(Fotografias: Facebook de André Greipel e Marcel Kittel) |
"Seria contraproducente ter dois capitães", avisou André Greipel, em declarações a uma agência de notícias alemã, citadas pelo Cycling News. Não é difícil perceber que Greipel não aceita ter de trabalhar para Marcel Kittel, como não é complicado calcular que Kittel também não estará muito na disposição de ajudar Greipel. E menos mal que John Degenkolb não está ainda na melhor forma, porque senão seria mais um para juntar à confusão... se é que isso não vai acontecer na mesma...
Mas, para já, perante os resultados em 2016, Greipel e Kittel são aqueles que podem candidatar-se a lugar de líder da Alemanha. Começando pelo experiente André Greipel (Lotto Soudal), aos 34 anos é um dos mais fortes sprinters no pelotão e tem nove vitórias este ano para o comprovar. Desses triunfos destaca-se os três na Volta a Itália e o na última etapa do Tour, nos Campos Elísios. No frente-a-frente com Kittel pelo título de campeão alemão, foi Greipel quem venceu.
Marcel Kittel (28 anos, Etixx-QuickStep) regressou este ano ao seu melhor, depois de um 2015 para esquecer devido a um vírus. Soma dez vitórias, das quais salienta-se as duas no Giro - que lhe valeram a camisola rosa por um dia - e também conquistou uma etapa na Volta a França. A estes triunfos junta-se a conquista da geral e da classificação por pontos na Volta ao Dubai logo no início do ano e também foi primeiro nos pontos na Volta ao Algarve.
Em termos de dias em competição, Kittel tem 62 contra os 72 de Greipel, o que corresponde a 9853 quilómetros percorridos contra os 12.111 do "Gorila". Isto serve apenas como curiosidade, mas no que diz respeito a vitórias, não se pode dizer que exista algo que coloque um dos ciclistas em clara vantagem.
"É uma situação difícil para o Marcel e para mim. Nenhum de nós recebeu qualquer informação da federação alemã. O percurso no Qatar é bom para os dois, mas não deve ser subestimado: vão estar 40 graus, ventos fortes e são 260 quilómetros", realçou André Greipel.
A federação alemã já sabia que teria algum problema com esta questão de ter dois sprinters em forma, no entanto, as declarações de Greipel vêm colocar desde já uma pressão extra, ameaçando também o ambiente da equipa que for escolhida. Greipel foi durante algum tempo um homem de trabalho - Mark Cavendish deverá recordar-se - mas há muito que é um sprinter que já se colocou entre os melhores da história, como mostram as 21 vitórias divididas pelas três grandes Voltas, entre muitas outras, claro.
Marcel Kittel tem 11, mas é o homem do momento, considerado por muitos o melhor sprinter da actualidade, na eterna discussão da subjectividade. É, de facto, o sprinter que no início do ano parecia imbatível, mas que no Tour mostrou alguma debilidade. Voltará à acção este fim-de-semana na Clássica de Hamburgo, juntamente com André Greipel. Aliás, a maioria dos principais sprinters não vão à muito "inclinada" Volta a Espanha, optando por outras competições para preparar os Mundiais do Qatar.
A luta de titãs começou com palavras. Solução? Dois líderes poderá parecer o mais fácil, mas o próprio Greipel avisa que tal não deverá acontecer, pois sabe que enfraquecerá a equipa, numa luta com Inglaterra (agora que Cavendish renasceu) ou Itália ou França, por exemplo. A federação alemã tem um imbróglio em mãos, ainda que não seja o único - mais países têm de tomar decisões difíceis -, é sem dúvida o mais mediático.
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