14 de maio de 2016

Um novo protagonista e muito espectáculo

Brambilla teve dificuldades em acreditar que estava a vestir
a camisola rosa Beijou-a várias vezes
(Fotografia: Twitter @Etixx_QuickStep)
A Volta a Itália pode não ter os maiores nomes do pelotão internacional. Porém, está longe de ser o parente pobre das três grandes voltas. Há falta daqueles que apontam à Volta a França, o Giro compensa e muito no espectáculo que oferece. E como tem acontecido nos últimos anos, com oito etapas decorridas, não houve momentos aborrecidos e nem se prevêem, pois o que não faltam são candidatos à vitória, que vão muito além do trio considerado favorito - Vincenzo Nibali, Mikel Landa e Alejandro Valverde -, pois a concorrência é mesmo ameaçadora.

Este sábado esperava-se que fosse espectacular. E assim foi. Com uma subida quase toda em sterrato e com um Tom Dumoulin com uns segundos interessantes de vantagem um dia antes do contra-relógio, para o qual é favorito, basicamente estavam todos obrigados a tentar recuperar tempo. E realmente, todos o fizeram. Mas num espectáculo à parte, Gianluca Brambilla esteve na fuga do dia, acabou por ir sozinho no Alpe di Poti e não só venceu a etapa em Arezzo, como vestiu a camisola rosa, num momento sempre muito emocionante para um italiano. Entra em cena um novo protagonista.

Juntar a primeira vitória numa grande volta a maglia rosa foi algo inacreditável para Brambilla, o próprio o admitiu, mas foi também para quem acompanhava a etapa. O ciclista da Etixx-QuickStep era apontado como possível top dez no final do Giro e o resultado da oitava etapa confirma essa candidatura. Não é expectável que lute pela vitória e até é provável que este domingo perca a liderança, já que contra-relógios não são a sua especialidade, no entanto, a performance de Brambilla é desde já um dos grandes momentos do Giro 2016.


Gianluca Brambilla nuova Maglia Rosa - Tappa 8 por giroditalia

O trambolhão de Dumoulin vs um super Valverde

Todos atacaram. Liderados por um Valverde (Movistar), que até ao momento tinha andado discreto, o grupo, que pode muito bem ser o top dez final, não só isolou Dumoulin da equipa, como o deixou para trás, numa imagem penosa e que fez lembrar quando perdeu a liderança da Volta a Espanha.

No entanto, há uma grande diferença: em Setembro foi na penúltima etapa e agora até pode recuperar a camisola rosa já no contra-relógio, pois 1:05 que tem de desvantagem - e que o atirou para o 11º lugar - são possíveis de ser anulados. Porém, passou a mensagem que não está ainda preparado para lutar quando chegarem as principais montanhas do Giro e já não irá tentar alargar vantagem como quereria. Já só poderá aspirar a estar de rosa mais alguns dias e lutar por um lugar entre os dez primeiros.

Se perder a liderança pareceu rapidamente inevitável pouco depois de começar a subida, não se compreende porque a Giant-Alpecin - que não tem uma equipa que possa proteger o seu líder nas maiores dificuldades - não aproveitou o facto de ter Nikias Arndt na frente (mas já fora da discussão da etapa) e dizer ao alemão para esperar por Dumoulin que estava sozinho e a ver ciclistas passarem sem conseguir acompanhar ninguém. Só no início da descida finalmente houve junção entre os dois ciclistas. Demasiado tarde para tentar minimizar perdas.

Já Alejandro Valverde teve a ajuda dos dois colegas que estavam na frente, ainda que quase não precisava. O espanhol está bem fisicamente, pronto para discutir este Giro, o seu primeiro. A forma autoritária como liderou o grupo, que era composto por praticamente todos os que têm ambição, foi impressionante. Era fácil perceber que Valverde indicava que ou o seguiam ou ficariam mesmo para trás. E Mikel Landa (Sky) voltou a assustar, mas lá recolou. Porém, convence cada vez menos. Nibali (Astana) agarrou-se a Valverde, ainda tentou passar pela frente, mas percebeu que o melhor era seguir o espanhol.

Equipas belgas a dominar

Nesta primeira semana de Giro o domínio é belga. A Etixx-QuickStep e a Lotto Soudal estão empatadas em vitórias e também se destacam nas discussões das camisolas. Os seus sprinters não dão hipótese: Marcel Kittel e André Greipel dividem os triunfos neste tipo de etapas com duas vitórias para cada um. Depois os seus homens para a geral também já se mostraram. Tim Wellens e Gianluca Brambilla triunfaram em duas fugas tacticamente perfeitas.

Quanto às camisolas, as equipas disputam a dos pontos - Greipel tirou-a a Kittel -, a Lotto Soudal tem a da montanha, mas a Etixx já teve Kittel de rosa e agora tem Brambilla. Mesmo que não seja para durar, é sempre um marco.

Depois de uma época de clássicas que não correu como o desejado, este domínio no Giro é muito bem-vindo.

A Lampre-Merida, com Diego Ulissi, e a Giant-Alpecin, com Tom Dumoulin, são as equipas que quebram a hegemonia belga.


Stage 8 - Highlights por giroditalia

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