É a discussão do dia, passada que está a euforia do espectáculo dado por Nairo Quintana e Alberto Contador. Mais de 90 ciclistas chegaram na etapa de domingo fora do tempo limite, a maioria 22 minutos depois da marca estabelecida para aquele dia. A organização naturalmente não gostou, pois a situação criou um problema: repescar todos ou cumprir os regulamentos e deixar a Volta a Espanha com 71 ciclistas?
Primeiro: os regulamentos são para se cumprir. Segundo: no ciclismo existe muito a tendência a arranjar forma de os contornar. Não é preciso ir muito longe, pois recuando à Volta a França, quando Chris Froome ficou a pé no Mont Ventoux deveria ter perdido tempo, mas a organização arranjou maneira de o britânico não ser penalizado, basicamente fazendo uma mea-culpa sobre o sucedido, salvando assim o ciclista. Naquele dia foi a forma de repor alguma verdade desportiva, já o caso da Vuelta, a decisão é económica.
Estamos a falar de uma das três grandes voltas. Estamos a falar de uma competição que nos últimos anos tem ganho cada vez mais relevância entre os principais nomes do pelotão. Estamos a falar de uma competição e de uma modalidade que precisa de muito dinheiro para sobreviver.
Respeitar os regulamentos teria resultado em toda a Direct Energie ir para casa, a Sky ficar apenas com Chris Froome e muitas outras equipas ficariam representadas com dois/três corredores. Ou seja, algumas nem para a classificação por equipas contariam. Se no Tour naquela decisão pesou o facto do envolvido ser Froome e de ser a Sky a afectada, neste caso da Vuelta, tal não teve influência, por si só.
Com apenas 71 ciclistas em prova, em causa estaria principalmente os patrocinadores que se veriam os seus investimentos não serem rentabilizados em publicidade numa das maiores provas do ano. A própria Volta a Espanha poderia sofrer com essa situação, pois temos de perceber toda a máquina económica que rodeia uma prova como esta, dependente de dinheiro de quem investe.
Não é inédito ciclistas serem repescados, principalmente quando se fala de se ter falhado o tempo limite por poucos minutos, ou também por ser alguém importante do pelotão (quantos sprinters já foram "salvos"?). Já nesses momentos as decisões acabam sempre por ser um pouco polémicas. Uns são excluídos, outros não.
O pior desta questão na Vuelta é que os ciclistas chegaram a quase 54 minutos do líder Gianluca Brambilla, ou seja, 22 minutos além do tempo limite, alguns um pouco menos. Isto significa que vieram num ritmo quase menos 10 km/hora que a fuga de Quintana e Contador. Ritmo calmo, que lhes permitiu descansar um pouco (há quem tenha integrado a fuga de segunda-feira). Foi no mínimo uma falta de respeito para quem levou a etapa a sério do primeiro ao último quilómetro, enquanto muitos decidiram passear. Mesmo para quem gosta da modalidade, é desrespeitoso ver ciclistas, muitos deles importantes, terem uma atitude destas.
O pelotão ficou dividido quanto à decisão, mas até houve quem estava no tal grupo de 90 que considerou que o regulamento deveria ter sido cumprido, caso de Alexandre Geniez (FDJ). Tiago Machado (Katusha), José Mendes (Bora-Argon 18), Mário Costa (Lampre-Merida) já não estariam em prova se a decisão tivesse sido outra.
Fica aberto o precedente. Talvez só se voltar a acontecer se perceberá as consequências desta decisão, pois afinal, o regulamento existe... mas não é para todos, nem para todas as situações...
Primeiro: os regulamentos são para se cumprir. Segundo: no ciclismo existe muito a tendência a arranjar forma de os contornar. Não é preciso ir muito longe, pois recuando à Volta a França, quando Chris Froome ficou a pé no Mont Ventoux deveria ter perdido tempo, mas a organização arranjou maneira de o britânico não ser penalizado, basicamente fazendo uma mea-culpa sobre o sucedido, salvando assim o ciclista. Naquele dia foi a forma de repor alguma verdade desportiva, já o caso da Vuelta, a decisão é económica.
Estamos a falar de uma das três grandes voltas. Estamos a falar de uma competição que nos últimos anos tem ganho cada vez mais relevância entre os principais nomes do pelotão. Estamos a falar de uma competição e de uma modalidade que precisa de muito dinheiro para sobreviver.
Respeitar os regulamentos teria resultado em toda a Direct Energie ir para casa, a Sky ficar apenas com Chris Froome e muitas outras equipas ficariam representadas com dois/três corredores. Ou seja, algumas nem para a classificação por equipas contariam. Se no Tour naquela decisão pesou o facto do envolvido ser Froome e de ser a Sky a afectada, neste caso da Vuelta, tal não teve influência, por si só.
Com apenas 71 ciclistas em prova, em causa estaria principalmente os patrocinadores que se veriam os seus investimentos não serem rentabilizados em publicidade numa das maiores provas do ano. A própria Volta a Espanha poderia sofrer com essa situação, pois temos de perceber toda a máquina económica que rodeia uma prova como esta, dependente de dinheiro de quem investe.
Não é inédito ciclistas serem repescados, principalmente quando se fala de se ter falhado o tempo limite por poucos minutos, ou também por ser alguém importante do pelotão (quantos sprinters já foram "salvos"?). Já nesses momentos as decisões acabam sempre por ser um pouco polémicas. Uns são excluídos, outros não.
O pior desta questão na Vuelta é que os ciclistas chegaram a quase 54 minutos do líder Gianluca Brambilla, ou seja, 22 minutos além do tempo limite, alguns um pouco menos. Isto significa que vieram num ritmo quase menos 10 km/hora que a fuga de Quintana e Contador. Ritmo calmo, que lhes permitiu descansar um pouco (há quem tenha integrado a fuga de segunda-feira). Foi no mínimo uma falta de respeito para quem levou a etapa a sério do primeiro ao último quilómetro, enquanto muitos decidiram passear. Mesmo para quem gosta da modalidade, é desrespeitoso ver ciclistas, muitos deles importantes, terem uma atitude destas.
O pelotão ficou dividido quanto à decisão, mas até houve quem estava no tal grupo de 90 que considerou que o regulamento deveria ter sido cumprido, caso de Alexandre Geniez (FDJ). Tiago Machado (Katusha), José Mendes (Bora-Argon 18), Mário Costa (Lampre-Merida) já não estariam em prova se a decisão tivesse sido outra.
Fica aberto o precedente. Talvez só se voltar a acontecer se perceberá as consequências desta decisão, pois afinal, o regulamento existe... mas não é para todos, nem para todas as situações...
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