10 de maio de 2016

Afinal Dumoulin está na luta pela geral

(Fotografia: Twitter @GiantAlpecin)
Ter a equipa a trabalhar já levantava suspeitas que a Giant-Alpecin queria a camisola rosa de volta. Ver Tom Dumoulin a acelerar para tentar afastar-se do grupo de favoritos deixava mais uma certeza: o holandês da Giant-Alpecin não está no Giro só para os contra-relógios. Dumoulin recuperou a camisola rosa, perdida no domingo para o antigo colega Marcel Kittel, e, mais importante, mostrou que é mais um nome a ter em conta para a geral.

Perante a exibição, Dumoulin resolveu dizer que afinal as suas palavras tinham sido mal interpretadas. "Talvez não esteja a dizer bem ou ninguém está a entender correctamente. O que disse foi que me tinha preparado para os contra-relógios. Não fiz treino de altitude. Por isso, penso que o meu nível nas montanhas não será suficiente bom para competir. Foi o que eu disse", explicou o holandês, acrescentando que espera estar na corrida após semana e meia do Giro, para depois ver o que poderá fazer quando chegar a alta montanha. Certamente que a vitória logo na primeira etapa retirou pressão a Dumoulin. Um dos seus objectivos ficou cumprido e ter-lhe-á dado uma dose extra de confiança estar de rosa.

Recuperando as afirmações de Dumoulin antes do Giro quando questionado sobre se estaria na luta pela geral: "Vou estar concentrado principalmente nos contra-relógios da etapa 1 e 9." Recuando a Setembro do ano passado, Dumoulin também estava "principalmente concentrado" nos contra-relógios da Vuelta e depois fez Fabio Aru (Astana) suar e só perdeu a liderança na última etapa de montanha (terminou a Vuelta em sexto). Se realmente Dumoulin só estivesse interessado nos contra-relógios, certamente que teria feito companhia Fabian Cancellara, quer perdeu quase dez minutos.


A táctica da Vuelta volta a estar em prática. Começa por se afastar como favorito e depois vai ganhando tempo em etapas como a de hoje, neste caso favorecendo das bonificações. E se resistir de rosa até ao próximo contra-relógio - e é bem possível que o faça - pode até aumentar a vantagem. Não sendo um trepador da qualidade de Landa, Nibali ou Valverde, ao conquistar segundos aqui e ali, pode complicar as contas aos principais candidatos. Uma coisa parece certo, Dumoulin pouco tinha feito até ao Giro, mas surge em boa forma quando lhe era exigido que o fizesse. Pelo menos, volta a prometer emoção, tal como na Volta a Espanha.

Etapa dolorosa

Esta etapa doeu. Doeu bem mais do que a maioria esperava. Com duas subidas de terceira categoria e mais algumas dificuldades nos últimos 50 quilómetros - principalmente um pequeno muro já perto do fim - a quarta tirada do Giro ameaçou fazer mais estragos do que se esperava. Nesse tal muro, que chegou a ter 18% de inclinação, Mikel Landa (Sky) descolou um pouco do grupo de favoritos e a Astana de Vincenzo Nibali tentou tirar partido disso. O espanhol lá recuperou, mas não ganhou para o susto, admitindo que não foi o seu melhor dia.

Quem desiludiu foi Andrey Amador. O plano B da Movistar perdeu 43 segundos. Depois de no contra-relógio ter mostrado que podiam contar com ele, apesar de Alejandro Valverde ser o líder, esta terça-feira poderá ter-se colocado na posição de ter de definitivamente ajudar o espanhol, depois de há um ano ter ficado à porta do pódio no Giro.

Vitória à Ulissi e à Lampre

Antes do início da etapa, entre Catanzaro e Praia a Mare (200 quilómetros), Diego Ulissi disse que não era dia para ele. Tal como Dumoulin, foi apenas um bluff que era difícil de acreditar. Este tipo de dificuldades finais são precisamente as que Ulissi gosta para tentar fugir e ganhar etapas. Dito e feito. No muro de todas as dificuldades, o italiano da Lampre-Merida atacou e ninguém teve pernas para o acompanhar. Apesar do grupo de favoritos acelerar muitos nos últimos quilómetros, Ulissi não se deixou apanhar.

Para a Lampre também é uma vitória ao estilo da equipa. Trabalhou um pouco para tentar apanhar os fugitivos e depois deixou Ulissi fazer o resto... sozinho. Tal como no ano passado, a equipa italiana tenta rentabilizar as oportunidades na primeira semana. Com Sacha Modolo a ter um grande problema chamado Marcel Kittel, Ulissi terá a pressão de tentar mais algum triunfo para a Lampre.

Como curiosidade, na primeira etapa em Itália ganhou um italiano, enquanto na primeira tirada na Holanda, ganhou um holandês (Dumoulin).

Troca de camisolas para Kittel

Os sprinters não tiveram hipótese. Na teoria era possível, na prática o moral de ter a camisola rosa ainda fez Marcel Kittel esforçar-se para recuperar depois de ter perdido terreno na segunda subida de terceira categoria. Mas pouco depois de ter reentrado no grupo principal, não demorou muito a ficar para trás. Simplesmente não valia a pena o esforço e ainda há sprints a ter em conta, mesmo que não fique até final. Ficou sem rosa, mas regressou ao vermelho, pois continua a liderar nos pontos.

E a quinta etapa pode voltar a contar com um final ao sprint, apesar de ter tudo menos um terreno plano. Muito sobe e desce que dificulta as missões das equipas dos sprinters em levá-los ao final.



Stage 4 - Highlights por giroditalia

Confira os resultados da quarta etapa e as classificações.

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