana no principal escalão desaparecer, já que passará a ser chinesa. "Infelizmente era inevitável que um dia não houvessem equipas italianas no World Tour. Eu tenho dito isso nos últimos cinco anos. Não existem empresas italianas suficientes dispostas a investir o dinheiro necessário, por várias razões", salientou Saronni. O responsável acrescentou que devido a essa falta de investimento foi necessário "utilizar recursos de outro lado para ajudar o ciclismo italiano".
O compromisso chinês e a luta pelo patrocinador principal
Giuseppe Saronni (à esq.) na apresentação do novo projecto
(Fotografia: TJ Sport)
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Irá ficar com o controlo da equipa, como sempre, no entanto, haverá compromissos a cumprir com o patrocinador chinês nomeadamente no desenvolvimento do ciclismo no país asiático, não só a desportivamente, mas também a nível social.
Saronni destacou ainda que a TJ Sport está a trabalhar para juntar patrocinadores e, por isso, desconhece-se quem será o principal. A empresa comprou a licença, mas com o objectivo de reunir fundos para suportar a equipa. "Em 20 dias eles conseguiram 120 milhões de euros", afirmou o italiano, com várias marcas importantes a interessarem-se por um eventual envolvimento no conjunto agora chinês.
De recordar que Giuseppe Saronni foi dos principais ciclistas italianos no final dos anos 70 e na década de 80. Venceu duas Voltas a Itália e 24 etapas. Conquistou ainda dois monumentos: Milano-San Remo e Giro di Lombardia. Foi ainda campeão do mundo em 1982, numa prova ainda hoje recordada pelo super sprint que o italiano fez para bater Greg LeMond. Terminou a carreira em 1990.
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