A W52-FC Porto dominou a Volta a Portugal e já pensa noutros objectivos (Fotografia: Volta a Portugal) |
Tão rapidamente se recebe uma excelente notícia, que poderia confirmar indicações de um crescimento do ciclismo nacional, como logo aparece outra que nos recorda a difícil realidade desta modalidade. Por um lado temos uma W52-FC Porto a ambicionar subir de escalão, para o Profissional Continental, mas por outro Portugal prepara-se para perder uma equipa que há muito pertence ao pelotão nacional: a LA Alumínios-Antarte.
Mas vamos começar pela boa notícia. O regresso do FC Porto e do Sporting este ano ao ciclismo deram um novo alento à modalidade, desde, claro, que seja para ficar e não para abandonar rapidamente os projectos. Os portistas aliaram-se à melhor equipa nacional - que foi inicialmente sondada pelos leões - e sabiam bem que estavam a juntar mais um condimento a uma receita de sucesso.
A W52-FC Porto tem desde 2013 dominado o panorama nacional, como comprovam as vitórias na Volta a Portugal. Começou como OFM/Quinta da Lixa, passou a W52/Quinta da Lixa, até que este ano chegou um patrocinador que parece mesmo ser de peso e não apenas para reaparecer no ciclismo, para rapidamente sair, como tem acontecido com alguns clubes de futebol.
Com o comprometimento do FC Porto e com mais quatro anos de contrato, o discurso do director desporto, Nuno Ribeiro, deixa antever que Portugal poderá ganhar destaque também a nível de equipas, depois de nos últimos anos ter tido tantos ciclistas a entrar em alguns dos melhores conjuntos mundiais, além, claro de ter um campeão do mundo, Rui Costa. Ter uma equipa nacional no segundo escalão mundial abre muitas portas, nomeadamente a do World Tour, pois a equipa poderá assim ser convidada para algumas das provas do principal escalão, inclusivamente uma Volta a Espanha, por exemplo.
Mas até lá haverá muito trabalho a fazer, se realmente a W52-FC Porto quiser dar este passo importante. E Nuno Ribeiro é o primeiro a resfriar algum entusiasmo antecipado: é preciso orçamento, que poderá ter de rondar o milhão de euros. Claro que estaremos também a falar de um calendário diferente, que irá obrigar a equipa a fazer mais uma ou outra contratação, porque de pouco vale subir de escalão, se não for para ser competitiva.
É de facto uma grande notícia, depois de anos a ver o ciclismo português a viver em aflição e muito às custas de alguns empresários que realmente gostam da modalidade e vêem nela o potencial publicitário, principalmente na Volta a Portugal, claro. Agora o país poderá ter um conjunto no segundo escalão.
Porém, tão rápido se subiu às nuvens com o que parecia ser um futuro risonho como se caiu com estrondo. A LA Alumínios-Antarte, uma das equipas já com muitos anos de pelotão nacional, vai fechar as portas devido ao receio que se possa estar a regressar a um passado sombrio.
"A verdade é que, actualmente, o responsável da LA-Antarte teme que o ciclismo esteja a caminhar para novos escândalos, como os ocorridos em 2008, quando se registou a intervenção e buscas da Polícia Judiciária. Mário Rocha lembra ainda que no caso de 2009, a Liberty Seguros acabou por retirar o seu apoio à equipa, após a descoberta de três escândalos de doping, incluindo o vencedor da Volta a Portugal", lê-se no comunicado da equipa, segundo o Sapo Desporto. Mário Rocha refere-se a Nuno Ribeiro, o actual director desportivo da W52-FC Porto. “Estão em causa valores como o rigor e a disciplina que devem, além da obrigatória verdade desportiva, nortear a modalidade", refere a nota.
Hugo Sancho venceu em Mortágua, mas ele e os colegas terão começar a procurar equipa para 2017 (Fotografia: Facebook LA Alumínios-Antarte) |
A opção apanha todos de surpresa, ainda mais quando se olha para uma LA que contratou este ano Alejandro Marque, vencedor da Volta a Portugal em 2013, e conta ainda com uma das grandes promessas nacionais Amaro Antunes. Principalmente volta a levantar suspeitas, quando precisamente desde aquele ano que o ciclismo em Portugal tem tentado limpar a sua imagem, que ficou bastante melindrada, pois naquela altura a Liberty Seguros era uma equipa com alguma projecção internacional.
Das suspeitas esta modalidade nunca se há-de livrar, mas este comentário de Mário Rocha deixa desde logo algum mal-estar. No entanto, não havendo casos comprovados, para já há apenas que lamentar que a LA Alumínios-Antarte tome uma decisão tão radical, tendo em conta a importância que tem no pelotão. Ainda assim, parece que os seus ciclistas vão lutar até ao fim, pois Hugo Sancho - ele que foi expulso da Volta a Portugal por se ter agarrado a um carro - venceu o Grande Prémio de Mortágua, no sábado.
Com este final da LA, o mercado em Portugal vai ficar bem mexido, com vários ciclistas livres e à procura de equipa, sendo que o futuro de Amaro Antunes é dos que mais curiosidade gera.
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